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Austrália ou Turquia? ONU cobra decisão rápida sobre sede da COP31

A definição do país anfitrião da conferência climática da ONU em 2026 depende do consenso unânime dos 29 países do grupo regional, mas disputas políticas sugerem que pode se estender até Belém

Simon Stiell, secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas: "O atraso é prejudicial ao processo. Em negociações complexas como as da COP, a falta de clareza só gera tensões desnecessárias” (UN Photo/Cia Pak/Divulgação)

Simon Stiell, secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas: "O atraso é prejudicial ao processo. Em negociações complexas como as da COP, a falta de clareza só gera tensões desnecessárias” (UN Photo/Cia Pak/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 28 de julho de 2025 às 18h03.

Última atualização em 28 de julho de 2025 às 18h12.

O entrave entre Austrália e Turquia para sediar a 31º Conferência do Clima das Nações Unidas (COP31) em 2026 segue vivo a poucos meses das negociações em Belém do Pará, mas ganhou um novo capítulo com o pedido direto da ONU por uma "decisão imediata e rápida".

Simon Stiell, secretário executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, alertou nesta segunda-feira, 28, que o impasse está prejudicando os preparativos e foi enfático ao classificar o adiamento como "inútil e desnecessário".

As duas nações enviaram candidaturas formalmente em 2022, "mas desde então se recusaram a ceder espaço um ao outro” e a disputa política se intensifica, escreveu a Reuters. 

“Esse atraso é prejudicial ao processo. Em negociações complexas como as da COP, a falta de clareza só gera tensões desnecessárias”, destacou Simon. 

Tradicionalmente, o processo para escolher o anfitrião da grande conferência do clima segue o rodízio entre os cinco grupos regionais da ONU: África, América Latina e Caribe, Ásia e Pacífico, Europa Ocidental e outros, e Europa Oriental.

A escolha do Brasil como anfitrião de 2025 foi confirmada pelo grupo da América Latina e Caribe na COP28 de Dubai e agora é a vez da Europa Ocidental e Outros (WEOG).

A decisão depende da aprovação unânime dos 28 países membros e já era esperada na última COP29, em Baku, aumentando as expectativas de resoluções a portas fechadas. Mas não aconteceu e o impasse tem sido difícil e prolongado, possivelmente estendendo a definição para as vésperas da COP30, em Belém do Pará.

Com o atraso inicial, a ONU havia estabelecido o prazo de junho para que o grupo chegasse a um consenso e a possibilidade de acontecer durante a COP em Belém coloca em xeque o processo.

O secretário da ONU complementou que a tensão atrapalha o planejamento do maior evento de clima do mundo, que mobiliza milhares de delegados de 200 países e exige uma infraestrutura e logística efetiva. 

Enquanto a Austrália propõe uma "COP do Pacífico" com ênfase nos desafios climáticos que afetam estados insulares vulneráveis da região, a Turquia argumenta que sua localização no Mediterrâneo a aproxima dos últimos países-sedes da Cúpula e enfatiza que possui uma indústria de petróleo e gás menor.

Segundo o ministro australiano Chris Bowen, a Austrália tem amplo apoio com 23 dos 28 integrantes a favo de uma "COP do Pacífico" e destaca o avanço na transição para energias renováveis. Se o país for escolhido como sede, a probabilidade maior é que o evento seja na capital Sydney, mas há votos indicando outras possibilidades.

A exemplo do Reino Unido, membro influente do WEOG, que reiterou seu apoio a cidade australiana de Canberra e está fazendo uma pressão sobre a decisão.

A Turquia, por sua vez, mantém posição firme e ampliou esforços diplomáticos nas últimas negociações da Conferência de Bonn, se posicionando como nação estratégica do Mediterrâneo e alegando que pode reduzir emissões ligadas ao transporte por meio de fontes mais limpas.

Recentemente, autoridades turcas destacaram a cidade de "Antalya" para receber a conferência em vez de Istambul, por já ter sido sede de outras cúpulas como o G20 e da OTAN e ser um destino estratégico entre a Europa e a Ásia.

No G20 no Rio de Janeiro, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, reiterou que não retiraria sua candidatura e argumentou que ao contrário da Austrália "não era um grande exportador de combustíveis fósseis".

Por outro lado, representantes australianos afirmam já terem buscado entendimento direto com a Turquia, mas reforçam que apenas a retirada formal da candidatura turca pode destravar o processo.

“Temos os votos. Poderíamos ter todos os votos do mundo. Se a Turquia não se retirar, isso ainda será um desafio”, destacou o ministro Chris Bowen em entrevista ao The Conversation Politics Podcast.

ONU pressiona por metas mais ambiciosas

Não é só a escolha da sede que está sob pressão da ONU. Stiell também pediu publicamente que a Austrália apresente uma meta ambiciosa de redução de emissões para 2035 e acelere sua transição energética, sinalizando a investidores que o país está comprometido com a transição para uma economia de baixo carbono. Até agora, o país não entregou sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) e a promete até setembro.

Neste sentido, a Turquia também está atrasada com seu plano climático. Até então, apenas 27 nações (21%) das 197 divulgaram suas NDCs, segundo dados do Climate Watch Data.  

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