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Bacia de Santos sofre com a poluição de microplásticos, impacto para a economia e a biodiversidade

Região, que abriga um dos principais postos de petróleo do país, sofre com contaminação de sacolas, garrafas e cosméticos que contém plástico

O estudo analisou 30 amostras de água coletadas em sete pontos durante os verões e invernos de 2020 e 2021 (Pilar Olivares/Reuters)

O estudo analisou 30 amostras de água coletadas em sete pontos durante os verões e invernos de 2020 e 2021 (Pilar Olivares/Reuters)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 7 de maio de 2025 às 09h00.

As águas da Bacia de Santos, no litoral Sudeste do Brasil, estão contaminadas por microplásticos, partículas menores que 5 milímetros, com efeitos letais na biodiversidade marinha e possíveis riscos à saúde humana.

A constatação é de um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), publicado na revista Ocean and Coastal Research. A pesquisa revela a presença, forma, cor e tamanho dos resíduos em uma das regiões mais estratégicas para a produção de petróleo e gás no país.

Com uma área de aproximadamente 350 mil quilômetros quadrados, a Bacia de Santos abrange os litorais dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Além de ser um ponto crucial para a indústria petrolífera, a região possui uma alta biodiversidade marinha, o que a torna ainda mais vulnerável à poluição.

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O estudo analisou 30 amostras de água coletadas em sete pontos durante os verões e invernos de 2020 e 2021, e todas apresentaram algum grau de contaminação por microplásticos. Ao todo, 1.006 partículas foram identificadas, sendo a maior parte composta por fragmentos rígidos (51,8%), seguidos por filmes (24%) e fibras (16,4%).

Os resíduos encontrados vêm principalmente de embalagens plásticas, como sacolas, garrafas e recipientes de uso diário, além de possíveis resquícios de cosméticos.

Poluição por microplásticos

O estudo mostra que os níveis de microplásticos na Bacia de Santos são comparáveis aos de outras regiões do Oceano Atlântico, incluindo áreas sem exploração de petróleo, como trechos da costa brasileira, Portugal e China.

Apesar da proximidade com plataformas fixas e tráfego marítimo intenso, não foi encontrada diferença estatística entre os pontos analisados. Isso sugere que fatores oceanográficos — como ventos, correntes, ondas e chuvas — têm um papel mais significativo na dispersão dessas partículas do que as atividades industriais.

A pesquisadora Gisele Lôbo-Hajdu, uma das autoras da pesquisa, alerta para os impactos da contaminação, que vão além do ambiente marinho. "A alta incidência de fragmentos de microplástico pode afetar a pesca local, contaminando frutos-do-mar e peixes, o que pode gerar perdas econômicas e riscos à saúde pública", afirma.

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Ela também destaca o possível impacto no turismo e na degradação dos habitats marinhos, como recifes de corais e manguezais, que, a longo prazo, podem perder resiliência ecológica.

Com base nos resultados, os autores sugerem que o estudo pode embasar políticas públicas para controlar a poluição marinha, fortalecer áreas de proteção ambiental e promover campanhas de conscientização sobre o descarte inadequado de resíduos.

A pesquisa também reforça a necessidade de um monitoramento contínuo da região e da regulação mais rigorosa das atividades industriais em áreas sensíveis do ponto de vista ecológico.

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