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Brasil ganha primeira embalagem de café voltada para reciclagem

Uma parceria da gigante química Dow e Valgroup desenvolveu uma solução que utiliza apenas um material e quer ser modelo sustentável replicável para outros setores

Cerca de 40% das embalagens no varejo são de 500g e 60% de 250g, resultando em aproximadamente 3,3 bilhões de resíduos gerados por ano (Ricardo Mendoza Garbayo/Getty Images)

Cerca de 40% das embalagens no varejo são de 500g e 60% de 250g, resultando em aproximadamente 3,3 bilhões de resíduos gerados por ano (Ricardo Mendoza Garbayo/Getty Images)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 20 de julho de 2025 às 08h00.

O tradicional cafézinho está na casa dos brasileiros, mas o que muitos não sabem é que por trás do grão há uma embalagem composta por vários materiais de difícil reciclagem. 

O mercado que movimentou R$ 36,8 bilhões em 2024 acaba de ganhar uma inovação que pode transformar o impacto ambiental do setor: a primeira embalagem de café desenvolvida especificamente para ser reciclável no país.

A solução é resultado de uma parceria articulada pelo Movimento Circular da América Latina, que conectou as empresas Dow e Valgroup, responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia, com a Catarina Café e Amor, marca premium de torrefação que se tornou pioneira na adoção em seu portfólio. 

embalagem sustentável de café

Embalagem é adotada pela Catarina Café e Amor (Reprodução)

Os dados do setor revelam a dimensão do desafio enfrentado pela indústria cafeeira: o Brasil, maior produtor e consumidor mundial de café, transforma cerca de 80% de sua produção total em torrado e moído -- o equivalente a mais de 1 bilhão de quilos por ano.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), 40% das embalagens no varejo são de 500g e 60% de 250g, resultando em aproximadamente 3,3 bilhões de resíduos gerados por ano.

O número representa mais de uma embalagem por mês por habitante, com a maioria tendo como destino aterros sanitários ou os mais de 3 mil lixões a céu aberto ainda existentes no país.

Tecnologia para a circularidade

Batizada de "O1NE", a solução foi desenvolvida por meio do Pack Studios, centro global de inovação em embalagens da gigante química Dow, que ofereceu expertise em design técnico para acelerar o desenvolvimento junto à Valgroup.

O produto utiliza resinas de alto desempenho e é 'monomaterial', por ser composta de um único tipo de material, combinando barreira funcional contra umidade e oxigênio, alta resistência mecânica e apelo visual e sem comprometer a performance. Segundo os idealizadores, a soma destas características facilitam a reciclabilidade.

"É o primeiro modelo pensado desde a concepção para possibilitar a circularidade, onde a ciência de materiais oferece uma resposta concreta à demanda por sustentabilidade", destacou Vinicius Saraceni, diretor-geral do Movimento Circular.

Segundo o executivo, a iniciativa também demonstra como diferentes setores podem se unir para criar soluções sustentáveis e acessíveis. "Esta embalagem representa mais do que um avanço técnico: é um convite para repensarmos o ciclo de vida dos produtos que consumimos", complementou.

Expansão em escala

Leticia Vanzetto, Gerente de Desenvolvimento de Mercado para Embalagens da Dow, vê na inovação um potencial transformador que pode se estender além do setor cafeeiro.

"Queremos inspirar outros segmentos a seguir o mesmo caminho. A tecnologia é escalável e adaptável a diferentes setores, como alimentos, cosméticos e limpeza. Há potencial para redefinir os padrões de sustentabilidade da indústria de embalagens", disse.

Para João Alves, gerente de Inovação da Valgroup, há um pioneirismo da Catarina Café e Amor no projeto, ao mostrar que a mudança depende de ousadia com responsabilidade.

"A marca entendeu o desafio e abriu as portas para colocarmos no mercado o que muitas grandes empresas se mostraram mais conservadoras. Esse movimento é fundamental para que possamos reduzir o impacto ambiental dos consumidores", frisou.

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