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Brasil registra 17.943 queimadas em agosto, menor número desde 1998

Ministério do Meio Ambiente amplia medidas com aeronaves, viaturas e recursos do Fundo Amazônia para prevenção e combate

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 1 de setembro de 2025 às 06h57.

O número de queimadas registradas em agosto de 2025 foi o menor de toda a série histórica para o mês. Desde 1998, quando se iniciou o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), jamais houve um resultado tão baixo quanto agora. Segundo especialistas, o número é consequência de um alívio climático após anos de secas extraordinárias, e também da melhora de ações preventivas do governo.

No mês que se encerrou neste domingo (31), houve registro de 17.943 focos de queimada no sistema do Inpe. O valor é 62% menor que a média histórica para os meses de agosto (47.348) e 16% menos que o recorde anterior (21.410 em 2013). Assim, é a primeira vez que a estatística fica abaixo dos 20 mil.

A notícia é positiva porque agosto costuma ser período de seca em boa parte do país, como no Centro-Oeste e na Amazônia. Mas setembro é um mês em que há ainda menos chuvas, e, por isso, o presidente Lula realizou uma reunião com governadores de estados da Amazônia, Pantanal e Cerrado para tratar do combate aos incêndios.

Quantidade de queimadas em agosto

  • Média para meses de agosto: 47.348
  • 2025: 17.943
  • 2024: 68.635
  • 2023: 28.054
  • 2022: 47.507
  • 2021: 51.711
  • 2020: 50.694
  • 2013: 21.410 (recorde anterior)

No acumulado do ano, houve 47.531 queimadas no Brasil. Diferentemente do que tradicionalmente acontece, considerando o tamanho das respectivas florestas, o Cerrado foi o bioma com maior número de focos (48%), enquanto a Amazônia teve apenas 22% dos registros. O Pantanal, que sofreu em anos recentes, teve apenas 173 focos de calor no ano.

Mais ações preventivas

Em fevereiro, o Ministério do Meio Ambiente antecipou em dois meses a edição de uma portaria que, anualmente, identifica os locais mais vulneráveis ao fogo e seus períodos de risco, viabilizando a contratação de brigadistas contra queimadas.

Quando a medida foi anunciada, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, alertou que uma das principais dificuldades no enfrentamento ao fogo é a articulação com estados e municípios para as ações de prevenção.

Ampliação de medidas

A professora de ecologia da UnB e pesquisadora da Rede Biota Cerrado, Isabel Schmidt, avalia que os esforços recentes só terão resultados concretos se houver continuidade nas ações e ampliação das medidas de prevenção em políticas estaduais e municipais. Ela lembra que os territórios protegidos pela União correspondem a apenas cerca de 10% da extensão do país.

"Temos agora mais equipamentos e recursos do que no ano passado. Mas o desafio é expandir o manejo integrado do fogo para além das áreas federais. Há muito caminho ainda a percorrer, principalmente nas áreas estaduais e privadas, que são a maior parte. O governo federal está fazendo seu papel de empurrar isso, mas, como qualquer coisa ambiental, o resultado não necessariamente vem imediatamente", disse Schmidt.

A estratégia alinhada pelo Ministério do Meio Ambiente prevê medidas de prevenção e enfrentamento. A pasta dispõe de 11 aeronaves para brigadistas, o que ampliou em mais de 70% a capacidade de transporte e aumentou em mais de 100% a capacidade de lançamento de água. Há também mais de 800 viaturas para operação.

Além disso, o Fundo Amazônia vai destinar R$ 150 milhões para ações de prevenção e combate a incêndios no Cerrado e Pantanal. Os recursos, pela primeira vez usados em biomas diferentes da Amazônia, servirão para o projeto Manejo Integrado do Fogo e a compra de equipamentos como drones e caminhonetes para as áreas mais vulneráveis.

A diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, também destaca a necessidade de atuação de prefeitos.

"O engajamento dos prefeitos e municípios nessa agenda é fundamental. O fogo acontece no território e tem que ter solução no território", explica.

As especialistas consideram a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, sancionada em julho do ano passado, e o alívio climático após um forte El Niño os dois principais fatores para a queda dos focos de calor em 2025. Alencar acrescenta ainda o aumento da fiscalização e um possível trauma entre pequenos agricultores, que, assustados com as queimas do ano passado, podem ter evitado o uso do fogo agora em suas propriedades.

O manejo integrado do fogo é um conceito que utiliza o próprio fogo como ferramenta para impedir incêndios futuros. Isso significa, por exemplo, queimar, de forma controlada, áreas muito secas, que podem servir como combustível para grandes incêndios. No Cerrado, por exemplo, por sua característica de savana, há grande presença de capim e gramas, por isso é um bioma que tradicionalmente convive com queimadas. A política deu regras e ferramentas a esse manejo. Segundo Schmidt, ainda que recente, a lei vem incentivando legislações semelhantes em alguns estados.

"A lógica é queimar algumas áreas, de maneira planejada", explica a especialista, que diz que esse conceito “quebra um paradigma importante”. "O Brasil passou décadas só correndo atrás do fogo. Isso resolve alguns problemas, mas não a recorrência dos incêndios."

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