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China anuncia mega projetos em renováveis, mas segue refém do carvão em novo plano

Plano lançado na quarta-feira (5) inclui o desennvolvimento de mais parques eólicos offshore e "bases de energia limpa" em suas grandes áreas desérticas; investimentos não foram revelados

Com a meta de instalar pelo menos 1.200 gigawatts (GW) de energia solar e eólica até 2030, a China bateu um recorde em 2024 e atingiu o marco 6 anos antes do previsto (Getty images/Getty Images)

Com a meta de instalar pelo menos 1.200 gigawatts (GW) de energia solar e eólica até 2030, a China bateu um recorde em 2024 e atingiu o marco 6 anos antes do previsto (Getty images/Getty Images)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 6 de março de 2025 às 11h56.

Última atualização em 6 de março de 2025 às 12h06.

De veículos elétricos a painéis solares, a China dominou todas as tecnologias de energia renovável nos últimos anos e acelera a produção como em nenhum outro país do mundo -- ultrapassando os Estados Unidos.

Com Donald Trump, a lacuna norte-americana deve ficar ainda maior frente a investimentos em soluções verdes, enquanto a potência chinesa sinalizou querer avançar. 

Na quarta-feira (5), o maior emissor global de gases de efeito estufa anunciou que desenvolverá um pacote de grandes projetos para combater as mudanças climáticas, incluindo o desennvolvimento de novos parques eólicos offshore e 'bases de energia limpa" em suas vastas áreas desérticas.

Em 2024, um estudo revelou que parques solares em desertos são positivos não apenas para o clima e transição energética, como também para a biodiversidade. 

O relatório publicado ontem pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma diz que "a China trabalhará ativa e prudentemente para alcançar a neutralidade de carbono". Sua meta climática atual é reduzir em 65% as emissões até 2030, em relação aos níveis de 2005.  Já até 2050, o objetivo é ir além e atingir a neutralidade em carbono. 

Entre os projetos previstos, estão: uma usina hidrelétrica no rio Yarlung Tsangpo, no Tibete, que levantou preocupações na Índia sobre seu potencial impacto hídrico e uma rota de transmissão direta de energia conectando o Tibete com Hong Kong, Macau e Guangdong, no sudeste do país. 
Parte do protagonismo chinês em energia verde se deve a altos subsídios governamentais, liderança em tecnologias e controle de cadeia de suprimentos das matérias-primas necessárias e minerais críticos para a transição.

2024, um ano de recordes

Com a meta de instalar pelo menos 1.200 gigawatts (GW) de energia solar e eólica até 2030, a China bateu um recorde em 2024 e atingiu o marco 6 anos antes do previsto. No ano passado, a capacidade solar cresceu 45,2% e a eólica, 18%, mostram dados do Carbon Brief. 

Segundo a Agência Nacional de Energia, o país adicionou 373 milhões de quilowatts à sua capacidade instalada de fontes limpas, um aumento de 23% em relação a 2023. A expansão representou cerca de 56% da capacidade total instalada do país e foi a primeira vez que as duas juntas ultrapassaram o carvão poluente.

Mesmo apostando em renováveis e novas tecnologias de baixo carbono, o novo plano chinês destaca que o carvão segue sendo um combustível essencial no país e que a produção deve aumentar em 2025.

 Yao Zhe, consultor de políticas globais do Greenpeace em Pequim, fez um retrato do cenário: "uma verdade inconveniente é que a economia chinesa não se tornou muito mais eficiente em termos de energia nos últimos anos", afirmou. 

Atualmente, o maior projeto de energia renovável em desenvolvimento na China é a chamada "Grande Muralha Solar",  no deserto de Kubuqi, com previsão de alcançar 100 gigawatts até o final desta década. 

Apostou em renováveis, mas não bateu meta climática 

Apesar de um investimento recorde e massivo em energia renovável, a China não conseguiu atingir sua meta climática em 2024. Dados oficiais mostram que as emissões do país caíram em 3,4% no ano passado, abaixo dos 3,9% estabelecidos. O cenário traz um obstáculo para os planos de Pequim de reduzir em 18% sua pegada de carbono até 2025, acreditam especialistas.

As emissões totais também continuaram crescendo, evidenciando o desafio chinês de equilibrar a expansão econômica com a transição energética.

Mesmo com os avanços expressivos na capacidade instalada de fontes limpas, como solar e eólica, a dependência do carvão e a crescente demanda por energia ainda exercem forte pressão e a China segue na liderança como maior emissor global. 

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