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China não aceita investir em Fundo de Florestas Tropicais

Segundo a Bloomberg, negativa da China enfraquece a ambição do Brasil em atrair US$ 25 bilhões para o fundo

COP30: primeira conferência climática realizada na Amazônia deve unir o capital privado ao potencial da floresta e às soluções com base na natureza (Leandro Fonseca /Exame)

COP30: primeira conferência climática realizada na Amazônia deve unir o capital privado ao potencial da floresta e às soluções com base na natureza (Leandro Fonseca /Exame)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 07h22.

A China não aceitou investir no Fundo de Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF). Segundo a Bloomberg, oficiais chineses afirmaram durante a COP30 que o país acredita que "nações desenvolvidas devem ser responsabilizadas por investir em fundos globais". Indonésia e Brasil, considerados países em desenvolvimento, foram os primeiros a apoiar o TFFF.

A negativa da China enfraquece a ambição do Brasil em atrair US$ 25 bilhões para o fundo, que serviria de base para um mecanismo financeiro de até US$ 125 bilhões voltado à conservação de florestas tropicais. A estratégia envolve aplicar o capital em ativos de alto rendimento, destinando parte dos lucros para remuneração de investidores e outra para repasses diretos aos países que preservam seus biomas.

Até agora, o fundo recebeu promessas de cerca de US$ 5,5 bilhões, com contribuições anunciadas por Noruega, França e Indonésia. A Alemanha indicou que fará um aporte “substancial”. Ainda assim, segundo a Bloomberg, o Brasil deve encerrar a conferência com menos da metade da meta revisada de US$ 10 bilhões até 2025.

A ausência chinesa se soma à estagnação de negociações com a Índia e à cautela do Reino Unido e Japão, que demonstraram interesse, mas não oficializaram compromissos. O Brasil também aguarda contribuições da Holanda e do Canadá, previstas apenas para o próximo ano.

O que é o TFFF?

O TFFF é um mecanismo sem precedentes que espera mobilizar US$ 125 bilhões de governos e investidores privados para frear o desmatamento global. O fundo funcionará com pagamentos de US$ 4 por cada hectare de floresta bem preservado.

O valor arrecadado será reinvestido em títulos soberanos ou de grandes empresas, com expectativa de obter retorno anual de US$ 4 bilhões, que serão distribuídos a mais de 70 países tropicais, da Colômbia à Indonésia.

Como funciona o sistema de monitoramento?

O desempenho de cada país será avaliado com sistemas de monitoramento por satélite, baseado na taxa anual de desmatamento. Cada país não poderá ultrapassar o nível registrado no momento em que aderir ao mecanismo.

O sistema de penalidades é rigoroso:

  • para cada hectare desmatado, um pagamento equivalente a entre 100 e 200 hectares será perdido;
  • para cada hectare degradado por fogo, o desconto será igual ao pagamento de 25 hectares.

Diferentemente de outros instrumentos de financiamento climático, o TFFF oferece mais flexibilidade aos países. Os recursos devem ser destinados a programas de conservação, com 20% direcionados especificamente a comunidades locais ou indígenas.

Por que o fundo é autossustentável?

Ao se alimentar dos juros de seus investimentos, em vez de depender de doações únicas, o TFFF tem a meta de ser autossustentável e garantir pagamentos contínuos.

"Isso dá previsibilidade, não é dinheiro que eles têm em um ano e não no outro, mas será usado para fazer planos de conservação de longo prazo", explica Leonardo Sobral, diretor de silvicultura do Imaflora, ONG brasileira que participou de discussões com o governo sobre o mecanismo, em entrevista à Agência EFE.

Impacto financeiro para o Brasil

Com dois terços do território amazônico, o Brasil está entre os principais beneficiários potenciais. As estimativas oficiais apontam para R$ 5 bilhões anuais — montante três vezes superior ao orçamento discricionário do Ministério do Meio Ambiente.

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