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Painel para lançamento do 4º leilão do programa Eco Invest Brasil durante a COP30, em Belém. (Antônio Scorza / COP30)
Editora ESG
Publicado em 14 de novembro de 2025 às 15h57.
Última atualização em 14 de novembro de 2025 às 16h01.
Belém - O governo brasileiro anunciou nesta sexta-feira, 14, durante a COP30, uma nova rodada do Eco Invest Brasil, programa de captação de recursos privados para projetos sustentáveis.
Pela primeira vez, a iniciativa concentra esforços exclusivamente na Amazônia Legal, priorizando três setores: bioeconomia, turismo e infraestrutura.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, gravou um pronunciamento para o evento, reiterando a defesa governamental pela valorização econômica da floresta preservada e pela restauração de áreas degradadas.
"Precisamos mostrar que é possível gerar desenvolvimento econômico mantendo a floresta de pé", afirmou na mensagem.
As três primeiras rodadas do programa somaram captação de R$ 75 bilhões - equivalente a US$ 13,16 bilhões - dos quais R$ 46 bilhões vieram de fontes internacionais.
O desenho operacional prevê que o Tesouro ofereça crédito subsidiado a taxas de 1% ao ano para instituições financeiras, que devem comprometer pelo menos quatro vezes esse montante em capital privado.
A exigência mínima de participação estrangeira é de 60%. O arranjo inclui ainda mecanismos de mitigação de risco cambial, elemento considerado crucial para tornar os investimentos mais palatáveis a fundos internacionais.
Mario Gouvea de Almeida, responsável pela coordenação do Eco Invest no Tesouro Nacional, revelou que o desenho desta quarta edição permite maior liberdade na estruturação dos fundos. "Queremos trazer flexibilidade para que o gestor possa montar o fundo da forma que mais faça sentido", explicou.
A autoridade ressaltou ainda que esta rodada busca especialmente alcançar pequenas empresas e produtores, segmentos frequentemente excluídos de grandes operações financeiras.
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, classificou o programa como central para a agenda ambiental do governo. "O quatro leilão mostra que o Brasil sabe atrair capital para proteger sua floresta", afirmou.
Segundo Almeida, em caso de empate entre propostas, três critérios serão analisados: capacidade de alavancagem de recursos adicionais, potencial de fomento à bio-industrialização e volume de capital estrangeiro mobilizado.
A definição reflete a dupla estratégia de maximizar tanto recursos quanto impacto transformador na economia local.
"O quarto leilão mostra que o Brasil sabe atrair capital para proteger sua floresta", refletiu Capobianco
O secretário destacou ainda que a Comissão Nacional de Bioeconomia (CNBio) considera o financiamento misto - combinação de recursos públicos e privados - como instrumento fundamental para viabilizar a agenda de descarbonização.
O timing do anúncio aproveita o momento de maior visibilidade internacional sobre a Amazônia, com lideranças globais reunidas em Belém para definir rumos da política climática.
A escolha da floresta tropical como área focal reforça o discurso brasileiro de que preservação ambiental pode gerar oportunidades econômicas concretas.