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A liberação dos machos estéreis foi iniciada em 2023 e já apresenta resultados muito positivos (Gerard Rivest/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 14 de maio de 2025 às 08h15.
Última atualização em 14 de maio de 2025 às 10h06.
As mudanças climáticas têm se mostrado um dos maiores desafios globais nas últimas décadas, afetando não apenas os padrões climáticos, mas também a saúde pública. O aumento das temperaturas e a intensificação dos eventos climáticos extremos criaram condições favoráveis para a proliferação de doenças transmitidas por vetores, como a dengue.
Com o aquecimento global, o Aedes aegypti, mosquito que transmite a doença, tem expandido suas áreas de distribuição e agora podem ser encontrados em regiões onde antes não eram comuns.
Na Califórnia, um dos estados mais afetados pelas mudanças climáticas nos Estados Unidos, a propagação do Aedes aegypti resultou em um aumento significativo de casos de dengue.
Em resposta a esse problema, as autoridades da Califórnia começaram a adotar uma estratégia para combater a proliferação da doença: a liberação de mosquitos machos estéreis.
A técnica, desenvolvida por duas agências locais responsáveis pelo controle de organismos transmissores de doenças, visa reduzir a população de mosquitos sem o uso de produtos químicos prejudiciais ao meio ambiente. A liberação dos machos estéreis foi iniciada em 2023 e já apresenta resultados muito positivos.
A estratégia é simples e eficaz: os machos estéreis copulam com as fêmeas, mas os ovos produzidos não eclodem, pois não há fertilização. Como apenas as fêmeas picam e transmitem a doença, essa técnica não representa risco de transmissão de vírus como o da dengue.
A liberação dos machos estéreis é, portanto, uma forma ecologicamente correta de controle populacional, já que não envolve o uso de inseticidas.
Turismo sustentável cresce no Brasil: 83% dos viajantes buscam beneficiar comunidades locaisOs resultados até o momento têm sido promissores. De acordo com uma reportagem do Los Angeles Times, uma das agências que atua no condado de Los Angeles observou uma redução de quase 82% na população de mosquitos invasores em Sunland-Tujunga no ano passado.
Outro distrito, localizado no canto sudoeste do condado de San Bernardino, também viu uma diminuição média de 44% nos mosquitos invasores após a liberação dos machos estéreis. Além disso, pela primeira vez em oito anos, a população de mosquitos no distrito como um todo teve uma redução de 33%, ao invés de aumentar, o que indica um progresso significativo no controle da infestação.
O Aedes aegypti é originário da África, mas sua rápida adaptação a novos climas, impulsionada pelas mudanças climáticas, tem permitido que ele se estabeleça em regiões antes imunes à sua presença. Detectados na Califórnia pela primeira vez há cerca de uma década, esses mosquitos começaram a se espalhar por áreas urbanas, elevando o risco de doenças como dengue, zika, febre amarela e chikungunya.
A temperatura mais quente e as fontes de água criam o ambiente perfeito para que os mosquitos colocassem seus ovos, gerando novos ciclos de infestação. A expansão das áreas de proliferação é uma consequência direta do aquecimento global, tornando o controle das doenças transmitidas por mosquitos ainda mais desafiador.
A liberação de mosquitos estéreis é uma técnica já comprovada desde a década de 1950 para o controle de pragas agrícolas. No entanto, sua aplicação para o controle de mosquitos invasores e a prevenção de doenças transmitidas por vetores é relativamente nova. Especialistas destacam essa estratégia como uma alternativa sustentável e eficaz, uma vez que não utiliza pesticidas, que têm impactos ambientais negativos.
Além disso, a técnica pode ser expandida para outros tipos de mosquitos, como o Culex, que transmite o vírus do Nilo Ocidental, endêmico da região. Ao usar a esterilização, as autoridades podem abordar uma série de problemas de saúde pública de forma ecologicamente responsável e eficaz.
Torcedores do Corinthians criam corredor ecológico para combater ilhas de calor em São Paulo; vejaEmbora os resultados até agora tenham sido animadores, os desafios persistem. As mudanças climáticas estão tornando as estações favoráveis aos mosquitos mais longas, à medida que os invernos ficam mais curtos e as condições para a reprodução se tornam mais favoráveis.
No passado, as autoridades começavam a trabalhar no controle de mosquitos no final de abril, mas agora as atividades devem ser intensificadas já em março, com a presença de mosquitos nativos e invasores persistindo até dezembro.