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Como conciliar mais petróleo com menos carbono, segundo nova diretora da Petrobras

Angelica Laureano assume diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade em momento histórico para a estatal e detalha plano de US$ 16 bilhões para iniciativas de baixo carbono

Angelica Laureano, diretora de transição energética e sustentabilidade da Petrobras: "A Petrobras acredita que conciliar o foco na exploração responsável é parte do caminho para a transição energética"

Angelica Laureano, diretora de transição energética e sustentabilidade da Petrobras: "A Petrobras acredita que conciliar o foco na exploração responsável é parte do caminho para a transição energética"

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 31 de julho de 2025 às 11h35.

Última atualização em 31 de julho de 2025 às 15h02.

Dos nove membros da diretoria da Petrobras, cinco são mulheres. Essa é a primeira vez na história da estatal petroleira em que a gestão conta com maioria feminina — incluindo a presidente da companhia, Magda Chambriard, além de Clarice Coppetti, de Assuntos Corporativos; Renata Baruzzi, de Engenharia, Tecnologia e Inovação, e Sylvia Anjos, da diretoria de Exploração e Produção.

A soma fica completa com a nomeação da engenheira Angélica Laureano, que desde o começo de julho ocupa o cargo de diretora de transição energética e sustentabilidade na Petrobras. À primeira vista, o cargo pode parecer contraditório. Nos últimos três meses, a produção de petróleo e gás natural da gigante alcançou 2,91 milhões de barris ao dia, uma alta de 5% na comparação com o primeiro trimestre do ano.

Na realidade, a tarefa de Laureano ocupa um espaço cada vez mais importante — e desafiador — na companhia: como equilibrar as novas fontes limpas de energia em meio às possibilidades fósseis? Como a estatal pode dar continuidade à exploração de petróleo enquanto o país caminha para a transição energética? Essas são algumas das perguntas que a Petrobras tenta responder desde 2023, quando adicionou a busca com fontes renováveis entre os seus temas estratégicos.

Dos 45 anos de experiência, Laureano passou 37 na Petrobras, onde ocupou posições de liderança nas últimas duas décadas. A diretora conversou com a EXAME e contou sobre os desafios e expectativas para o cargo, além de comentar sobre a marca histórica.

Maioria feminina

“Quando entrei na Petrobras, em 1980, a presença feminina era mínima. Hoje, com 17% da força de trabalho sendo mulheres e cerca de 24% em funções de liderança, podemos afirmar que estamos avançando em direção a um ambiente mais inclusivo”, explica Laureano, que conta que a nova posição também é uma oportunidade transformadora para a sua carreira.

A companhia conta com metas de diversidade no seu Plano Estratégico desde 2023, incluindo ações como mentorias femininas, que já contaram com 105 mentoradas. Ao todo, 46% das participantes ascenderam a posições de liderança. No dia a dia, o objetivo de elevar as tristes taxas de diversidade no setor de energia incluem ações afirmativas para grupos sub-representados, como metas de diversidade, criação de grupos de afinidade e processos afirmativos que levam em conta as necessidades de representatividade em cada área.

Como principal meta para a posição que passou a ocupar, a diretora busca tornar viáveis os objetivos do Plano de Negócios da Petrobras, que estipula até 2029 o investimento de US$ 16,3 bilhões em iniciativas de baixo carbono e descarbonização, valor até 42% maior do que o elaborado no quadriênio anterior. Entre os principais eixos para investimentos estão a adoção de energias renováveis, a redução das emissões de gases de efeito estufa, inovação e tecnologia.

Transição energética

O plano ainda inclui parcerias e colaborações com empresas parceiras para impulsionar a transição das fontes de energia. Entre os recentes acordos, a Petrobras assinou um acordo de princípios com a empresa dinamarquesa European Energy pelo desenvolvimento de e-metanol em larga escala no país, em uma planta que deve ser instalada em Pernambuco.

No último ano, a companhia também assinou um acordo de estudos e avaliação e negócios em baixo carbono com a siderúrgica ArcelorMittal, buscando cooperação no desenvolvimento de tecnologias de captura e armazenamento de CO2. “São muitos projetos a desenvolver e metas de redução da pegada de carbono a atingir. Contamos com uma equipe diversa, inclusiva e coesa, é assim que seguiremos”, explica Laureano.

A companhia ainda inclui em seu plano orçamentário a criação de um fundo de US$ 1,3 bilhão ao longo dos próximos cinco anos, com o objetivo de alavancar a implementação e oportunidades de descarbonização nos negócios. “Temos a ambição de neutralizar as emissões nas atividades operacionais até 2050, além de continuar avançando no desenvolvimento de oportunidades de novos negócios de baixo carbono pavimentando um caminho mais eficaz e justo para a transição energética”, aponta a diretora.

O esforço até a descarbonização, reconhece a executiva, exige ações em distintas áreas e setores e um trabalho que já ultrapassa uma década. O sucesso vem aos poucos: entre 2015 e 2024, a petroleira reduziu em 40% as emissões absolutas de gases do efeito estufa, quantia equivalente a 47 milhões de toneladas de CO2 equivalente. “Esse número é equivalente a três vezes as emissões do setor de aviação brasileiro. Também reduzimos 70% das emissões de metano”, explica.

“Temos implementado práticas de eficiência energética, modernizando nossas instalações e processos. Alguns exemplos são a reinjeção de 80 milhões tCO2 até 2025 em projetos de captura de carbono, queima zero de rotina em flares até 2030 e redução da intensidade de emissões de metano no segmento upstream”, conta.

Exploração da Margem Equatorial

Em junho, quando a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis realizou o leilão da exploração de petróleo no Brasil, a companhia adquiriu dez blocos na Foz do Amazonas ou outros três na bacia de Pelotas. O tema levantou dúvidas e críticas de pesquisadores e ambientalistas pela falta de estudos que avaliassem os riscos ambientais.

Do lado da Petrobras, Laureano explica que mesmo no cenário de transição energético, os combustíveis fósseis seguem necessários no Brasil e mundo. Mesmo com o declínio na exploração, novos projetos devem manter a resiliência no fornecimento de energia, segundo a executiva. “A Petrobras acredita que conciliar o foco na exploração responsável de petróleo e gás com a expansão do portfólio de negócios de baixo carbono é o caminho mais eficaz para que o Brasil avance na transição energética justa sem comprometer sua soberania, seu desenvolvimento e sua competitividade internacional”, explica.

Segundo a companhia, o objetivo das atividades exploratórias é repor reservas e desenvolver novas fronteiras exploratórias para atender à demanda energética. Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo, o potencial de exploração da Margem Equatorial é de 10 bilhões de barris de petróleo, ajudando na segurança energética do país por décadas. No lado ambiental, a falta de pesquisas antes do leilão deixa a incerteza do caminho esperado até a transição energética e o esgotamento das fontes não-renováveis.

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