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Para Susana Muhamad, ministra do Meio Ambiente da Colômbia e presidente da COP16, a criação do fundo responde a um desafio imposto pela tecnologia
Repórter de ESG
Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 09h55.
Nesta terça-feira, 25, foi lançado o Fundo Cali, um mecanismo financeiro criado para garantir a manutenção dos recursos da biodiversidade, como material biológico e sequenciamento genético.
O objetivo é assegurar o uso justo e equitativo dos recursos genéticos globais, conhecidos pela sigla em inglês DSI (digital sequence information). Pelo acordo, o setor privado será responsável pelo financiamento do material, com maior impacto para as indústrias farmacêutica, de biotecnologia, cosmética e de alimentos, que dependem dessas informações. Inicialmente, as empresas devem destinar ao Fundo 1% dos lucros ou 0,1% da receita.
A aprovação ocorreu em Roma, onde foi retomada a 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade. O nome do fundo faz referência à cidade colombiana que sediou a primeira fase da COP16, entre outubro e novembro do último ano, deixando abertas negociações estratégicas.
Para Susana Muhamad, ministra do Meio Ambiente da Colômbia e presidente da COP16, a criação do fundo responde a um desafio imposto pela tecnologia. Segundo ela, empresas acessam bancos de dados e utilizam sequências genéticas digitais sem recompensar financeiramente os países que preservam a biodiversidade.
Desde 2014, quando foi firmado o Protocolo de Nagoya, já se espera que as companhias compensem financeiramente o uso da biodiversidade. No entanto, o Fundo Cali é de adesão voluntária e, até o momento, nenhuma empresa aderiu.
Segundo nota da Convenção sobre Diversidade Biológica, os recursos do Fundo também devem contribuir para a implementação do Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, firmado em 2022 durante a COP15. O plano estabelece metas para deter e reverter a perda da biodiversidade global.
Além disso, metade do valor será utilizado na manutenção de grupos indígenas e comunidades locais, incluindo mulheres e jovens.
“O lançamento de hoje é o ápice do multilateralismo que entrega resultados”, afirmou Elizabeth Mrema, diretora-executiva adjunta do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. “Agora, a responsabilidade está nas mãos das empresas. Aqueles que contribuírem para o Fundo entrarão para a história como pioneiros e colherão os benefícios.”
As negociações da COP16.2 foram retomadas nesta terça-feira, 25, e devem ser concluídas na quinta-feira, 27.