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COP30: 60% dos países já têm sistemas de alerta climático, diz ONU

Relatório lançado em Belém mostra avanço dos sistemas de alerta precoce, mas destaca que pequenos Estados insulares ainda enfrentam grandes lacunas

Avanço: a abrangência e a eficácia dos sistemas de alerta melhoraram em média 45% desde 2015 (Marco Antonio Perez/AFP)

Avanço: a abrangência e a eficácia dos sistemas de alerta melhoraram em média 45% desde 2015 (Marco Antonio Perez/AFP)

Paula Pacheco
Paula Pacheco

Jornalista

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 09h30.

Um dos temas centrais da COP30, em Belém, é a necessidade de adaptação aos extremos climáticos. Quais são as alternativas, principalmente para países mais expostos a condições que já afligem o planeta, como aumento do nível do mar, temperaturas extremas, excesso e falta de chuvas.

Um dos recursos para avançar com a adaptação climática são os sistemas de alerta. O governo brasileiro, por exemplo, anunciou no início da COP30 que vai aumentar a cobertura do Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden). O centro monitora atualmente 1.133 municípios e passará a monitorar 1.942 cidades até 2026. Assim, a cobertura chegará a 70% da população brasileira.

Nesta quarta-feira (12), o Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres (UNDRR) e a Organização Meteorológica Mundial (WMO) divulgaram um estudo com dados recentes sobre o quadro global de investimento em sistemas de alerta.

O número de países com sistemas de alerta precoce contra desastres naturais chegou a 119, mostra o relatório Global Status of Multi-Hazard Early Warning Systems 2025. O estudo mostra que o mundo avançou desde 2015, mas ainda enfrenta lacunas graves, especialmente entre os países mais vulneráveis.

Estados insulares ficaram para trás

De acordo com o documento, 60% dos países do mundo já possuem algum tipo de Sistema de Alerta Precoce Multirrisco, o que representa um aumento de 113% na última década. Apesar do avanço, apenas 43% dos pequenos Estados insulares — considerados entre os mais expostos aos efeitos da crise climática — contam com sistemas desse tipo.

O estudo indica também que a abrangência e a eficácia dos sistemas melhoraram em média 45% desde 2015, com destaque para a África, onde o avanço foi de 72%, embora o continente ainda registre os índices mais baixos. Entre as regiões, o maior percentual de cobertura está na Ásia-Pacífico (72%), enquanto as Américas e o Caribe têm a menor taxa (51%).

“O clima extremo está se acelerando. Incêndios recordes, inundações mortais e super-tempestades estão destruindo vidas e economias”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, por meio de nota, ao pedir que os países aumentem drasticamente os investimentos em adaptação e resiliência para garantir alertas para todos até 2027.

Taxa de mortalidade despensa onde há sistema de alerta

O relatório reforça que países com sistemas de alerta mais robustos registram taxas de mortalidade seis vezes menores em desastres, em comparação com aqueles que têm capacidades limitadas. No entanto, a ONU destaca que os investimentos continuam insuficientes e muitas vezes não são sustentáveis a longo prazo, o que dificulta a operação e a manutenção dos sistemas.

Entre os principais desafios apontados estão a divisão tecnológica e financeira, que limita o acesso de países em desenvolvimento às novas tecnologias, e a necessidade de fortalecer o conhecimento sobre riscos, considerado o pilar menos desenvolvido — embora tenha melhorado 16% desde 2022.

Atualmente, menos de um terço das nações dispõe de estruturas sólidas para mapear e compreender seus riscos climáticos.

“Desastres não são inevitáveis. Mesmo diante da crise climática, é possível interromper o ciclo de perdas crescentes”, afirmou Kamal Kishore, representante especial do secretário-geral da ONU para Redução do Risco de Desastres e chefe do UNDRR, também em nota. “Para isso, os países precisam acelerar a implementação integral do Marco de Sendai, priorizando o financiamento para resiliência.”

O Marco de Sendai atua em conjunto com os demais acordos da Agenda 2030, incluindo o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, a Agenda de Ação de Addis Abeba sobre Financiamento para o Desenvolvimento, a Nova Agenda Urbana e, em última instância, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O texto foi aprovado pela Assembleia Geral da ONU após a Terceira Conferência Mundial das Nações Unidas sobre Redução do Risco de Desastres (WCDRR), em 2015. Seu texto defende a redução substancial do risco de desastres e das perdas em vidas, meios de subsistência e saúde, assim como nos ativos econômicos, físicos, sociais, culturais e ambientais de pessoas, empresas, comunidades e países.

Impactos são devastadores e crescentes

A secretária-geral da WMO, Celeste Saulo, reforçou que o impacto dos eventos extremos é devastador e crescente. “Sem previsões antecipadas e alertas prévios, as perdas humanas seriam muito maiores”, declarou.

O relatório também identifica o surgimento de novas ameaças, como o calor extremo, os incêndios florestais e os rompimentos de lagos glaciais, fenômenos que muitos sistemas atuais ainda não conseguem prever com precisão.

Para responder a esse cenário, as agências da ONU lançaram em Belém um novo Marco de Governança de Riscos de Calor Extremo e uma ferramenta prática (Toolkit) para ajudar governos e autoridades a se prepararem melhor para ondas de calor, um dos eventos climáticos que mais crescem em frequência e intensidade.

O relatório — que serve de base para acompanhar a meta global do Marco de Sendai para Redução de Riscos de Desastres (2015–2030) — faz parte da iniciativa Early Warnings for All, lançada em 2022 pelas Nações Unidas. O objetivo é proteger todas as pessoas do planeta com sistemas de alerta até 2027, um marco considerado essencial diante do aumento dos desastres climáticos e das perdas humanas e econômicas associadas.

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