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Rio Bonito do Iguaçu: tornado causou destruição na cidade do interior do Paraná ( Jonathan Campos/AEN/Divulgação)
Editor de Macroeconomia
Publicado em 9 de novembro de 2025 às 19h08.
Última atualização em 9 de novembro de 2025 às 19h18.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou neste domingo, 9, que a Conferência das Partes 30 (COP30) tratará do tema da adaptação, em especial de cidades, durante as negociações diplomáticas que se iniciam nesta segunda-feira, 10.
"A COP tem a agenda mandatada, que já está posta para os negociadores e tem a ver com agenda de adaptação. O que significa isso? Nós tivemos agora uma situação terrível no Paraná e vidas foram perdidas, patrimônio destruído, isso é a mudança do clima", disse a ministra, em referência ao tornado que devastou uma cidade no Paraná, durante entrevista a jornalistas. "As cidades vão precisar se adaptar."
Logo no início da COP, avalia Marina, serão discutidos os indicadores que mostrem que os países e a comunidade internacional estão conseguindo adaptar as regiões, os países e as comunidades com os recursos que serão destinados para esse fim.
O debate sobre adaptação precisará ser tratado sobretudo sob o prisma do financiamento dos países mais vulneráveis, com foco no Fundo Florestas para Sempre (TFFF).
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante coletiva de imprensa na COP30 (Leandro Fonseca /Exame)
"Um fundo proposto pelo Brasil e que agora passa a ser de todos os países que vão aderindo ao fundo, tanto países em desenvolvimento, detentores de floresta tropical, quanto países desenvolvidos e esse fundo vai viabilizar recursos para pagar pelos serviços ecossistêmicos prestados pela floresta", disse.
Para ela, os 70 países detentores de florestas tropicais ajudam a equilibrar o clima do planeta. "Portanto, devem ser remunerados para manter esse equilíbrio. Seria um pagamento na ordem de 4 dólares por cada hectare de floresta preservada", afirmou.
Marina também informou que discute com o BNDES e o presidente Lula como ampliar a "fórmula tão exitosa" do fundo Amazônia para pensar um "Fundo Biomas".
"[A ideia não seria] ter um fundo para cada bioma, mas talvez pensar uma espécie de Fundo Biomas. E o TFFF é um mecanismo que não é só para a Amazônia. Vai ajudar também a medida em que você tem recursos para proteger a Amazônia, você ajuda que outros recursos possam ser deslocados para a proteção dos demais biomas", disse a ministra do Meio Ambiente.
Para a ministra, outra questão que vai ser alvo dos negociadores é sobre a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) dos países.
"As NDCs não estão na negociação, mas os relatórios que vêm sendo feitos e já foram apresentados dão conta de que elas não estão suficientes, de que com essas NDCs nós não vamos conseguir dá o aumento da temperatura da terra a 1,5 grau Celsius", disse.
"Ou seja, nós vamos precisar acelerar as ações voltadas para redução de emissão de CO²", afirmou.
Segundo ela, a COP30 também terá de discutir a agenda de redução de metano.
"É um gás que é altamente deletério, mas que ele tem curta duração na atmosfera. Portanto, se reduzirmos metano, a gente ganha um fôlego para alcançar a meta de não ter para passar um 1,5 grau Celsius de temperatura da Terra", afirmou.
Ela também salientou o aumento do apoio de outros países ao Fundo Amazônia nos últimos anos. Hoje, a Suíça anunciou um aporte de R$ 33 milhões. Com ele, o país dobrou o valor total de suas contribuições, que agora somam mais R$ 60 milhões.
Anúncio de nova doação da Suíça ao Fundo Amazônia neste domingo, 9 (Fernando Donasci/MMA/Divulgação)
"Conseguimos ampliar muito a base de apoio do fundo Amazônia, porque, no governo do presidente Lula, reduzimos o desmatamento em 50% nesses primeiros três anos. Com isso, conseguimos ampliar cada vez mais os pagamentos pelos resultados alcançados", disse Marina.
Segundo ela, o resultado do combate ao desmatamento foi evitar lançar na atmosfera 700 milhões de toneladas de gás carbônico (CO²).
"Com isso, [vieram] recursos como esses que acabamos de ver aqui na ordem de mais de US$ 30 milhões, recursos da Alemanha, da Noruega, da União Europeia e de outros países que igualmente estão se comprometendo", afirmou.
O Fundo Amazônia é gerido pelo MMA e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“A nova contribuição da Suíça confirma que estamos no caminho certo. O Fundo Amazônia atingiu um patamar inédito: passamos de cerca de R$ 300 milhões anuais para mais de R$ 1,2 bilhão por ano em financiamentos, apoiando 650 instituições em 75% dos municípios da Amazônia", disse Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, durante o anúncio.
Segundo ele, trata-se de uma prova de que "resultados concretos geram confiança".
"Agora, o nosso desafio é transformar o arco do desmatamento no arco da restauração, com ciência, tecnologia, inclusão social e cooperação internacional. Proteger a Amazônia é proteger o futuro do planeta — e fazemos isso junto com quem acredita nessa agenda”, afirmou.
Segundo o governo federal, a partir da retomada das doações, em 2023, o Fundo chegou a R$ 1,6 bilhão adicionais contratados e o número de doadores passou de três para nove. Nos seus 17 anos, o Fundo beneficiou cerca de 260 mil pessoas, por meio de mais 600 organizações comunitárias e apoiou 144 projetos.
A Suíça se soma a um grupo de países doadores que inclui Alemanha, Noruega, Reino Unido, Dinamarca, Estados Unidos, Japão, Irlanda e União Europeia.