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Curativo à base de resíduos da pesca desenvolvido no Brasil pode reduzir importações pelo SUS

Produto absorve até 160% do próprio peso em líquidos e pode tratar desde queimaduras até feridas crônicas

Segundo os pesquisadores, o projeto tem potencial para integrar pesquisa científica, indústria e agricultura em cadeias locais de valor (aerogondo/Thinkstock)

Segundo os pesquisadores, o projeto tem potencial para integrar pesquisa científica, indústria e agricultura em cadeias locais de valor (aerogondo/Thinkstock)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 5 de maio de 2025 às 14h45.

Um curativo à base de resíduos da indústria pesqueira se tornou uma alternativa viável aos produtos importados usados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – e com potencial para acelerar a cicatrização de feridas.

Batizado de CH50BGF, o produto foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade Federal de Lavras, com base em matérias-primas sustentáveis e produção local.

A invenção, publicada na revista Materials Research, combina dois materiais: a quitosana — um polímero natural derivado da carapaça de crustáceos — e micropartículas de vidro bioativo, um tipo de cerâmica usada em aplicações biomédicas.

O resultado é uma espuma capaz de absorver até 160% do próprio peso em líquido em 24 horas, desempenho superior ao de muitos curativos comerciais, segundo os testes laboratoriais.

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A equipe destaca que a proposta alia sustentabilidade, viabilidade econômica e desempenho técnico. A quitosana atua como agente antimicrobiano, preservando a umidade ideal e inibindo infecções, enquanto o vidro bioativo estimula a regeneração do tecido com liberação de íons que favorecem a formação de novos vasos sanguíneos e colágeno.

“Esse resultado reforça a possibilidade de conciliar sustentabilidade e alto desempenho”, afirma o pesquisador Eduardo Nunes. “Para um projeto voltado à substituição de insumos importados, esse resultado demonstra a viabilidade técnica de uma alternativa nacional, com potencial para reduzir custos e ampliar o acesso a tecnologias no SUS.”

Tecnologia adaptável e produção nacional

Além da alta capacidade de absorção, o CH50BGF pode ser adaptado a diferentes tipos de feridas, como queimaduras graves e lesões por pressão. A personalização da fórmula abre caminho para usos específicos dentro do sistema de saúde pública, ampliando seu alcance clínico.

Ainda em fase pré-clínica, a tecnologia precisa passar por validações em larga escala. Mas os pesquisadores estão otimistas com o impacto que o produto pode gerar, especialmente em momentos de crise global de abastecimento, quando a dependência de importações expõe o SUS à escassez e à alta de preços.

Fortalecimento da cadeia produtiva

Segundo Talita Martins, uma das autoras do estudo, o projeto tem potencial para integrar pesquisa científica, indústria e agricultura em cadeias locais de valor. “Essa abordagem não só alivia a pressão sobre os recursos públicos, mas também abre caminho para políticas de saúde mais resilientes”, afirma.

Atualmente, a equipe trabalha para consolidar toda a cadeia produtiva, desde a extração da quitosana a partir de resíduos da pesca até a padronização do produto final. A meta dos pesquisadores é transformar Minas Gerais em referência nacional na produção dessa biomolécula.

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