ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Da quase extinção a renda: pirarucu vira negócio com manejo sustentável na Amazônia

Flutuante instalado no Amazonas ajuda a processar o peixe na Amazônia; projeto de 4 anos já capacitou centenas de manejadores

O projeto tem estimulado a participação de jovens e mulheres no processamento e comercialização do pescado (JBS/Divulgação)

O projeto tem estimulado a participação de jovens e mulheres no processamento e comercialização do pescado (JBS/Divulgação)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 9 de setembro de 2025 às 16h00.

Última atualização em 9 de setembro de 2025 às 17h00.

Quem já foi para a Amazônia, com certeza conhece ele: o pirarucu, gigante dos rios que pode chegar a 200 quilos e 3 metros de comprimento. Mas o que poucos sabem é que esse peixe símbolo da biodiversidade quase desapareceu nas últimas décadas — e sua recuperação depende hoje do trabalho de comunidades ribeirinhas que encontraram na conservação uma forma de subsistência.

Nesta terça-feira, 9, a comunidade de Ingaiora, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, em Fonte Boa (AM), recebe um flutuante de pré-beneficiamento do pirarucu. A estrutura faz parte do projeto Cadeia Produtiva do Pirarucu Manejado, desenvolvido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) com apoio do Bradesco.

O flutuante tem capacidade para processar até 53 toneladas de pirarucu inteiro eviscerado por safra e atenderá 80 manejadores de três comunidades locais. A proposta é garantir melhores condições de higiene e conservação do pescado logo após a captura, reduzindo perdas e aumentando a qualidade do produto.

"O flutuante de Ingaiora representa mais do que uma estrutura física. Ele aproxima o beneficiamento das áreas de manejo, reduz custos logísticos, melhora a segurança do trabalho e amplia a autonomia das associações locais", afirma Edvaldo Correa, gerente do Programa de Prosperidade na Floresta da FAS.

Manejo sustentável

A iniciativa começou em 2021 e já passou por outras fases. Na primeira etapa, concluída em 2023, 369 pessoas receberam capacitações que buscaram melhorar técnicas tradicionais de manejo. Na segunda fase, foram feitas melhorias em infraestrutura e treinamentos em gestão de negócios.

Durante esse período, 153 manejadores das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Piagaçu Purus participaram da Feira do Pirarucu, em Manaus, onde foram comercializadas mais de 33 toneladas do pescado para 2.800 clientes.

O projeto também incluiu palestras de educação financeira conduzidas por voluntários do Bradesco. Agora, na terceira fase, além do flutuante, estão previstos aprimoramentos no monitoramento do pescado, novas capacitações e a continuidade da feira de comercialização.

Espécie em recuperação

O pirarucu estava ameaçado de extinção, mas pesquisas do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá indicam recuperação da população nas últimas décadas. O manejo é feito seguindo cotas definidas cientificamente, com o objetivo de manter o equilíbrio ecológico e garantir a reprodução da espécie.

"Projetos como este mostram que é possível conciliar conservação ambiental com desenvolvimento econômico local. A entrega do flutuante consolida uma jornada de quatro anos de apoio contínuo à cadeia produtiva do pirarucu", destaca Silvana Machado, diretora-executiva de recursos humanos e sustentabilidade do Bradesco.

O projeto tem estimulado a participação de jovens e mulheres no processamento e comercialização do pescado, ampliando as oportunidades de renda na região. Cada peixe comercializado segue as regras do manejo controlado, conduzido pelas próprias comunidades locais.

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaPeixesFlorestasAgropecuáriaPesca

Mais de ESG

Mapeamento inédito revela estágio da economia circular em gigantes siderúrgicas brasileiras

Aquecimento global impacta dieta: consumo de açúcar cresce com o calor

Aegea inaugura hub de inovação para combater desafios do saneamento no Brasil

Calor extremo ameaça a Copa de 2026 — e o futuro de crianças que sonham com o futebol, diz estudo