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A comunidade de Paraisópolis sofre de forma desproporcional os efeitos mais severos da crise climática, como enchentes, ilhas de calor e poluição (Alexandre Battibugli/Arquivo Abril)
Repórter de ESG
Publicado em 22 de julho de 2025 às 17h30.
Última atualização em 22 de julho de 2025 às 17h33.
As mudanças climáticas impactam diretamente a saúde, especialmente em populações mais vulneráveis e carentes de acesso a direitos básicos. Um estudo recente do Fórum Econômico Mundial revela que eventos extremos podem custar US$ 1,1 bilhão até 2050 para este setor a nível global.
Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, destacou à EXAME que é preciso agir de forma integrada, promovendo educação sobre o tema e engajamento comunitário.
Pensando nisso, a instituição filantrópica deu início a um programa de capacitação voltado à formação de jovens para atuarem na transformação socioambiental de suas comunidades.
Batizado de "Raízes do Futuro", o projeto contempla nesta primeira fase alunos do 1º Ensino Médio Integrado ao Técnico do Programa Einstein em Paraisópolis (SP) e se estenderá até dezembro de 2025.
"É uma oportunidade concreta de preparar as novas gerações para serem protagonistas na construção de territórios mais sustentáveis e resilientes", destacou Sidney.
A expectativa é que os resultados transcendam o período de execução, gerando um legado permanente em torno da agenda climática e implementação de soluções verdes.
Além de reforçar o compromisso do Einstein com a governança comunitária, a escolha da localidade para o piloto não foi casual.
A segunda maior favela de São Paulo é lar de aproximadamente 100 mil habitantes, possui forte mobilização social e representa um laboratório para iniciativas que conectam juventude periférica e sustentabilidade.
Além disso, é um caso concreto de (in)justiça climática: o território vulnerável é desproporcionalmente impactado por eventos extremos como enchentes e ilhas de calor, ao mesmo tempo que contribui menos para a crise do clima e clama por políticas de adaptação.
O programa contempla três eixos principais que abordam desde conceitos fundamentais até aplicações práticas em aulas expositivas, dinâmicas em grupo, rodas de conversa e oficinas práticas.
Os estudantes participarão de módulos sobre fundamentos do desenvolvimento sustentável, mudança do clima e impacto na saúde, além de aprenderem como implementar projetos de impacto positivo.
Um dos diferenciais do programa está na valorização das propostas que emergem dos próprios estudantes. Ao longo do programa, os participantes desenvolverão iniciativas voltadas à redução de impactos ambientais e melhoria das condições de vida local.
Ao final do curso, a ideia é que as mais promissoras se tornem políticas públicas ou ações permanentes na comunidade. Entre as soluções possíveis, estão aquelas relacionadas a gestão de resíduos, qualidade do ar, acesso à água potável e prevenção de doenças relacionadas ao clima.
Para Sidney, o objetivo é que os jovens desenvolvam não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades de liderança e capacidade de articular soluções para desafios reais de seu território.
"Precisamos ampliar a compreensão de que clima e saúde caminham juntos, e que preparar as novas gerações para lidar com esses desafios é também uma forma de promover bem-estar, prevenção e equidade", destacou o presidente.
A atuação do Einstein em Paraisópolis não é de hoje. Desde antes da inauguração do hospital, em 1969, a instituição desenvolve iniciativas de responsabilidade social na região. O "Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis", criado em 1997, consolidou essa presença por meio da gestão de unidades públicas de saúde e ações de voluntariado estruturado.
Mais recentemente, a oferta do Ensino Médio Integrado ao Técnico ampliou o compromisso educacional da organização com a juventude local.
"A presença contínua e comprometida estabelece vínculos sólidos com a comunidade e fortalece a legitimidade da atuação do projeto no território", concluiu Sidney.