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Entenda o Fundo para Florestas Tropicais (TFFF) que será lançado por Lula na Assembleia Geral da ONU

Projeto, que prevê US$ 125 bilhões em incentivos para que países protejam sua vegetação nativa, deve ser lançado na tarde desta terça-feira, 23, em discurso do presidente brasileiro

Com dois terços do território amazônico, o Brasil está entre os principais beneficiários potenciais (Angela Weiss/AFP)

Com dois terços do território amazônico, o Brasil está entre os principais beneficiários potenciais (Angela Weiss/AFP)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 05h00.

O Brasil se prepara para assumir a liderança global na criação de um novo modelo de financiamento climático. Nesta terça-feira, 23, durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançará oficialmente o Fundo das Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês).

O lançamento será feito em uma reunião específica sobre o tema, chamada Solutions Dialogue: TFFF, com Lula e outros chefes de Estado.

O TFFF é um mecanismo sem precedentes que espera mobilizar US$ 125 bilhões de governos e investidores privados para frear o desmatamento global. O fundo funcionará com pagamentos de US$ 4por cada hectare de floresta bem preservado.

O valor arrecadado será reinvestido em títulos soberanos ou de grandes empresas, com expectativa de obter retorno anual de US$ 4 bilhões, que serão distribuídos a mais de 70 países tropicais, da Colômbia à Indonésia.

Como funciona o sistema de monitoramento?

O desempenho de cada país será avaliado com sistemas de monitoramento por satélite, baseado na taxa anual de desmatamento. Cada país não poderá ultrapassar o nível registrado no momento em que aderir ao mecanismo.

O sistema de penalidades é rigoroso:

  • para cada hectare desmatado, um pagamento equivalente a entre 100 e 200 hectares será perdido;
  • para cada hectare degradado por fogo, o desconto será igual ao pagamento de 25 hectares.

Diferentemente de outros instrumentos de financiamento climático, o TFFF oferece mais flexibilidade aos países. Os recursos devem ser destinados a programas de conservação, com 20% direcionados especificamente a comunidades locais ou indígenas.

Por que o fundo é autossustentável?

Ao se alimentar dos juros de seus investimentos, em vez de depender de doações únicas, o TFFF tem a meta de ser autossustentável e garantir pagamentos contínuos.

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"Isso dá previsibilidade, não é dinheiro que eles têm em um ano e não no outro, mas será usado para fazer planos de conservação de longo prazo", explica Leonardo Sobral, diretor de silvicultura do Imaflora, ONG brasileira que participou de discussões com o governo sobre o mecanismo, em entrevista à Agência EFE.

Quais países já aderiram à proposta?

O Ministério da Fazenda brasileiro conduziu as negociações e conseguiu adesão de diversos países do Sul Global. O marco foi a aprovação formal dos nove países amazônicos em 25 de agosto, incluindo Bolívia, Colômbia, Peru e Venezuela.

A nota conjunta define o TFFF como "instrumento financeiro pragmático" para pagamentos por desempenho a países que reduzirem desmatamento e ampliarem cobertura florestal.

Impacto financeiro para o Brasil

Com dois terços do território amazônico, o Brasil está entre os principais beneficiários potenciais. As estimativas oficiais apontam para R$ 5 bilhões anuais - montante três vezes superior ao orçamento discricionário do Ministério do Meio Ambiente.

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