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Especial Trajetórias: Mariana Orsini, do setor público ao comando da gigante química Dow

Ela ocupa um cargo equivalente ao de CEO da subsidiária no Brasil e tem como missão ser uma “construtora de pontes” para um futuro sustentável

Mariana Orsini, líder regional da Dow Brasil: “Não aspiro ser ‘super mulher’. Minha maior crença é no coletivo"

Mariana Orsini, líder regional da Dow Brasil: “Não aspiro ser ‘super mulher’. Minha maior crença é no coletivo"

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 25 de março de 2025 às 18h06.

Disciplina, integridade, perseverança, autocontrole e espírito indomável: estas são as cinco lições que Mariana Orsini aprendeu nas artes marciais e moldam sua liderança à frente da Dow Brasil.

Apaixonada por esportes, ela conta que o taekwondo é uma filosofia de vida e formou a resiliência necessária para comandar a companhia em um setor bastante desafiador. 

Hoje, a executiva ocupa um cargo equivalente ao de uma CEO da subsidiária no Brasil e é também Diretora de Relações Governamentais para a América Latina. 

Aos 41 anos, mãe de duas meninas e primeira mulher no comando da operação brasileira da gigante química, ela cultiva um paradoxo profissional: ascendeu ao topo corporativo sem nunca ter tido um plano estruturado de carreira

"Fui identificando quais eram os temas e os espaços que precisavam ser ocupados, com uma certeza: sempre quis ser útil. Minha motivação diária é buscar sempre o meu melhor", contou em entrevista à EXAME, na série especial trajetórias femininas, lançada neste mês de março.

Há 13 anos na empresa -- dos quais os últimos seis foram à frente das Relações Governamentais para a América Latina antes de assumir o cargo mais alto em agosto de 2024 -- Mariana contou que sua grande missão é ser uma construtora de pontes rumo a um futuro mais sustentável. "Meu lugar no mundo é conectar pessoas, ideias e propósito", disse. 

Paulista e formada em Relações Internacionais, começou como estagiária no governo de São Paulo, passou pela prefeitura e, em 2011, ingressou na Dow – onde descobriu seu talento para construir este elo entre setores antagônicos.

Doze anos depois, assumiu o comando da operação que movimenta R$ 12,7 bilhões e aplica no dia a dia as mesmas lições que a fizeram campeã em campeonatos estudantis de matemática e esportes ainda na adolescência: "Sempre gostei de fazer as coisas bem feitas. Não por competitividade, mas por acreditar que excelência é uma forma de respeito", ressaltou.

Sua trajetória híbrida revela como ela transformou a experiência no setor público em diferencial estrategico. "Tive a oportunidade de entender os dois lados da moeda. Quando falo com governos, sei como pensam. Quando se tratam de acionistas, entendo sua linguagem", disse ao demonstrar uma habilidade não usual que também explica sua ascensão relâmpago na Dow. 

Quando ingressou na companhia, ela conta que foi movida pela oportunidade de fazer a ponte entre o setor público e privado: "Era algo que eu já sabia ser vital", destacou. E continua com a mesma visão para liderar a transformação sustentável da indústria.

Sua carreira atípica para o cargo que ocupa também a fez desenvolver uma preocupação especial para talentos diversos e em criar um ambiente acolhedor dentro da empresa. Atualmente, a Dow tem 47% de mulheres em posições de liderança e a meta é chegar em 50% ainda neste ano.

O avanço é ainda mais significativo no escritório em São Paulo: 58% do quadro de funcionários são mulheres (54% em cargos de liderança), em um setor onde a manufatura ainda é 66% masculina e concentra seus esforços de inclusão. "Promover equidade não é sobre discursos, mas sobre sistemas que criam oportunidades reais", afirmou a executiva.

Descarbonização da indústria

Na vanguarda da transformação industrial, Mariana lidera a implementação local das metas globais de descarbonização da Dow. Entre elas, está ser carbono neutro até 2050, com redução de 30% nas emissões e ter 100% de produtos recicláveis ou reutilizáveis até 2035.

Seu compromisso vai além do discurso: em 2024, a operação brasileira atingirá 100% de uso de energia renovável. 

Síndrome da impostora 

Apesar da carreira impressionante, Mariana não esconde suas vulnerabilidades. Ao ser convidada para assumir a presidência da Dow, confessa: "Fiquei muito introspectiva e senti a tal síndrome da impostora que habita em todas nós. Uma certeza que tenho é que não estamos ou fazemos nada sozinhas".

Para ela, o trabalho do líder é abrir espaço para outras pessoas brilharem.

Em casa, divide a rotina profissional com o marido e as filhas e diz "equilibrar os papéis com muita dificuldade", ao mesmo tempo em que reconhece sua posição de privilégio. "Tenho condições financeiras para ter ajuda com as tarefas domésticas e um parceiro que entende que a responsabilidade é coletiva", afirma.

Em busca do equilíbrio, o esporte volta a ser um pilar: Mariana incorporou o exercício como hábito para toda família e o as lições do taekwondo para gerenciar o próprio tempo.

Mas a líder vai além do discurso: transformou suas lições pessoais em políticas corporativas. Na Dow, implementou horários flexíveis, home office estruturado e programas de mentoria para mães – porque entende que equilíbrio não é sobre perfeição, mas sobre criar sistemas que permitam às pessoas darem seu melhor.

"É sobre construirmos redes – em casa e no trabalho – onde cada uma pode crescer sem precisar abrir mão de quem é. Não aspiro ser ‘super mulher’. Minha maior crença é no coletivo", concluiu.

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