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Hoje, a Madeflona já exporta seus produtos para a América do Norte, Europa e Oceania (Madeflona/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 29 de setembro de 2025 às 15h23.
Diretamente de Rondônia, uma madeireira opera desde 2008 aliando a proteção da Amazônia, o desenvolvimento sustentável das comunidades ao redor da floresta e o crescimento financeiro. A Madeflona foi criada em 2008 buscando trabalhar com concessões florestais federais e logo venceu o primeiro processo de licitação deste tipo do país, dando início ao trabalho na floresta do Jamari, no norte do estado.
Hoje, com quatro contratos com o governo federal, a madeireira realiza o manejo florestal sustentável em cerca de 141 mil hectares, unindo tecnologias e a ciência para preservar o bioma ao mesmo tempo em que utiliza a floresta como base para comercializar sua madeira em dezenas de países.
O diretor-presidente da Madeflona, Evandro Muhlbauer, conversou com a EXAME e contou mais sobre a estratégia da companhia. “Entendemos que atividades florestais da Amazônia não precisam ser inimigas da proteção do bioma. Respeitando os limites naturais, é uma função que gera benefícios sociais, econômicos e até mesmo ambientais”, afirma.
De acordo com análises da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o manejo sustentável na Amazônia é uma das principais oportunidades para garantir retorno financeiro mais rápido ao produtor, enquanto se garante o equilíbrio da biodiversidade. Para o meio ambiente, o benefício é claro: as regiões preservadas de manejo sustentável são grandes responsáveis pelo sequestro de carbono, diminuindo o fluxo de gases de efeito estufa na atmosfera e os seus impactos nas mudanças do clima.
A companhia hoje extrai até 3 árvores por hectare, uma quantidade ínfima em relação à população. Esse número garante que a produção tenha matéria-prima constante e que o ecossistema se mantenha inalterado, desde recursos hídricos até a base alimentar para a fauna local. A prioridade, segundo Muhlbauer, é extrair árvores no final da vida, já que não apresentam a mesma fertilidade na comparação com as árvores mais novas. “Assim, aceleramos o ciclo natural da floresta, dando valor a manutenção da sua cobertura vegetal”, explica o diretor. "As concessões ajudam a ver que é fácil fazer o certo”, complementa.
Em maio, a Madeflona recebeu um investimento de R$ 43,3 milhões do BNDES, por meio do Fundo Clima, que deve apoiar a melhoria na qualidade dos produtos, modernização dos equipamentos e processos nos próximos anos.
O principal foco do investimento deve ser a secagem da madeira com a tecnologia kiln drying, iniciativa de baixo carbono que deve processar anualmente cerca de 20 mil metros cúbicos de madeira tratada. Esse processo aumenta a resistência do material, evitando deformações, manchas e variações de coloração. Isso representa um benefício para a sua qualidade e durabilidade, agregando maior valor à madeira produzida na companhia.
Madeflona: madeireira de Rondônia começou processo de manejo florestal em 2008 (Madeflona/Divulgação)
Conforme dados do BNDES, o processo de kiln drying pode elevar em 21% o valor das pranchas desumidificadas de forma convencional e em 8,23 vezes o preço das toras in natura. Como a secagem hoje é feita em plantas de terceiros — exigindo gastos de transporte e de combustível para a locomoção —, o custo para a Madeflona será 72% menor.
Segundo Evandro Muhlbauer, a secagem também facilita os padrões de coloração da madeira em diferentes mercados, o que permite a sua comercialização para outros países e reduz o desperdício de matéria-prima.
No entanto, equilibrar a saúde da floresta e o crescimento financeiro é um processo custoso e desafiador, conforme explica o diretor. A concessão florestal é realizada com um alto grau de exigências e regras, o que implica em treinamentos e atualizações constantes para os funcionários da Madeflona.
A tecnologia é uma aliada nesse processo, já que ajuda a companhia a descobrir cenários mais próximos do real. “A cada ano, aprendemos algo novo sobre a floresta. As regras do Ibama são um desafio, mas um bom desafio, já que nos orientam a melhorar”, explica.
O trabalho inclui a proteção de áreas de preservação permanente, margens de cursos d'água, catalogação de árvores acima de 40 centímetros de diâmetro, mapear as coordenadas geográficas de tudo que é colhido e até mesmo uma análise da direção de queda de cada árvore, que busca evitar impactado sobre a flora e a fauna da região — tudo feito com o apoio de sistemas, drones e mapeamentos tecnológicos. Assim, não há risco de derrubar árvores próximas em começo de vida, em áreas de proteção ambiental ou que sejam casa para ninhos de pássaros e filhotes de outros animais.
A tecnologia também faz sua parte na identificação da origem de cada árvore. Um QR Code na etiqueta das toras de madeira vendidas mostra detalhes da região e data em que a árvore foi retirada, rastreamento que permite maior conhecimento sobre o manejo sustentável e o corte legal. “Ter essa segurança é importante para quem vende, para quem compra e cada vez mais importante para quem recebe o produto final”, explica.
QR Code na base de cada árvore conta origem e garante rastreabilidade no processo de venda
A concessão florestal, de acordo com o Muhlbauer, pode ajudar a proteger a floresta dos principais riscos que sofre hoje, como o desmatamento e as queimadas por ação humana. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia registrou 4% de aumento nos alertas de desmatamento entre agosto de 2024 e julho de 2025. O total chega a 4.495 quilômetros quadrados desmatados.
As queimadas estão entre os fatores que mais influenciam a perda de vegetação: nos primeiros meses de 2025, 23% dos focos de incêndios atingiam vegetação nativa, índice que era de 13% no ano passado e de 10% na média de 2019 a 2023.
COP30: acesse o canal do WhatsApp da EXAME sobre a Conferência do Clima do ONU e saiba das novidades!Os desafios sociais também entram nessa conversa. “Nas áreas próximas às florestas, a desigualdade econômica e de desenvolvimento está muito associada às ameaças ambientais", comenta o diretor. O Índice do Progresso Social (IPS), formulado em 2022, ajuda a ver esse cenário: o desenvolvimento, renda e condição de vida nos municípios da Amazônia Legal são 16% abaixo da média na comparação com a média nacional.
Além disso, as cidades que mais desmatam também são as com piores condições de saúde, saneamento, moradia, segurança, educação, entre outros critérios que avaliam a qualidade e dignidade de vida, segundo a pesquisa.
"Hoje posso falar sem medo que o manejo florestal na Amazônia é uma atividade econômica focada em manter a floresta em pé", explica Evandro Muhlbauer. Hoje, a Madeflona já exporta seus produtos para diversos países da América do Norte, Europa e Oceania. “Trabalhamos para que cada cliente nosso saiba que, ao invés de contribuir para o desmatamento, está trabalhando para a preservação”, afirma.