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Famílias ribeirinhas plantam 13 mil árvores e geram renda extra com bioeconomia no AM

Projeto combina restauração de áreas degradadas com geração de renda para 54 famílias com produção de óleos essenciais

Mais de 200 hectares estão sendo restaurados no sistema agroflorestal, que mescla até 20 espécies no mesmo espaço (Leandro Fonseca /Exame)

Mais de 200 hectares estão sendo restaurados no sistema agroflorestal, que mescla até 20 espécies no mesmo espaço (Leandro Fonseca /Exame)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 9 de agosto de 2025 às 12h00.

Enquanto líderes mundiais se preparam para debater a mudança do clima na COP30, comunidades tradicionais na Amazônia já colocam em prática soluções concretas para a restauração florestal. Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, no Amazonas, 54 famílias ribeirinhas une recuperação ambiental, geração de renda e fortalecimento comunitário através de sistemas agroflorestais.

O projeto Floresta Viva, desenvolvido em uma das áreas mais estratégicas para conservação no Amazonas, resultou em 2025 no plantio de 13.004 árvores distribuídas em 13 comunidades, restaurando 35 hectares de áreas degradadas. A iniciativa representa um modelo prático de como o Brasil pode cumprir seus compromissos no Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), que prevê restaurar 12 milhões de hectares até 2030.

Diferente das monoculturas convencionais, os sistemas agroflorestais criados pelas famílias misturam até 20 espécies diferentes numa mesma área. Árvores como jatobá e itaúba crescem ao lado de frutíferas como açaí e bacuri, enquanto plantas medicinais como copaíba e andiroba completam o mosaico verde.

Essa estratégia substitui a tradicional agricultura de corte e queima, prática comum na região que empobrece o solo ao longo do tempo. Com os novos sistemas, as famílias conseguem produzir continuamente na mesma área, sem precisar abrir novos roçados na mata.

Recuperação ecológica

A mudança já trouxe resultados econômicos concretos. A produção de óleo essencial de breu na usina local saltou de 20 para 40 litros mensais. Para tornar o processo ainda mais sustentável, painéis solares agora fornecem energia limpa para o equipamento, eliminando o uso de combustíveis fósseis.

A história por trás das mudas revela como o projeto transformou vidas individuais. Claudirleia Gomes, moradora local, assumiu um viveiro comunitário durante um dos momentos mais difíceis de sua vida, quando cuidava do marido enfermo.

"Eu acredito que essa missão veio de Deus. No início eu não queria, estava cansada, era tudo muito difícil. Mas esse trabalho me curou por dentro, sabe? Cuidar da terra, das mudas, ver a vida brotar... é como se cada árvore fosse um pedaço de esperança. Quando a gente planta, a gente sente que está deixando algo vivo para o futuro", celebra.

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O trabalho dela e de outros viveiristas envolve coletar sementes na floresta, preparar substrato, acompanhar o crescimento das plantas e fazer o manejo até que estejam prontas para o plantio definitivo. É uma rotina que exige conhecimento técnico e dedicação diária.

Laboratório para metas climáticas

A experiência amazônica chega num momento crucial para as discussões climáticas mundiais, especialmente com o Brasil se preparando para sediar a COP30. O projeto demonstra na prática como cumprir compromissos internacionais de restauração florestal sem deixar as comunidades locais para trás.

"São 200 hectares sendo restaurados em diferentes Unidades de Conservação do Amazonas, considerando o fortalecimento das cadeias produtivas baseadas na biodiversidade, a promoção de capacitação profissional e a consolidação de estruturas e estratégias para restauração com foco na participação da comunidade local", afirma Rodolfo Costa Marçal, gerente de projetos do Floresta Viva e porta-voz da iniciativa pelo FUNBIO.

"A expectativa é que o projeto seja referência para outros projetos de restauração na Amazônia."

Floresta e justiça social

Para os idealizadores do projeto, plantar árvores na Amazônia vai muito além de compensar emissões de carbono ou cumprir metas ambientais. Trata-se de reconhecer que as comunidades tradicionais são as verdadeiras guardiãs da floresta e precisam ter meios dignos de subsistência para continuar protegendo o bioma.

"Plantar árvore na Amazônia é mais do que reflorestar: é manter a floresta viva, criar oportunidades para quem vive nela e garantir um futuro possível. Esse projeto é sobre justiça climática, mas também sobre autonomia e protagonismo das comunidades tradicionais", afirma André Vianna, diretor técnico do Idesam.

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