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Gerando Falcões usa ‘Dignômetro’ para alcançar meta de tirar 1 milhão de brasileiros da pobreza

No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, organização expande ferramenta que mede pobreza multidimensional para toda a rede de ONGs parceiras

O Dignômetro é uma ferramenta composta por 10 perguntas que avaliam diferentes dimensões da pobreza (Leandro Fonseca/Exame)

O Dignômetro é uma ferramenta composta por 10 perguntas que avaliam diferentes dimensões da pobreza (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 17 de outubro de 2025 às 11h00.

Última atualização em 17 de outubro de 2025 às 13h17.

No Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, celebrado nesta sexta-feira, 17, a Gerando Falcões anuncia que vai usar o Dignômetro, ferramenta que acompanha a dignidade em múltiplos setores, para alcançar sua meta de acompanhar a superação da pobreza de 1 milhão de brasileiros ao longo dos próximos 10 anos.

O medidor, que já funcionava em programas específicos como o Favela 3D, agora passa a ser utilizado em todas as tecnologias sociais da organização, medindo a pobreza multidimensional além da renda familiar.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Edu Lyra, fundador da Gerando Falcões, explica como funciona a ferramenta e os planos para transformar a vida de milhões de brasileiros.

O Dignômetro é uma ferramenta composta por 10 perguntas que avaliam diferentes dimensões da pobreza. Ao contrário dos índices tradicionais que focam apenas em renda, o instrumento analisa aspectos como habitação, segurança alimentar, educação, saúde, saneamento, água, geração de renda, poupança, conectividade e bens essenciais.

Antes utilizado com mais de 20 perguntas, o Dignômetro passou por um exercício profundo de simplificação para conseguir operar em escala nacional. "Precisamos simplificar para conseguir fazer em escala", conta Lyra.

"A pobreza não é um problema só, é multidimensional. Uma pessoa pode ter dinheiro no bolso, mas se as crianças estão fora da creche, se está endividada e não conseguiu fazer três refeições ininterruptamente nos últimos seis meses, se mora em casa sem CEP... essa pessoa está na pobreza", explica.

Como funciona na prática?

O processo começa quando um mentor social encontra uma família e aplica o questionário de 10 perguntas. Se a família não atende a três ou mais critérios, ela entra no programa Decolagem, de superação da pobreza, da Gerando Falcões.

A partir daí, uma jornada personalizada é construída para quebrar o ciclo de pobreza em um universo de um a dois anos. Cada desafio identificado vira uma meta: filhos fora da creche, falta de documentação, desemprego… tudo é mapeado e transformado em ações concretas.

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A plataforma Decolagem foi inteiramente criada com inteligência artificial e automatização. Um agente de WhatsApp envia lembretes às famílias sobre suas metas: "Oi! Precisa levar seu filho na creche, vamos lá?". Se a pessoa responde que não vai, o mentor social humano é acionado imediatamente para intervir.

"O que fazemos é uma combinação de usar tecnologia, IA, agentes e interação humana no campo, com pessoas qualificadas que são mentores sociais, para não permitir que as famílias parem na trilha, mas sigam nela e saiam desse cenário de pobreza", destaca Lyra.

A conectividade ganha peso especial nesse contexto. Para a organização, todo brasileiro precisa estar conectado à rede e requalificado para um mundo cada vez mais desafiador, onde a automação e a inteligência artificial transformam o mercado de trabalho.

Erradicação da pobreza

Ainda em 2025, 5 mil famílias começaram a ser embarcadas no programa. A operação é feita pela rede de 2 mil ONGs parceiras da Gerando Falcões, todas certificadas para operar o Decolagem. "Criamos gamificações com mentores e ONGs, premiando e estimulando os melhores desempenhos, e qualificando as ONGs que não estão indo tão bem", descreve Lyra.

Para financiar essa jornada, a Gerando Falcões criou recentemente o Fundo Dignidade e convidou a Fundação Lemann para um match funding: cada real captado é dobrado pela fundação. A Fundação já doou R$ 50 milhões, e a organização já levantou quase R$ 80 milhões dos R$ 100 milhões da meta inicial - 80% do caminho percorrido. Além disso, a Accenture também aprovou o apoio de R$ 5 milhões, foco no planejamento estratégico e da infraestrutura tecnológica por trás do projeto, como os agentes de IA.

Embora tenha sido criado pela Gerando Falcões, o Dignômetro não é exclusivo da organização. Prefeituras, governos e empresas podem se conectar à plataforma.

"O Brasil não pode medir pobreza só com renda. A gente tem que encarar os problemas de forma mais profunda", afirma Lyra. "Pobreza é uma invenção humana. E se é humana, a solução também é."

A meta de 1 milhão de pessoas é encarada como um protótipo. "Temos muitas mais pessoas a atingir, mas vamos acertar, vamos errar e vamos aprender com isso no processo. O compromisso é transformar a pobreza da favela em dignidade antes de Marte ser colonizado, custe o que custar".

Acompanhe tudo sobre:PobrezaONGsFavelasTecnologiaImpacto social

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