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Governo quer plantar 300 mil hectares nas cidades até 2050 para enfrentar desigualdades climáticas

Cidades brasileiras carecem de infraestrutura verde para enfrentar ondas de calor e enchentes; plano do governo visa combater essa desigualdade

Entre os principais objetivos do plano estão a melhoria da saúde pública e a adaptação das cidades brasileiras aos efeitos das mudanças climáticas

Entre os principais objetivos do plano estão a melhoria da saúde pública e a adaptação das cidades brasileiras aos efeitos das mudanças climáticas

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 26 de julho de 2025 às 15h38.

Apesar de ser o segundo maior país do mundo em área florestal, o Brasil enfrenta uma grande desigualdade no que diz respeito à arborização urbana. Com quase 500 milhões de hectares de vegetação nativa, o país detém mais de 98% de sua cobertura florestal original. Contudo, essa "potência verde" não se reflete nas cidades, onde mais de 58 milhões de brasileiros vivem em ruas sem árvores, segundo o último Censo do IBGE.

A falta de arborização nas cidades tem implicações diretas para a qualidade de vida dos habitantes, com impactos na saúde pública, no aumento das temperaturas locais e na segurança urbana. Além de intensificar o desconforto térmico nas áreas mais densamente povoadas, a ausência de árvores contribui para a piora da qualidade do ar e a redução de áreas de lazer, afetando principalmente as populações mais vulneráveis, que moram em locais menos favorecidos.

Buscando enfrentar esse problema, o governo federal está elaborando o Plano Nacional de Arborização Urbana (PlaNAU), iniciativa que visa aumentar a cobertura vegetal das cidades brasileiras em 300 mil hectares até 2050. A proposta será oficialmente apresentada na COP30, em novembro, em Belém (PA), e tem como objetivo ampliar a presença de árvores nas calçadas, praças e parques urbanos, promovendo um ambiente mais saudável e resiliente aos impactos climáticos.

Arborização das cidades

O PlaNAU será coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade e outras instituições de ensino e pesquisa, como a Universidade Federal de Alagoas (UFAL). O plano será implementado de forma participativa, com oficinas regionais sendo realizadas em todo o país para envolver as populações locais na definição das estratégias de arborização que melhor atendem às necessidades de cada cidade.

Rodrigo Perpétuo, secretário executivo do ICLEI América do Sul, destaca que o PlaNAU não se limita ao simples plantio de árvores: "A arborização urbana precisa ser pensada de forma planejada, garantindo que as árvores realmente melhorem as condições de vida das pessoas, promovendo saúde pública e ajudando as cidades a se adaptarem às mudanças climáticas", afirmou Perpétuo.

Entre os principais objetivos do plano estão a melhoria da saúde pública e a adaptação das cidades brasileiras aos efeitos das mudanças climáticas, como ondas de calor e enchentes. A arborização pode reduzir as temperaturas locais, melhorar a qualidade do ar e proporcionar espaços de lazer e convivência para a população. Além disso, o verde nas cidades também pode ajudar a atenuar os impactos de eventos climáticos extremos, como inundações, ao reduzir o efeito de "ilha de calor" e contribuir para a absorção de água das chuvas.

Desafios para implementação

No entanto, os desafios para implementar o PlaNAU são grandes. As cidades brasileiras, especialmente as maiores, enfrentam dificuldades estruturais, como a falta de planejamento urbano e a escassez de recursos para a execução de projetos desse porte.

Além disso, a mobilização da população será fundamental para o sucesso do plano, uma vez que a conscientização sobre a importância da arborização urbana e o engajamento da sociedade são essenciais para garantir que as árvores plantadas sejam preservadas e cuidadas.

O governo federal reconhece que o processo de arborização não se limita ao plantio, mas envolve o acompanhamento e a manutenção das áreas verdes, a fim de garantir que elas realmente contribuam para a melhoria das condições de vida. Além disso, o PlaNAU propõe que as cidades sejam preparadas para enfrentar os desafios ambientais do futuro, com uma infraestrutura verde capaz de mitigar os efeitos da crise climática e reduzir a desigualdade que ainda persiste nas áreas urbanas.

A proposta, que ainda está em fase de elaboração, visa não apenas mudar a paisagem das cidades brasileiras, mas também corrigir uma das falhas mais evidentes em termos de justiça social e ambiental. A ampliação da arborização urbana será, portanto, uma das frentes mais importantes para transformar a realidade das cidades brasileiras e torná-las mais resilientes, inclusivas e adaptadas às condições climáticas do século XXI.

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