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Guerra comercial entre EUA e China: como pode afetar a energia no Brasil?

Tensões entre potências reordenam cadeias globais e afetam a transição energética no Brasil, com desafios logísticos, financeiros e geopolíticos

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping (AFP)

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping (AFP)

Publicado em 14 de abril de 2025 às 17h22.

Última atualização em 14 de abril de 2025 às 17h23.

A escalada das tarifas entre Estados Unidos e China em 2025 — com sobretaxas americanas que chegam a 145% sobre importações chinesas (percentual de que se tinha notícia no fechamento deste texto) — não é apenas um embate bilateral. Trata-se de uma reconfiguração geoeconômica com efeitos profundos em cadeias globais de valor.

Para o Brasil, os reflexos são evidentes: aumento de custos, escassez de equipamentos, dificuldade de acesso a financiamento e incertezas nos investimentos em energia limpa.

Por que o Brasil deve se preocupar com o conflito?

Mesmo fora do eixo direto de conflito, o Brasil depende da China para insumos críticos da transição energética. Itens como painéis solares, turbinas eólicas, baterias e chips eletrônicos são majoritariamente importados. Com o comércio global desses produtos afetado, projetos brasileiros enfrentam altos custos, atrasos e riscos de inviabilidade econômica.

A transição energética brasileira está em risco?

A matriz energética do Brasil é uma das mais limpas do mundo, mas sua expansão exige infraestrutura — e boa parte dela vem da Ásia. Um aumento abrupto no preço ou na dificuldade de importação pode comprometer o avanço da energia solar e eólica, especialmente entre pequenos e médios investidores, que não têm margem para amortecer choques internacionais.

Além disso, o clima de incerteza tende a retrair o apetite dos investidores. Fundos e instituições financeiras globais evitam riscos em tempos de tensão comercial, o que pode comprometer o financiamento de novos projetos no Brasil.

Geoeconomia em transformação: riscos e oportunidades para o Brasil

Esse cenário ilustra o retorno da geoeconomia como lógica dominante. O comércio global está sendo redirecionado por critérios de segurança e estratégia — não mais apenas por eficiência e custo. É a “economia da incerteza”, em que resiliência substitui globalização total.

Nesse contexto, o Brasil pode adotar uma postura estratégica:

  • Diversificar fornecedores, ampliando relações com Índia, Vietnã e América Latina, entre outros;
  • Reindustrializar setores-chave, como o de painéis solares e eletrônicos;
  • Criar políticas industriais verdes, com incentivos fiscais e linhas de crédito específicas;
  • Garantir segurança jurídica e regulatória, atraindo capital externo.

Mais que reação, o momento pede protagonismo geoestratégico. O Brasil pode se consolidar como “swing state” energético — neutro, mas vital ao equilíbrio global de energia.

O futuro energético do Brasil passa por decisões agora

A disputa entre EUA e China não acontece no vácuo — e o Brasil não pode se dar ao luxo de assistir de camarote. A energia do futuro passa por cadeias globais, mas depende de respostas locais. Se o país agir com estratégia, poderá não apenas sobreviver à crise, mas também se destacar como liderança verde da nova geopolítica energética.

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