ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Justiça climática em perspectiva: a crescente necessidade de se discutir o papel do oceano

Ecossistemas marinhos são essenciais no combate às mudanças climáticas e a pauta está ganhando espaço nos tribunais internacionais, fóruns multilaterais e agora também em iniciativas brasileiras

Além de sustentar a pesca, o transporte e o turismo, o oceano tem a maior capacidade natural de captura de carbono do planeta (Reinhard Dirscherl\ullstein bild/Getty Images)

Além de sustentar a pesca, o transporte e o turismo, o oceano tem a maior capacidade natural de captura de carbono do planeta (Reinhard Dirscherl\ullstein bild/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 7 de setembro de 2025 às 14h00.

*Por Carollina Arbex e Gabriel Ralile, da LACLIMA

Por muito tempo, o oceano foi tratado apenas como espaço de exploração econômica ou geopolítica. Mas esse cenário começa a mudar. O reconhecimento crescente de seu papel central no combate às mudanças climáticas está ganhando espaço nos tribunais internacionais, nos fóruns multilaterais e agora também em iniciativas brasileiras.

Desde 2017, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou o período de 2021 a 2030 como a “Década do Oceano”, com a meta de impulsionar ciência e políticas públicas para reverter a deterioração marinha.

A importância é evidente: além de sustentar a pesca, o transporte e o turismo, o oceano tem a maior capacidade natural de captura de carbono do planeta, funcionando como aliado estratégico na mitigação do aquecimento global.

Essa relevância já entrou no radar de organismos como o G20, que criou o subgrupo Oceans20 (O20), e da COP 30, que será realizada em novembro em Belém (PA). Também avançou nos tribunais: em 2024 e 2025, decisões da Corte Internacional de Justiça (CIJ), do Tribunal Internacional do Direito do Mar (ITLOS) e da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) reforçaram a obrigação legal dos Estados de proteger o ambiente marinho diante da emergência climática.

No Brasil, a Rede LACLIMA – a 1ª Rede de advogados, bacharéis e estudantes de direito que se dedica ao estudo, desenvolvimento, compartilhamento e produção de conhecimento sobre mudanças climáticas da América Latina – lançou neste ano o Grupo de Trabalho “Oceano e Clima”, reunindo especialistas em direito, meio ambiente e políticas públicas para discutir como a justiça climática deve incorporar a proteção dos ecossistemas marinhos.

O objetivo é ir além do debate acadêmico: criar subsídios para políticas públicas, diretrizes jurídicas e iniciativas privadas comprometidas com a conservação oceânica.

O grupo já promoveu seu primeiro encontro com o tema “Justiça Climática e Oceano: considerações a partir das recentes Opiniões Consultivas da ITLOS, Corte IDH e CIJ” para debater os impactos das recentes opiniões consultivas internacionais.

A atividade contou com a participação de especialistas como Maria Antonia Tigre, diretora global de direitos humanos e meio ambiente da Global Network for Human Rights and the Environment (GNHRE), e Lucas Vollers, advogado internacionalista, membro da Comissão de Direito Internacional da OABRJ e pesquisador na FGV Direito Rio. Novas rodadas de discussão estão previstas até o fim do ano.

O GT “Oceano e Clima” tem a capacidade de ser um espaço transformador, capaz de impulsionar mudanças concretas e construir debates que contribuam para um futuro mais justo e sustentável. O oceano não pode mais ser visto apenas como recurso econômico, mas como ambiente sujeito a direitos, essenciais à justiça climática.

Em um momento em que o Brasil se prepara para receber a COP30, a iniciativa reflete uma tendência global: integrar ciência, direito e justiça social para enfrentar os desafios climáticos. O oceano, finalmente, começa a ocupar o lugar que lhe cabe — não só como espaço de oportunidades, mas como pilar de sobrevivência no planeta.

*Carollina Arbex é advogada formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e sócia do escritório Arbex & Gonzalez, Advogadas Associadas. Redatora de sustentabilidade com atuação no Brasil e na
América Latina e coordenadora do Grupo de Trabalho Oceano e Clima da Rede LACLIMA.

*Gabriel Ralile é advogado com experiência nas áreas de comércio exterior, direito do mar e energias offshore. Pesquisador do Centro de Direito Global (CPDG) e do Jean Monnet Centre of Excellence on
EU-LA Global Challenges (CEJM). Doutorando em Direito da Regulação pela FGV Direito Rio e mentor do Grupo de Trabalho Oceano e Clima da Rede LACLIMA.

Acompanhe tudo sobre:ESGSustentabilidadeClimaMudanças climáticasOceanosÁgua

Mais de ESG

Projeto oferece oficinas de artesanato e educação sobre golpes bancários para pessoas 60+

Centro de Oceanos da ONU é lançado no Brasil com foco na segurança de trabalhadores da economia azul

Consórcio Amazônia Legal espera COP30 focada na geração de riqueza para povos da floresta

Pesquisadores detectam evento sem precedentes no Golfo do Panamá e alertam para impactos climáticos