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Mãe e filha constroem casa ecológica com 8 mil garrafas de vidro recicladas; veja o resultado

"Casa de Sal", no Pernambuco, é primeira casa vertical feita a partir de garrafas de vidro no mundo e retirou 8 toneladas de lixo das ruas; confira imagens

De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro, o Brasil produz mais de 8,6 bilhões de unidades de vidro por ano (@casadesal.eco/Instagram/Reprodução)

De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro, o Brasil produz mais de 8,6 bilhões de unidades de vidro por ano (@casadesal.eco/Instagram/Reprodução)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 16 de abril de 2025 às 13h45.

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Na Ilha de Itamaracá, no litoral norte de Pernambuco, mãe e filha idealizaram e construíram a primeira casa do Estado feita a partir de garrafas de vidro. Ao todo, 8 mil frascos foram retirados das ruas da Praia do Sossego, onde a família mora, e reciclados para formar as “paredes” da moradia.

Chamada de “Casa de Sal”, a construção foi realizada por Maria Gabrielly Dantas, designer de moda, e sua mãe, Edna Dantas. O trabalho teve início durante a pandemia, em maio de 2020.

Segundo Maria, a ideia surgiu após observar a constante presença de lixo nas ruas e praias da ilha, mesmo na área de proteção ambiental da Mata Atlântica. O objetivo era reutilizar itens descartados em locais irregulares e dar uma nova vida aos materiais de vidro por meio da reciclagem.

A família já possui um histórico de trabalho em cooperativas de reciclagem e decidiu aplicar seus conhecimentos na área para implementar a ideia. Após dois anos, todos os sete cômodos estavam prontos, incluindo o uso de materiais reciclados na restante da estrutura da casa, como móveis descartados que ganharam uma segunda vida.

Design ecológico

Em entrevista ao Correio Braziliense, Maria Gabrielly conta que a transparência das garrafas ajuda a garantir mais luminosidade ao interior da casa. “Segundo nossa pesquisa, temos a primeira casa vertical do mundo que usa garrafas de vidro na construção”, afirma.

As telhas da casa foram feitas de tubos de cremes dentais, enquanto as divisórias internas utilizam madeiras reutilizadas de paletes. Cerca de 8 toneladas de vidro foram recicladas pela família, que ainda implementou 5 mil garrafas na construção de eco-lixeiras comunitárias.

As duas descrevem a Casa de Sal como uma reivindicação por moradia e ecologia popular para mulheres negras. “Quando se nega o direito à moradia, alimentação, saúde, educação, cuidado com a Terra e o bem-viver, também se nega o direito à vida”, afirmam.

“É um conceito de ecodesign, arquitetura vernacular e bioconstrução”, explica Maria. A família acredita que a construção da casa ajudará a regenerar o solo ao redor do imóvel.

Reciclagem do vidro no Brasil

De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro, o Brasil produz mais de 8,6 bilhões de unidades de vidro por ano. Isso corresponde a 1,3 milhão de toneladas que entram em circulação no mercado, gerando uma movimentação de cerca de R$ 120 milhões. No entanto, até 2022, a Associação Nacional dos Catadores só contabilizava a reciclagem de 171 mil toneladas desse material.

O cenário apresenta uma leve melhoria: em 2024, a indústria de vidro afirmou ter atingido a meta de 25% de reciclagem das embalagens, quantia determinada pelo sistema de logística reversa das embalagens de vidro. Isso equivale a 221 mil toneladas do material, ainda uma parte pequena das 877 mil toneladas consumidas ao longo do último ano.

Desafios para a reciclagem do vidro

A logística em torno da reciclagem do vidro ainda é um fator que impede o aumento da reciclabilidade do item. Isso ocorre porque muitas cidades não contam com um serviço de coleta seletiva eficiente, o que dificulta o retorno do vidro ao centro produtivo. Além disso, o material apresenta um baixo valor comercial para os catadores, que muitas vezes não o recolhem, já que o pagamento pelo quilo recolhido não compensa o peso e os riscos envolvidos na coleta do vidro.

Além disso, o descarte em locais irregulares reduz a quantidade disponível para reciclagem e atrasa o retorno desse material aos centros de coleta.

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