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Mais de 40 universidades americanas são investigadas por programas de diversidade

Após punir Columbia com corte de $400 milhões, governo mira outras instituições de elite como Harvard e Yale

Universidade que formou presidentes e CEOs, Harvard agora precisa defender suas políticas inclusivas (PGiam/Getty Images)

Universidade que formou presidentes e CEOs, Harvard agora precisa defender suas políticas inclusivas (PGiam/Getty Images)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 15 de março de 2025 às 20h27.

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O Departamento de Educação dos Estados Unidos intensificou sua ofensiva contra instituições de ensino superior, ao anunciar na sexta-feira (14) uma investigação em 45 universidades por supostas práticas discriminatórias baseadas em raça.

A medida ocorre em paralelo às advertências enviadas para 60 universidades, incluindo Harvard e Yale, sobre possíveis cortes de financiamento federal caso não resolvam adequadamente denúncias de assédio antissemita em seus campi.

A ação é parte de um esforço coordenado da administração Trump contra políticas de diversidade tanto em instituições acadêmicas quanto em empresas, e já tem resultado em mudanças significativas nas políticas de inclusão em curso nas últimas décadas.

Harvard e Yale na mira

Harvard e Yale, duas das universidades mais prestigiadas do país, estão entre as instituições que receberam advertências formais do Departamento de Educação. Harvard, com um endowment avaliado em aproximadamente $50 bilhões, enfrenta pressão particular após as consequências dos protestos pró-palestinos que ocorreram em seu campus no ano passado, desde o início da guerra em Gaza em outubro de 2023.

A universidade já enfrentava intensa fiscalização desde janeiro, quando sua ex-presidente Claudine Gay renunciou após ser duramente criticada por suas declarações consideradas evasivas sobre incidentes antissemitas durante audiência no Congresso. Yale, com seu endowment de cerca de $40 bilhões, também enfrenta ameaças concretas de perder parte significativa do financiamento federal destinado a pesquisas e programas educacionais.

Historicamente, ambas as instituições têm liderado a agenda de iniciativas de diversidade e inclusão em ensino no país, mas agora se veem obrigadas a reavaliar seus programas sob a nova interpretação do Departamento de Educação sobre o Título VI da Lei dos Direitos Civis, legislação americana que proíbe discriminação baseada em raça em instituições que recebem verbas federais.

A prestigiada Universidade Columbia já sofreu consequências concretas das novas diretrizes, quando a administração cancelou aproximadamente $400 milhões em subsídios e contratos federais da instituição, citando sua "inação contínua diante do assédio persistente a estudantes judeus."

Cerca de um ano atrás, Columbia serviu como epicentro dos protestos nacionais no ano passada sobre a guerra em Gaza, o que agora resulta em repercussões financeiras significativas.

Em comunicado oficial no último dia 10 de março, Linda McMahon, Secretária de Educação dos EUA declarou: "O Departamento está profundamente decepcionado que estudantes judeus estudando em campus de elite dos EUA continuem temendo por sua segurança em meio às erupções antissemitas implacáveis que têm perturbado severamente a vida no campus por mais de um ano."

O comunicado ainda destacou que "faculdades e universidades americanas se beneficiam de enormes investimentos públicos financiados pelos contribuintes americanos. Esse apoio é um privilégio e está condicionado à adesão escrupulosa às leis federais antidiscriminação."

O efeito em cascata da cruzada contra diversidade

A mudança na diretriz governamental ocorre após a Suprema Corte ter revogado, em 2023, a política de ação afirmativa nas admissões universitárias, decisão que já havia enfraquecido significativamente os esforços institucionais para aumentar a diversidade no ensino superior americano.

O presidente Trump, em declaração recente, afirmou que "sabemos que há mais estudantes em Columbia e outras universidades pelo país que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e anti-americanas, e a administração Trump não vai tolerar isso," sinalizando que as pressões sobre as instituições de ensino devem se intensificar nos próximos meses.

Críticos da administração argumentam que estas ações representam uma reinterpretação radical das leis de direitos civis, originalmente criadas para proteger minorias contra discriminação, agora sendo utilizadas para acabar com programas que visam aumentar a representatividade de grupos historicamente sub-representados tanto na academia quanto no mercado de trabalho.

A pressão sobre programas de diversidade não se limita ao setor acadêmico. Desde que Trump retornou à presidência em janeiro de 2025, diversas corporações americanas têm recuado em seus compromissos com políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI).

Gigantes do setor tecnológico como Google, Meta e Amazon reduziram significativamente suas equipes dedicadas a iniciativas de diversidade, enquanto empresas do setor financeiro, como Goldman Sachs e JPMorgan Chase, também moderaram sua retórica sobre metas de diversidade em comunicações públicas.

Empresas que anteriormente se posicionavam ativamente em questões sociais agora adotam posturas mais cautelosas, temendo represálias regulatórias ou contratos governamentais em risco. E a administração Trump já sinalizou que pretende revisar contratos federais com empresas que mantêm programas de DEI considerados "discriminatórios" segundo sua interpretação da legislação de direitos civis.

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