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A maioria dos seguros para carros inclui proteção contra desastres climáticos (Jose Jordan/AFP)
Repórter de ESG
Publicado em 16 de maio de 2025 às 13h58.
Última atualização em 16 de maio de 2025 às 15h16.
A Mapfre liderou o Ranking da Atuação Socioambiental de Instituições Financeiras (RASA) de seguradoras mais sustentáveis do Brasil, divulgado nesta sexta-feira (16) pela Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS) e obtido em primeira mão pela EXAME.
A companhia do setor de seguros alcançou 12,80 pontos em uma escala de zero a cem, superando o Bradesco Seguros (8,77) e a Allianz (7,15), que completaram o pódio. Em último lugar, ficou o Itaú Seguros (0,25 pontos).
O estudo avaliou 13 empresas do setor de seguros atuantes no Brasil com base em 28 critérios socioambientais em temas como mitigação e adaptação às mudanças climáticas, impactos do negócio na biodiversidade e em comunidades tradicionais, eficiência hídrica, saúde e segurança no trabalho, diversidade e relações com consumidores e combate à corrupção.
Ao que tudo indica, a Mapfre está na dianteira de um movimento ESG que começa a ganhar força, mas a análise também revelou que há ainda um longo caminho a percorrer para se de fato integrar ações sustentáveis neste setor.
Segundo Luciane Moessa, diretora Executiva e Técnica da SIS, as notas obtidas indicam que "ainda estamos em um estágio inicial de maturidade".
A pontuação da Mapfre (12,80) contrasta fortemente com o desempenho do Itaú Seguros, que ocupou a última posição no ranking com apenas 0,25 pontos -- o que foi considerado "muito abaixo da média" pelos pesquisadores.
De acordo com o estudo, a Mapfre se destacou pela maior transparência na divulgação de informações relacionadas à agenda verde e oferta mais consistente de produtos com impacto positivo ao meio ambiente.
Entre suas iniciativas, estão seguros para veículos elétricos e híbridos, coberturas específicas para painéis solares e apólices para bicicletas.Outro destaque foi uma maior maturidade na incorporação de critérios socioambientais em suas políticas de subscrição de riscos e gestão de investimentos, ainda que em fase inicial. Esses fatores serão cada vez mais determinantes para a solidez financeira dos negócios a longo prazo, acreditam especialistas do setor.
Um número alarmante demonstra o impacto financeiro concreto que a crise climática já têm causado e justifica a preocupação com a avaliação de riscos climáticos pelas seguradoras: em 12 anos, cidades brasileiras gastaram R$ 700 bilhões com eventos extremos.
Entre 2013 e 2024, 95% dos municípios do país foram atingidos ao menos uma vez por algum desastre natural, com 5.279 cidades afetadas e 70.361 registros oficiais.
O ranking RASA identificou falhas significativas em todo o setor: nenhuma das seguradoras avaliadas pontuou em aspectos considerados essenciais para uma boa gestão de riscos socioambientais, como:
Outro ponto crítico revelado é a "baixa abrangência das bases de dados consultadas para identificação de riscos socioambientais e climáticos".
"Isso faz com que seguros estejam sendo concedidos e investimentos estejam sendo realizados em empresas envolvidas em ilícitos ambientais e sociais", destacou Luciane.
Mas isto está prestes a acabar, segundo uma norma que deve começar a partir de 2027. Todas empresas brasileiras de capital aberto terão que reportar riscos climáticos com o mesmo rigor aplicado às demonstrações financeiras tradicionais. Atualmente, estima-se que CFOs herdam US$ 17 tri em riscos ambientais.
Uma das principais conclusões do relatório é que, mesmo para a líder Mapfre, a sustentabilidade ainda não foi integrada ao núcleo dos negócios.
"Quando se tem contato com esta área nas seguradoras, é possível perceber que o que elas fazem é gerenciar os impactos ambientais, sociais e climáticos das suas instalações físicas, ações filantrópicas e fazer o marketing das poucas iniciativas ESG em seguros e nos investimentos", explicou a diretora da SIS.
"O tema ainda sequer chegou ao core business, sendo normalmente tratado por Diretorias de Comunicação, Marketing e/ou Relações Institucionais e não por áreas-fim", completa.
Para especialistas do setor, o ranking representa uma oportunidade para a empresa se posicionar como referência na transformação do mercado segurador brasileiro rumo a práticas mais sustentáveis.
As seguradoras desempenham papel estratégico na transição para uma economia de baixo carbono, uma vez que podem precificar riscos climáticos e incentivar ações mais responsáveis.