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Meio ambiente na agenda: por que brasileiros estão mais conscientes - e mais exigentes

Do prato ao bolso, hábitos alimentares e impacto econômico conectam população à pauta climática

A ciência vence a desinformação: brasileiros reconhecem papel humano no clima. (Freepik)

A ciência vence a desinformação: brasileiros reconhecem papel humano no clima. (Freepik)

Publicado em 7 de julho de 2025 às 20h30.

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Por Cila Schulman

A cada nova pesquisa de opinião sobre o meio ambiente, surgem diagnósticos alarmistas.

Mas o levantamento realizado pelo Ideia Instituto de Pesquisa para o Brazil Forum UK, em junho de 2025, com 1.502 respondentes, trouxe um motivo raro – e valioso – para algum otimismo: o Brasil está, sim, mudando.

O dado mais emblemático é o reconhecimento, por ampla maioria, de que as mudanças climáticas são causadas por ações humanas.

Segundo o levantamento, 83% dos brasileiros atribuem o fenômeno à interferência humana, enquanto apenas 11% acreditam que as mudanças são naturais e independem da ação do homem.

Essa percepção não é trivial. Ela indica que o discurso científico vem ganhando espaço, mesmo diante de décadas de desinformação e de uma comunicação pública ainda deficiente.

Essa compreensão é o primeiro passo fundamental para qualquer transformação social. Uma população que entende a origem de um problema está muito mais propensa a apoiar – e cobrar – soluções.

Hábitos e comportamento: o início da mudança

Outro sinal promissor está nas respostas sobre hábitos de consumo, especialmente em relação à alimentação.

43% dos brasileiros afirmam concordar que mudar os hábitos alimentares e consumir menos carne pode ajudar a solucionar o problema ambiental no Brasil.

Em um país com cultura fortemente carnívora, essa disposição representa uma quebra de paradigma que, há poucos anos, seria impensável em uma pesquisa nacional.

Além disso, cresce a percepção de que a degradação ambiental já tem impacto direto nas finanças das famílias.

Entre os brasileiros que percebem esse impacto, 38% citam o aumento no preço dos alimentos como o principal efeito econômico da crise ambiental, seguido de 29% que apontam o aumento no custo da energia elétrica e tarifa de água.

Quando o bolso sente, a disposição para mudar tende a crescer.

Transição energética e COP30: uma janela de oportunidade

É verdade que termos como “transição energética” e “COP30” ainda são pouco conhecidos pela maioria.

Apenas 30% dos brasileiros já ouviram falar em transição energética, e o desconhecimento sobre a conferência, mesmo às vésperas do evento em Belém, ainda é significativo: só 29% da população sabe o que é a COP30.

Mas esse é justamente o momento de trabalhar a favor dessa curiosidade latente. Nunca houve tanto espaço para campanhas de educação ambiental e comunicação estratégica como agora.

O desconhecimento, longe de ser um obstáculo intransponível, é uma oportunidade.

Estamos diante de uma população que já percebe os efeitos da crise climática, sente seu impacto econômico e reconhece que as soluções passam por transformações coletivas.

O Brasil de 2025: mais consciente, exigente e pronto para avançar

Os resultados desta pesquisa mostram um Brasil em movimento. Ainda há muito caminho a percorrer, é verdade. Mas o mais difícil – despertar o senso coletivo de urgência e responsabilidade – já começou.

52% dos brasileiros acreditam que a sociedade está mais consciente sobre o meio ambiente do que há 20 anos.

E embora apenas 33% estejam otimistas com o futuro ambiental do país para o próximo ano, essa percepção, aliada ao reconhecimento da gravidade do problema e à disposição para mudanças, cria um ambiente propício para avanços concretos.

O próximo passo é transformar essa consciência crescente em políticas públicas, mudanças de mercado e escolhas individuais mais sustentáveis.

A COP30, em Belém, será mais que uma conferência internacional. Pode ser o marco de uma nova fase da democracia ambiental no Brasil.

Se há um momento para acreditar na capacidade de mudança do país, é agora.

* Cila Schulman é CEO do Ideia Instituto de Pesquisa e do JAQ Hidrogênio

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