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'Não podemos deixar Belém com gosto amargo na boca', diz líder do Greenpeace

Carolina Pasquali, diretora-executiva do Greenpeace, afirmou que a presidência da COP30 deve ouvir todos os países na busca pelo 1,5°C

"Não há 1,5°C sem florestas e não há florestas sem 1,5°C", afirma Carolina Pasquali (Leandro Fonseca/Exame)

"Não há 1,5°C sem florestas e não há florestas sem 1,5°C", afirma Carolina Pasquali (Leandro Fonseca/Exame)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 21 de novembro de 2025 às 18h28.

“Não podemos deixar Belém com esse gosto amargo na boca”. A frase de Carolina Pasquali, diretora-executiva do Greenpeace Brasil, reflete um sentimento comum a muitos dos participantes desta reta final da Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas.

Depois do incêndio que atingiu as instalações da COP30 na quinta-feira, 20, e paralisou as negociações e do texto que abriu esta sexta-feira, 21, ser divulgado sem incluir o roteiro pelo fim dos combustíveis fósseis, o último dia de negociações precisa correr — e muito — para chegar a um consenso sobre os principais temas ainda em aberto na Conferência: transição justa, financiamento, adaptação e o distanciamento dos combustíveis fósseis.

“Queremos que a presidência brasileira possa ouvir todos os países que pedem por mais ambição nas negociações”, conta Pasquali. A especialista reconhece que não se trata de uma missão simples, mas acredita que precisamos de “uma ponte para um lugar melhor, não um pior”.

Nova conferência, antigos problemas

Na manhã desta sexta-feira, um grupo de 37 países organizou uma coletiva de imprensa solicitando uma resposta para o Mapa do Caminho. A Colômbia, que organizou a conversa, informou que realizará em abril de 2026 um encontro em Santa Marta focado na transição para combustíveis limpos. Para Carolina, afirma que a Conferência própria é um caminho interessante, mas fugir do mandato da COP pode acarretar malefícios.

Para ela, as iniciativas são bem-vindas, mas a prevalência da COP deve ser mantida. “Nos reunimos atualmente para entregar uma decisão que é, por consenso, tomada pelos países que assinam essa convenção. Quando começamos a tirar muitos itens da agenda da COP, criamos um problema também”, explica.

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An Lambrechts, estrategista sênior do Greenpeace, foi enfática ao criticar o texto atual, argumentando que ele não atinge a ambição estabelecida na COP16 da Convenção sobre Diversidade Biológica e falha em proteger os direitos dos povos indígenas. "Não há ação para estruturar e respeitar o prazo de 2030 para o fim do desmatamento", afirmou. "Com o texto que temos na mesa, não atingimos o que precisamos. É quase um tapa na cara."

A estrategista alertou para relatórios recentes que apontam a necessidade urgente de redução drástica do desmatamento, algo que o documento atual ignora completamente. "Vamos deixar Belém em completo negacionismo da realidade?", questionou.

A questão do financiamento climático

Rebecca Newsom, especialista em políticas financeiras do Greenpeace Internacional, também presente na coletiva de imprensa, destacou que manter o limite de 1,5°C de aquecimento global é "uma obrigação legal que não pode ser negociada". Ela enfatizou a importância crítica de inserir adaptação e financiamento como pontos adicionais no texto, especialmente para as pequenas ilhas que "contribuem com quase nada, mas pagam o maior preço".

"Para nós, 1,5°C é uma questão de sobrevivência", disse Newsom, ressaltando que não podemos assumir compromissos reduzidos. Ela criticou a posição dos países desenvolvidos e defendeu que o texto precisa ser fortalecido com uma conexão explícita à meta de US$ 300 bilhões estabelecida em Baku, durante a COP29.

"Não há 1,5°C sem florestas e não há florestas sem 1,5°C", reforçou Pasquali. Segundo ela, sem um roteiro claro, ficaremos sem mecanismos efetivos para fechar a lacuna entre as metas atuais e o que é necessário para enfrentar a crise climática.

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