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Líder colombiana anunciou que realizará conferência focada na transição limpa em abril de 2026 (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 21 de novembro de 2025 às 12h19.
Última atualização em 21 de novembro de 2025 às 12h42.
Belém, Pará — Na manhã desta sexta-feira, 21, o último dia da Conferência do Clima da ONU de Belém, ao menos 37 países mobilizaram uma coletiva de imprensa que pede uma resposta da presidência da COP30 sobre o Mapa do Caminho, ou seja, um roteiro que leve ao fim do uso de combustíveis fósseis.
“A COP30 não pode terminar sem um roteiro claro, justo e equitativo para abandonar os combustíveis fósseis no mundo”, declarou a ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Irene Vélez.
A líder da pasta colombiana ainda anunciou que uma conferência focada na transição para combustíveis limpos será realizada em Santa Marta, na Colômbia, entre 28 e 29 de abril de 2026.
A reação dos países foi provocada pelo anúncio de que o último rascunho do texto final da COP30 não menciona o abandono no uso de combustíveis como petróleo, gás e carvão, responsáveis pelas emissões causadoras do aquecimento global.
Segundo negociadores, uma série de países, liderados pelo bloco árabe, se opõe a incluir essa questão no texto final da COP30.
“Precisamos de um plano global, de um roteiro que realmente nos faça ir para frente”, disse Veléz, que afirmou que a conferência em abril na Colômbia funcionará como um processo complementar para as nações, separado do progresso que a Conferência da ONU tem realizado.
Irene Vélez, ministra do meio ambiente da Colômbia: "COP30 não pode terminar sem um roteiro claro para abandonar os combustíveis fósseis" (Ediago Quincó e Eduardo Frazão/Exame)
Tuvalu, pequeno país insular que já sofre com os efeitos da alta do nível do mar, se candidatou para receber a segunda conferência desse tipo, em 2027. Maina Talia, Ministro do Interior, Mudanças Climáticas e Meio Ambiente de Tuvalu, afirmou que o país não pode esperar mais por uma solução contra os combustíveis fósseis.
“O Pacífico veio à COP30 pedindo um roteiro para longe dos combustíveis fósseis que garanta nossa sobrevivência. No entanto, este texto sequer menciona a ameaça à nossa existência. Este processo está falhando conosco, então não vamos esperar”, disse Talia.
A expectativa é que a conferência seja realizada de forma anual e inclua países, empresas e a sociedade civil na busca por um caminho livre do carvão, gás e petróleo, além de mecanismos de comércio, financiamento e tecnologia que assegurem esse resultado.
Juan Carlos Monterrey, enviado-especial do Panamá para o Clima, afirmou que o texto atual falha com a Amazônia, a ciência, a justiça e, especialmente, com o povo.
“O documento não menciona a redução ou eliminação dos fósseis nem o fim do desmatamento”, conta. Ele ainda cita que o rascunho não reitera a linguagem sobre combustíveis fósseis que já foi acordada nas Conferências do Clima passadas.
“O que sabemos é que a presidência colocou em discussão um texto que não pode ser levado em conta, o que está na mesa não reflete nossos valores, nossos princípios e a ciência", cita.
Sophia Hermans, vice-primeira-ministra dos Países Baixos, afirmou que até que se tenha um roteiro estruturado, não está acabado. Ela afirma ser importante que cada país mantenha claro durante as negociações qual a sua ambição e sua posição.
“Como parte da União Europeia, devemos ser ambiciosos na agenda de mitigações, é o que estabelecemos no Acordo de Paris. É o que precisamos para nossas economias e segurança: precisamos transicionar dos combustíveis fósseis e incentivar as fontes limpas”, conta.
Entre os países que solicitam um roteiro para a presidência brasileira estão: Austrália, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chile, Colômbia, Costa Rica, Croácia, República Checa, Dinamarca, Estônia, Fiji, Finlândia, França, Geórgia, Alemanha, Guatemala, Honduras, Islândia, Irlanda, Quênia, Liechtenstein, Luxemburgo, Ilhas Marshall, México, Mônaco, Países Baixos, Panamá, Palau, Coreia do Sul, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça, Tuvalu, Reino Unido e Vanuatu.
Na última terça-feira, 18, mais de 80 países manifestaram interesse por um roteiro que guiasse essa transição.