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Negociações sobre tratado contra a poluição por plásticos enfrentam impasse em Genebra

Representantes de 184 países tentam elaborar tratado internacional contra a poluição por plásticos; indústria petroquímica pressiona contra medidas mais rígidas

Poluição: lixo plástico no mar em Jacarta, na Indonésia. (Andrew Gal/Getty Images)

Poluição: lixo plástico no mar em Jacarta, na Indonésia. (Andrew Gal/Getty Images)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 14 de agosto de 2025 às 13h51.

Última atualização em 14 de agosto de 2025 às 14h03.

Representantes de 184 países têm nesta quinta-feira, 14, apenas algumas horas para elaborar o primeiro tratado internacional contra a poluição por plásticos, depois que um projeto de acordo foi rejeitado na quarta-feira.

Os debates na quarta-feira na assembleia plenária da ONU em Genebra sobre uma proposta de síntese de dez páginas aconteceram em um cenário de grande confusão.

Apenas um grande país, a Índia, aceitou o texto como base de discussão, enquanto a maioria dos governos e organizações participantes o consideraram "desequilibrado" e "inaceitável" para proteger as futuras gerações.

A representação da Colômbia, que deseja um texto ambicioso para combater a poluição por plásticos, considerou o documento "inaceitável". Chile, México, Panamá, Canadá e União Europeia se uniram à posição, assim como as nações insulares do Pacífico.

Apesar das dificuldades, Cate Bonacini, da ONG suíça CIEL, acredita que "ainda há possibilidade de que um novo texto seja apresentado nesta quinta-feira".

A ministra francesa da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher, destacou que é "possível escrever um texto de dez páginas mais equilibrado".

O final das negociações está previsto para meia-noite de quinta-feira, mas o prazo pode ser ampliado até sexta-feira se os diplomatas estiverem perto de alcançar um texto comum.

Estimulado por uma resolução da ONU de 2022, os países tentam elaborar desde então um texto "juridicamente vinculante" que aborde a poluição por plásticos, inclusive no mar.

Contudo, sob pressão dos representantes da indústria petroquímica, contrários a qualquer medida sobre o volume de produção de plásticos no mundo, a comunidade internacional fracassou em elaborar um texto comum na rodada anterior de negociações, no final de 2024 em Busan, Coreia do Sul.

Poluição por plásticos impacta diretamente os oceanos

A nova rodada diplomática, iniciada em 5 de agosto em Genebra, pretendia finalmente alcançar um acordo sobre um documento comum.

A conscientização sobre a crescente poluição por plásticos começou com imagens impactantes dos oceanos e da fauna marinha afetadas.

Mas a multiplicação de estudos científicos sobre o impacto dos polímeros e aditivos químicos na saúde fez o debate evoluir para os efeitos nos seres humanos. Uma coalizão de centenas de cientistas de vários países acompanha as negociações.

O planeta produziu mais plástico desde o ano 2000 do que nos 50 anos anteriores, em sua maioria produtos de uso único e embalagens.

E a tendência prossegue: se nada for feito, a produção atual, de quase 450 milhões de toneladas anuais, triplicará até 2060, segundo as previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Menos de 10% do material é reciclado.

O projeto de tratado apresentado na quarta-feira "garantia apenas que nada iria mudar", afirmou David Azoulay do CIEL.

O texto "se rende aos Estados petroleiros e às demandas da indústria com medidas fracas, não obrigatórias, que garantem que continuaremos produzindo cada vez mais plástico, colocando em risco a saúde humana, o meio ambiente e as futuras gerações", acrescentou.

Além disso, como exige a indústria, "tudo é delegado ao nível nacional, o texto não cria nenhum espaço de cooperação internacional para combater a poluição por plásticos", criticou um representante chileno nas negociações.

Ministros podem apresentar seus próprios textos

Na manhã desta quinta-feira, reuniões regionais foram organizadas, assim como reuniões dos grupos de coalizões.

Aleksandar Rankovic, do grupo de especialistas The Common Initiative, afirmou que o texto havia eliminado todos os trunfos de negociação dos países ambiciosos, o que significa que é pouco provável que obtenham algo melhor do que o que está sobre a mesa.

"Restam dois cenários: um ruim e um ainda pior, com muitos aspectos não tão bons entre ambos", declarou à AFP.

"O cenário ruim seria que os países adotassem um tratado ruim, um texto como o apresentado na quarta-feira".

"O pior cenário seria não alcançar um acordo sobre nada e que planejassem se reunir novamente para elaborar outra síntese, ou que o texto fique abandonado por muito tempo e praticamente descartado".

Para a WWF, os países ambiciosos "reconheceram que não existe um texto aceitável para todos os membros da ONU".

Os ministros agora têm a oportunidade de apresentar "seu próprio texto", declarou Zaynab Sadan, chefe da delegação de plásticos da ONG WWF. "Devem se preparar para que o texto seja aprovado por votação. Não há outra maneira de alcançar um tratado significativo", explicou.

O ministro suíço do Meio Ambiente, Albert Rösti, declarou à agência ATS que a falta de resultados nas conversações de Genebra seria um resultado "grave" e "inaceitável".

A Suíça, país anfitrião das negociações, agora exige um texto concentrado em três temas principais: avanços na produção, sem um objetivo de redução; uma diminuição ou, pelo menos, um monitoramento dos produtos plásticos problemáticos; e a inclusão no acordo de um mecanismo de financiamento para os países em desenvolvimento.

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