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A plataforma se articula em torno da Iniciativa do Tratado de Combustíveis Fósseis, proposta de cooperação internacional que complementa o Acordo de Paris (Ignacio Palacios/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 3 de novembro de 2025 às 14h12.
Uma coalizão de instituições financeiras e ONGs lançou neste final de semana, em Belém, uma plataforma de investimentos voltada para a transição energética em países emergentes. O Journey Fund propõe um modelo que conecta capital privado a países que se comprometem a eliminar combustíveis fósseis, começando com um projeto-piloto de US$ 10 milhões na Colômbia.
O anúncio foi feito durante o Global Citizen Festival: Amazônia, festival realizado uma semana antes da COP30. A iniciativa é incubada pela Bridging Ventures e conta com apoio de instituições como EBG Investment Solutions e BONUS Investment Bank Colombia, além de parceiros locais como a Financeira de Desenvolvimento Nacional da Colômbia (FDN) e a Fundación Avina.
COP30: acesse o canal do WhatsApp da EXAME sobre a Conferência do Clima do ONU e saiba das novidades!A plataforma se articula em torno da Iniciativa do Tratado de Combustíveis Fósseis, uma proposta de cooperação internacional que complementaria o Acordo de Paris ao focar especificamente no fim da expansão de fósseis. Países e jurisdições que aderem à iniciativa teriam acesso prioritário aos investimentos do fundo.
"O Tratado foi criado para preencher uma lacuna no direito internacional — complementar o Acordo de Paris ao abordar o que ele deixou de fora: a necessidade de parar a expansão dos combustíveis fósseis", disse Tzeporah Berman, presidente da iniciativa. "Nossa parceria com o Journey Fund agora visa preencher a próxima lacuna: ajudar nossos países participantes a transformar seus compromissos políticos em ações concretas."
O modelo prevê combinar capital catalisador (de natureza concessionária) com investimentos comerciais, buscando retornos financeiros ao mesmo tempo em que financia projetos de impacto social e ambiental.
O projeto-piloto na Colômbia tem como meta captar US$ 200 milhões para instalar sistemas solares descentralizados em comunidades amazônicas. A primeira fase pretende levar energia solar a 50 mil pessoas nas regiões de Mitú e Puerto Leguízamo, substituindo geradores movidos a diesel importado.
Segundo os organizadores, a iniciativa evitaria a emissão de 38 mil toneladas de CO₂ por ano e poderia ser expandida para beneficiar até 650 mil pessoas. "O Journey Fund ajuda os países a parar de investir no velho mundo e começar a investir no novo — promovendo soluções regenerativas nos setores de energia, alimentos, infraestrutura e natureza", afirmou Rajiv Joshi, fundador da Bridging Ventures.
Pablo Vagliente, diretor da Ikatu, unidade de negócios da Fundación Avina, destacou o desafio de garantir que a transição energética gere benefícios concretos para as populações locais. "A região detém tanto grandes necessidades quanto imenso potencial para uma energia sustentável e acessível. O Journey Fund oferece um modelo para transformar esse potencial em ação”, conta.
A plataforma funcionará como um fundo de fundos, em parceria com gestores regionais focados em mercados emergentes da América Latina, Caribe, Oriente Médio, África e Pequenos Estados Insulares. Os investimentos devem abranger desde infraestrutura energética até empresas em estágio inicial e companhias pré-IPO.