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Número de CEOs mulheres dobra no Brasil, mas desafios persistem

Pesquisa da Bain & Company avalia presença feminina em cargos de alta liderança no país ao longo dos últimos cinco anos e as barreiras até a ascensão delas

As mulheres, em sua maioria, acreditam que há uma falta de equidade nas oportunidades de crescimento (Getty Images/Getty Images)

As mulheres, em sua maioria, acreditam que há uma falta de equidade nas oportunidades de crescimento (Getty Images/Getty Images)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 10 de março de 2025 às 15h23.

O número de mulheres CEOs nas 250 maiores empresas do Brasil quase dobrou nos últimos cinco anos, subindo de 3% para 6%, mas a representatividade feminina ainda é um desafio significativo.

A pesquisa da Bain & Company, intitulada Sem atalhos: o caminho para a representatividade da mulher no topo e o valor para as empresas, analisou a percepção da comunidade empresarial sobre a presença feminina em cargos de liderança e as barreiras que dificultam a ascensão de mulheres ao topo.

O estudo destaca que, embora o avanço tenha sido significativo, o Brasil ainda está longe de alcançar a equidade de gênero em posições de alta liderança.

Além do aumento no número de CEOs, o levantamento revela que a presença de mulheres em outros cargos de alta liderança também avançou. O percentual de mulheres em posições executivas subiu de 23% para 34%, e a participação feminina em conselhos administrativos aumentou de 5% para 10% entre 2019 e 2024.

Representatividade feminina

No entanto, a pesquisa mostra que, na prática, as mulheres começam a perder espaço nos níveis de liderança quando chegam à média gerência, com uma redução de representatividade conforme a hierarquia sobe.

O estudo também ressalta que empresas com lideranças mais diversas são percebidas como mais inovadoras e abertas a novas soluções. Além disso, essas organizações são, em média, 1,8 vezes mais associadas à redução de burocracia e maior foco na geração de valor. Elas também se destacam pela maior capacidade de incorporar a voz do cliente nas decisões e pela atração de talentos.

A diversidade, portanto, é vista como um motor essencial para o crescimento sustentável das empresas, com impacto direto na competitividade e na agilidade organizacional.

A pesquisa desmistifica a ideia de que as mulheres não têm aspiração para cargos de liderança. Tanto homens quanto mulheres afirmam que o desejo de participar das decisões estratégicas e gerar impacto é um fator determinante para alcançar posições de topo.

O futuro da diversidade e inclusão no Brasil: avançando com transformação

Em contrapartida, a pesquisa aponta que os homens buscam a liderança 1,7 vezes mais motivados pela pressão social e pela valorização do status, enquanto as mulheres se sentem mais atraídas por oportunidades de desenvolvimento pessoal e equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Essa diferença pode refletir as expectativas sociais e culturais que moldam as escolhas de ambos os gêneros.

Outro ponto relevante do estudo é a diferença na avaliação de desempenho entre os gêneros. Os homens tendem a ver as mulheres de forma mais positiva em aspectos relacionados ao trabalho em equipe, mas reconhecem menos as habilidades delas em áreas como resolução de problemas. As mulheres, por outro lado, tendem a avaliar a liderança masculina de forma mais crítica, especialmente no que se refere ao desenvolvimento de times e à implementação de estratégias eficazes.

Em relação à equidade no processo de seleção e promoção, as percepções entre homens e mulheres divergem significativamente, especialmente em cargos mais sêniores. As mulheres, em sua maioria, acreditam que há uma falta de equidade nas oportunidades de crescimento, enquanto os homens tendem a acreditar que as promoções são mais meritocráticas. Esse gap reflete a dificuldade das mulheres em quebrar barreiras estruturais e culturais dentro das organizações.

Estratégias para inclusão

Para ampliar a equidade de gênero, a Bain sugere quatro medidas:

  • Uso de dados: Monitorar a diversidade com base em indicadores de negócio.
  • Revisão de processos: Criar metas claras para a alta liderança.
  • Comunicação inclusiva: Estabelecer uma narrativa clara sobre diversidade.
  • Engajamento da liderança: Tornar os executivos corresponsáveis pelos avanços.
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