*Yanê Amoras Lima, Katherine Aguirre, Robert Muggah, do Instituto Igarapé e Amazon Investor Coalition
Por anos, garimpo ilegal, extração de madeira, grilagem e tráfico de fauna movimentaram fortunas e aceleraram o desmatamento, a perda de biodiversidade e a contaminação por mercúrio.
Ainda assim, o tema ficou ausente das negociações da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC/UNFCCC), nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) e no Global Stocktake.
Só a partir da COP28, em Dubai, entrou timidamente na agenda, impulsionado por sociedade civil e organismos internacionais, e em 2024 passou a ser tratado na Convenção da ONU contra o Crime Organizado Transnacional (UNTOC) por meio de resolução liderada por Brasil, Peru e França.
Sem o Estado de Direito e instituições capazes de conter economias ilícitas, a transição verde é letra morta. A baixa capacidade estatal em extensas áreas amazônicas amplia a vulnerabilidade.
Frente a isso, o Instituto Igarapé e a Amazon Investor Coalition publicaram o estudo Fora do Radar, que documenta riscos para sociedade civil e empreendimentos verdes e as estratégias locais para enfrentá-los, a partir de entrevistas e uma pesquisa on-line realizada entre o fim de 2024 e o primeiro semestre de 2025.
As ameaças se sobrepõem, mas variam entre os países.
No Brasil, desmatamento ilegal, insegurança fundiária e captura institucional convivem com falhas de fiscalização e órgãos subfinanciados, cenário explorado pelo Primeiro Comando da Capital e pelo Comando Vermelho.
Na Colômbia, grupos armados e economias ilícitas impõem governança paralela, encarecem a ação pública e travam o investimento sustentável.
Em ambos os lados, o crime ambiental mina a legitimidade do Estado, afasta capital e esvazia compromissos climáticos.
No Brasil, os riscos têm raízes estruturais: fragilidade regulatória, registros de terra opacos e corrupção. Mais da metade dos participantes da pesquisa on-line relataram insegurança nas áreas onde atuam, sobretudo na sociedade civil.
Os impactos mais citados são ambientais e financeiros; o fator mais crítico é a falta de aplicação da lei.
Para mitigar, a agenda é clara: fortalecer a justiça e a fiscalização, assegurar posse da terra, empoderar a governança indígena e comunitária, reforçar marcos ambientais e blindar o financiamento com transparência.
As prioridades incluem presença estatal coordenada, inteligência contra redes criminosas, proteção de defensores e aceleração da regularização fundiária e do ordenamento territorial.
O Brasil já dispõe de instrumentos. Avança a regularização fundiária e a vigilância indígena; ONGs operam plataformas digitais de monitoramento; e o governo retomou o PPCDAm e lançou, em 2023, o Plano Amazônico de Segurança e Soberania (AMAS), apoiado por cooperação policial internacional e operações direcionadas.
A meta é reduzir o desmatamento pela metade até 2030 e reforçar a aplicação da lei.
Integrar riscos territoriais e regulatórios à agenda climática é vital. Mitigação, adaptação e financiamento só funcionam com legalidade, rastreabilidade e proteção de direitos.
As economias ilícitas ligadas à floresta e a minerais movimentam centenas de bilhões de dólares por ano, rivalizando com exportações legais.
A COP30 deve levar o tema ao centro, alinhar clima, justiça e segurança, e incluir métricas de Estado de Direito, transparência fundiária, anticorrupção e capacidade judicial nas NDCs, nos planos de adaptação e nas revisões globais.
Para além disso, o fortalecimento do Estado de Direito não deve ser visto apenas como despesa pública, mas como investimento essencial em estabilidade, confiança do mercado e criação de valor a longo prazo.
Apoiar iniciativas de segurança e justiça é fundamental para proteger ativos, reduzir a exposição e criar as condições para investimentos sustentáveis na Amazônia.
Urgência da COP30
No arco norte e nas fronteiras, o crime organizado impõe governança paralela, financia-se com ouro e madeira ilegais e expande frentes de desmatamento. Dinâmicas do interior repercutem em capitais amazônicas como violência urbana e atravessam fronteiras regionais.
Com vizinhança em quase toda a bacia, o Brasil absorve impactos diretos da mobilidade do crime ambiental.
Por isso, enfrentar esses riscos na COP30 é urgente: Belém, no coração da Amazônia, simboliza tanto os desafios quanto a oportunidade de colocar o crime ambiental no centro da diplomacia climática.
Se essa chance for perdida, a floresta continuará esvaziando a agenda climática e corroendo um território vital para a humanidade.
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Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas - agro - boi - gado -fazenda - boiada - agronegocio - pecuaria -
Foto: Leandro Fonseca
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Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas -
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Amazonia
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Amazonia
(Amazonia)
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Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas - canoa
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Embarcação no Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas - barco navegando rio amazonas
Foto: Leandro Fonseca
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Barco da marinha do Brasil - Embarcação no Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas -
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Embarcação no Rio Amazonas
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Barco da marinha do Brasil - Embarcação no Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas -
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Comunidade ribeirinha no Rio Amazonas, entre Manaus e Parintins (Leandro Fonseca/EXAME)
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Foto: Leandro Fonseca
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Ribeirinhos aguardam a passagem dos barcos na volta de Parintins (Leandro Fonseca/EXAME)
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Embarcação no Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas -
Foto: Leandro Fonseca
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Embarcação no Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas -
Foto: Leandro Fonseca
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Barco no Rio Amazonas
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Ribeirinhos aguardam a passagem dos barcos na volta de Parintins (Leandro Fonseca/EXAME)
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Rio Amazonas -Amazonia - ribeirinhas -
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Foto: Leandro Fonseca
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Embarcação - caminhões tanque de combustivel - Rio Amazonas - Amazonia - ribeirinhas -
Foto: Leandro Fonseca
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Foto: Leandro Fonseca
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Ribeirinhos no rio Amazonas
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Trecho de floresta no Pará
(Abaetuba no Pará - Amazonia -Foto: Leandro Fonsecadata: outubro 2022)
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(Notiê Amazonia -3 Crédito Wesley Diego Emes)
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Casas ribeirinhas da Amazonia - AM
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Casas ribeirinhas da Amazonia - AM
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Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza - ribeirinha
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Airão Velho - Ruinas de Airão Velho - Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza -
foto: Leandro Fonseca
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Ribeirinhas do Parque Nacional do Jau - ICMBIO - Rio Jaú - Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza -
foto: Leandro Fonseca
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Comunidade Ribeirinha Cachoeira do Parque Nacional do Jau - ICMBIO - Rio Jaú - Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza -
foto: Leandro Fonseca
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Comunidade Ribeirinha Cachoeira do Parque Nacional do Jau - ICMBIO - Rio Jaú - Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza - futebol
foto: Leandro Fonseca
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Comunidade Ribeirinha Cachoeira do Parque Nacional do Jau - ICMBIO - Rio Jaú - Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - futebol - Expedição Katerre - Natureza -
foto: Leandro Fonseca
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Comunidade Ribeirinha Cachoeira do Parque Nacional do Jau - ICMBIO - Rio Jaú - Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Futebol - Expedição Katerre - Natureza -
foto: Leandro Fonseca
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Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza -
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As árvores da Amazônia estão cada vez maiores, mas vivem em um equilíbrio delicado
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Rio Negro, na Amazônia
(Amazônia)
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Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza -
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Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza -
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Comunidade Ribeirinha Cachoeira do Parque Nacional do Jau - ICMBIO - Rio Jaú - Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza -
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Comunidade Ribeirinha Cachoeira do Parque Nacional do Jau - ICMBIO - Rio Jaú - Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza -
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Turistas na Expedição Katerre - Turismo - Amazonia - AM - Rio Negro - Selva - Expedição Katerre - Natureza -
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data: outubro 2022
(Abaetuba no Pará - Amazonia -Foto: Leandro Fonsecadata: outubro 2022)
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(Abaetuba no Pará - Amazonia -Foto: Leandro Fonsecadata: outubro 2022)
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(Abaetuba no Pará - Amazonia -Foto: Leandro Fonsecadata: outubro 2022)
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(Abaetuba no Pará - Amazonia -Foto: Leandro Fonsecadata: outubro 2022)