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Cana-de-açúcar: Brasil colhe safra recorde e amplia uso em biocombustíveis e bioenergia.
Publicado em 16 de setembro de 2025 às 15h47.
A cana-de-açúcar foi o principal produto do Brasil durante grande parte do período colonial, especialmente os séculos XVI e XVII. Mesmo com a subsequente diversificação da economia nacional, o país, que será sede da próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), é hoje o líder global de produção de cana. A indústria alcançou uma produção recorde de cana-de-açúcar na safra 2023/2024, colhendo mais de 713 milhões de toneladas em cerca de 10 milhões de hectares cultivados.
Além dos produtos mais consolidados, como açúcar e etanol, o setor busca diversificar receitas pela geração de energia elétrica a partir do bagaço de cana e pelo aproveitamento de resíduos como a vinhaça e torta de filtro para produzir biogás e biometano. Há um interesse crescente na produção de biocombustíveis avançados como o etanol de segunda geração (E2G), e combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) usando o etanol como insumo, além de diversos outros produtos, como mostra a figura a seguir. O biochar (ou biocarbono), por exemplo, que pode ser produzido a partir do bagaço da cana de açúcar, aumenta a produtividade agrícola e gera créditos de carbono.
Essa diversificação, porém, traz um desafio complexo de tomada de decisão para os produtores. As empresas sucroenergéticas devem avaliar se mantêm a produção tradicional de açúcar e etanol ou se investem em novas rotas tecnológicas para gerar produtos de maior valor agregado. A escolha depende de uma série de fatores, como custos de investimento e operação, flutuação de preços no mercado dos produtos gerados e políticas de incentivo. A competição entre os diferentes usos da cana é análoga à tradicional decisão entre produzir açúcar ou etanol, só que agora com um portfólio mais abrangente de opções.
Nesse contexto, novos modelos de análise e otimização têm ajudado a identificar os melhores caminhos para o uso da cana e de seus subprodutos. Um deles é o OptBio, um software em código aberto desenvolvido pela PSR que integra uma iniciativa financiada pela Eneva, empresa brasileira de geração termelétrica, no âmbito do programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ao representar as interações entre os diversos processos produtivos e incertezas de mercado, o OptBio contribui para a estratégia de investimentos das empresas, considerando o melhor uso da cana e de seus resíduos em diversos processos e orientando a indústria em sua transição para um futuro mais sustentável. Ao todo, mais de 20 produtos e 20 processos são considerados.
À medida que o mundo busca alternativas sustentáveis, a cana-de-açúcar se consolida não apenas como um legado histórico, mas como uma fonte versátil e inovadora de energia limpa e de bioprodutos. Com um leque cada vez maior de possibilidades, as escolhas estratégicas das empresas serão cruciais para maximizar seu potencial.