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O papel da inteligência meteorológica no enfrentamento da crise climática

Como big data, satélites e IA estão revolucionando a precisão das previsões em tempo real

Convergência entre recursos tecnológicos tem se convertido em uma bússola climática mais confiável. (Freepik)

Convergência entre recursos tecnológicos tem se convertido em uma bússola climática mais confiável. (Freepik)

Publicado em 31 de julho de 2025 às 07h00.

*Por Patricia Diehl Madeira

A ideia de que o clima está restrito à previsão do tempo já foi ultrapassada. A meteorologia atual vai além de prever se vai chover ou fazer sol amanhã, ela oferece insights valiosos para estratégias robustas de negócio e de administração pública.

Atualmente, as condições meteorológicas são um componente estratégico para governantes e dirigentes dos mais diversos setores da economia, como Defesa Civil, agricultura, logística, energia e varejo.

Eventos climáticos extremos, como secas, tempestades, enchentes e ciclones, têm ocorrido com mais frequência e intensidade, gerando um forte alerta para líderes e tomadores de decisão.

Ignorar essa realidade pode significar prejuízos financeiros, interrupções operacionais, danos à reputação e, acima de tudo, exposição da população.

 O último mês de abril confirma a tendência de aquecimento global consistente, que vem preocupando cientistas e autoridades climáticas. A temperatura média global foi 1,22 °C superior à média do século XX.

Este foi o segundo abril mais quente no registro de 176 anos da NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), ficando apenas 0,07 °C abaixo do abril mais quente já registrado, em 2024.

Dados divulgados por institutos de meteorologia no Brasil e no mundo alertam sobre os riscos causados pelas mudanças climáticas, como o aumento das temperaturas médias anuais em diversas regiões; as alterações no regime de chuvas, com períodos mais longos de seca intercalados com chuvas intensas; a elevação do nível do mar e impactos em áreas costeiras, entre outras ocorrências.

Exemplo disso é o que ocorreu há um ano no Sul do Brasil em função de enchentes devastadoras, que deixaram mortos e milhares de pessoas desabrigadas.

Os prejuízos econômicos ultrapassaram os 50 bilhões de reais, cidades inteiras foram devastadas e infraestruturas essenciais como estradas, rede elétrica e pontes foram danificadas.

Diante desses desastres, a utilização da inteligência climática desponta como um importante aliado dos governos, empresas e de toda a sociedade.

Ela consiste em transformar dados meteorológicos – sejam eles históricos, em tempo real ou preditivos -, em insights estratégicos e acionáveis.

As decisões baseadas nesses insights ajudam a prevenir e reduzir os impactos climáticos, e a proteger vidas e ativos. Informações sobre o clima se transformam em ferramentas de gestão de riscos.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, apenas 24 horas de antecedência no aviso podem reduzir os danos de tempestades ou ondas de calor em até 30%.

Por isso, líderes e tomadores de opinião estão incorporando dados climáticos às suas agendas, com uma abordagem estratégica baseada em pilares como o monitoramento contínuo para prever novos eventos, a realização de investimentos em infraestrutura resiliente e a implantação de estratégias baseadas em ciência climática.

Dados precisos sobre padrões climáticos permitem planejar investimentos mais seguros e estratégias de adaptação, identificar tendências de seca ou aumento das temperaturas que irão orientar decisões sobre o uso eficiente dos recursos hídricos, a eficiência energética e a melhor escolha de locais para novas instalações.

A formulação de estratégias de negócios, bem como a definição de políticas ambientais, sociais e de governança (ESG), dependem, portanto, da análise do clima, para serem bem-sucedidas.

Uma política ESG robusta, que incorpore inteligência meteorológica para antecipar riscos, mitigar impactos e alinhar-se às metas globais de sustentabilidade, como as estipuladas no Acordo de Paris, é necessária e vital.

Um aliado fundamental, nesse sentido é a tecnologia. Plataformas de big data processam volumes enormes de informações meteorológicas em tempo real, enquanto a inteligência artificial auxilia os meteorologistas na definição de modelos que melhoram a precisão das previsões.

Sensores remotos, como radares e satélites, fornecem dados detalhados sobre mudanças no tempo, permitindo respostas rápidas e eficazes.

Este conjunto de ferramentas compõem a chamada Inteligência Climática, que atua como uma bússola confiável para navegar neste presente e futuro incertos.

Os profissionais que trabalham com previsões meteorológicas precisam entregar, cada vez mais, análises precisas e ágeis, enquanto lidam com um clima que se altera de momento para outro.

Isso nos obriga a um aprimoramento permanente dos modelos adotados para melhor traduzir os impactos de curto prazo e antever tendências e cenários futuros.

Tudo para atender com precisão a demanda cada vez maior por parte de empresas, instituições, governos e comunidades.

Ao integrar inteligência meteorológica às políticas e práticas, é possível mitigar os impactos, proteger vidas e construir um futuro mais resiliente e sustentável.

Ao mesmo tempo, é evidente a necessidade imediata de colocar o mundo em uma rota mais segura, com ações de todas as partes para se reduzir o impacto ambiental sobre o Planeta. Não é mais suficiente apenas reduzir o ritmo das emissões.

O cenário que se descortina impõe com mandatório e prioritário que se inverta a atual trajetória de aquecimento global, mesmo que ela talvez não seja factível no curto prazo.

Sem um consenso sobre esta situação, correremos o risco de perder essa batalha, com todas as consequências que isso significa para a economia e a vida no Planeta.

 Não resta dúvida de que a crise climática é um dos maiores desafios da nossa era e que as ações necessárias são incontáveis, fazendo da COP30, que acontece em Belém, em novembro, um evento ainda mais relevante.

Espero que as discussões ultrapassem a fronteira do clima e englobem a sustentabilidade e a justiça social no mundo.

* Patricia Diehl Madeira é CEO da Climatempo

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