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O que são 'cidades-esponja', criadas pelo arquiteto chinês que morreu em queda de avião no Pantanal

Conceito usa soluções baseadas na natureza para reduzir enchentes e foi aplicado em dezenas cidades pelo mundo

Taizhou Jiangbei Park: projeto do arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, criador do conceito cidade-esponja (Escritório Turenscape/Divulgação)

Taizhou Jiangbei Park: projeto do arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, criador do conceito cidade-esponja (Escritório Turenscape/Divulgação)

Publicado em 24 de setembro de 2025 às 09h41.

A queda de uma aeronave de pequeno porte na zona rural de Aquidauana, no Pantanal sul-mato-grossense, provocou a morte de quatro pessoas na noite de terça-feira, 23. Entre as vítimas está o arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu, referência mundial na área e idealizador do conceito de "cidades-esponja", que inspirou projetos urbanos em várias partes do planeta.

Além de Yu, morreram o piloto e proprietário da aeronave, Marcelo Pereira de Barros, o cineasta Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e o diretor Rubens Crispim Júnior. De acordo com amigos, o grupo trabalhava em um documentário sobre soluções urbanísticas para enchentes. As causas do acidente ainda serão investigadas.

Um dos maiores nomes da arquitetura

Nascido em 1963, em Zhejiang, no leste da China, Kongjian Yu saiu de uma família de agricultores para se tornar um dos arquitetos mais influentes de sua geração. Formado na Universidade Florestal de Beijing e doutor em Harvard, fundou em 1998 o escritório Turenscape, hoje um dos maiores do mundo na área de paisagismo.

Professor da Universidade de Pequim e consultor do governo chinês, Yu desenhou projetos em mais de 70 cidades, sempre com a proposta de reconciliar a urbanização com os ciclos naturais da água.

Seu trabalho foi reconhecido internacionalmente em 2023, quando recebeu o Prêmio Cornelia Hahn Oberlander, uma das maiores honrarias da arquitetura paisagística.

O que são as cidades-esponja

A ideia das cidades-esponja surgiu como alternativa à chamada “infraestrutura cinza”, baseada em concreto e canalizações.

Em vez de afastar rapidamente a água das áreas urbanas, Yu defendia soluções que a absorvessem, armazenassem e a reutilizassem. Parques, várzeas alagáveis, jardins de chuva e pisos permeáveis fazem parte do repertório.

O conceito ganhou força na China após enchentes devastarem Pequim em 2012 e hoje já foi aplicado em centenas de cidades chinesas, além de inspirar projetos em países como Dinamarca, Estados Unidos e Austrália.

O modelo busca reduzir riscos de enchentes, melhorar a qualidade da água e mitigar os efeitos das ilhas de calor urbanas.

Em Nova York, por exemplo, a cidade passou a investir bilhões de dólares em parques alagáveis e áreas verdes desenhadas para absorver chuvas intensas, em iniciativas diretamente inspiradas nas propostas de Yu.

Relação com o Brasil

Nos últimos anos, Yu estreitou laços com o Brasil em meio ao debate sobre reconstrução de áreas atingidas por desastres climáticos.

Em junho de 2024, ele esteve no Rio de Janeiro para participar de um seminário promovido pelo BNDES sobre as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul. Na ocasião, classificou o episódio como uma oportunidade para repensar o urbanismo do país.

O arquiteto destacou que a biodiversidade e o potencial de adaptação poderiam fazer do Brasil uma referência mundial em sustentabilidade.

Ao mesmo tempo, criticou a expansão agrícola sem áreas de retenção hídrica, afirmando que o país precisava “transformar a terra em uma esponja” para evitar tragédias como as do Rio Grande do Sul.

Para Yu, as inundações não deveriam ser vistas como inimigas, mas como parte do ciclo natural da água. “Espero que o Brasil possa ser referência sobre como devemos construir o mundo”, declarou durante o evento.

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