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Onda de calor na Europa mata 8 pessoas — e crise climática fará temperatura subir mais

Fenômeno térmico impacta 194 milhões de pessoas no continente e deve se agravar nos próximos dias, confirmando tendência de aquecimento acelerado da região

Calor extremo na Europa: serviços de emergência italianos reportaram aumento de 10% nos casos de insolação, tendo entre as principais vítimas idosos e pessoas em situação de rua. (AFP)

Calor extremo na Europa: serviços de emergência italianos reportaram aumento de 10% nos casos de insolação, tendo entre as principais vítimas idosos e pessoas em situação de rua. (AFP)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 2 de julho de 2025 às 17h31.

Última atualização em 2 de julho de 2025 às 17h47.

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A Europa já contabiliza ao menos oito mortes diretamente relacionadas à atual onda de calor, com temperaturas ultrapassando os 40 °C em diversos países.

O que especialistas consideram o sinal definitivo de um período que deve superar os recordes de mortalidade térmica do continente.

As condições mais severas concentram-se atualmente na França, Itália e Espanha, com previsão de que o calor continue até o meio da semana antes de se deslocar para o leste, atingindo países do sudeste europeu.

Desde terça-feira, 1°, foram confirmadas como vítimas duas pessoas encontradas sem vida em uma área de incêndio florestal na Catalunha, uma criança de 2 anos que faleceu depois de ser esquecida em um veículo na Espanha.

Uma americana de 10 anos desmaiou durante visita ao Palácio de Versalhes. Atendida por socorristas, a criança não resistiu.

Ainda na França, o governo atribuiu ao clima extremo outras duas mortes e registrou mais de 300 internações relacionadas ao calor, além de ordenar o fechamento de escolas e a suspensão das visitas ao topo da Torre Eiffel, em Paris.

Na Itália, um motorista de caminhão de 70 anos foi encontrado sem vida em sua cabine, evidenciando os riscos para trabalhadores expostos às condições extremas. Houve ainda mais um falecimento na Turquia.

Como aconteceu a escalada do calor europeu?

O levantamento mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que aproximadamente 500 mil mortes anuais estão relacionadas às altas temperaturas globalmente, com projeções apontando crescimento de 50% até 2050.

Em 2024, somente na Europa foram registradas 335 mortes relacionadas diretamente a eventos climáticos extremos.

Os números refletem a condição do continente europeu, que experimenta um processo de aquecimento duas vezes mais rápido que a média global, conforme dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus.

A aceleração não é um fenômeno recente, mas resultado de um processo que teve início em 1980 e se desenvolveu em três fases bem definidas.

A primeira delas, entre 1980 e 2000, caracterizou-se por uma elevação moderada inicial das temperaturas, ainda dentro de parâmetros considerados normais pela comunidade científica.

Foi no período seguinte, de 2000 a 2015, que se registrou a aceleração propriamente dita, quando os termômetros passaram a registrar aumentos mais consistentes e preocupantes.

A fase atual, iniciada em 2015 e que se estende até 2024, representa o período de eventos extremos frequentes, quando ondas de calor, secas prolongadas e picos de temperatura deixaram de ser exceções para se tornarem padrão.

Pressão sobre indústria e serviços essenciais

O cenário tem pressionado diversos setores da indústria, forçando empresas e governos a reavaliarem suas capacidades de operação e fornecimento de serviços essenciais.

A demanda energética, por exemplo, disparou, afetando desde residências até complexos industriais.

Em 2024, 194 milhões de pessoas enfrentaram necessidades de resfriamento duas vezes superiores aos níveis históricos do período entre 1995 e 2014, colocando toda a rede elétrica em estado de alerta máximo.

Entre os eventos relacionados a este quadro, destacam-se o desligamento parcial de uma usina nuclear na Suíça e uma série de apagões que atingiram a Itália devido aos picos de consumo provocados pelo uso intensivo de ar-condicionado.

A Itália converteu-se  também em exemplo dos impactos no setor de saúde.

Serviços de emergência locais reportaram aumento de 10% nos casos de insolação, tendo entre as principais vítimas idosos, pacientes com câncer e pessoas em situação de rua.

Para os hospitais, as circunstâncias representaram uma dupla pressão, com a maior demanda por atendimentos relacionados ao calor exigindo maior consumo energético para manter ambientes climatizados adequados para pacientes e equipamentos médicos sensíveis à temperatura..

Adaptação precisa acelerar

Atualmente, 51% das cidades europeias desenvolveram planos específicos de adaptação, representando crescimento de 96% comparado aos 26% registrados em 2018.

Embora a evolução indique uma resposta coordenada, ainda é insuficiente face à velocidade e às consequências das mudanças climáticas.

As estratégias já em curso incluem implementação de sistemas de alerta precoce integrados, mapeamento de pontos críticos de calor envolvendo comunidades locais e expansão de infraestrutura verde urbana.

Ganhou impulso ainda o desenvolvimento de parcerias multinível entre governos locais e nacionais, com 70 países comprometidos em integrar cidades nos planos climáticos nacionais por meio da iniciativa CHAMP (Coalition for High Ambition Multilevel Partnerships for Climate Action, em inglês).

Contudo, a análise econômica revela disparidades regionais significativas na capacidade de resposta.

As necessidades de adaptação são estimadas em US$ 387 bilhões anuais para países de menor renda, cifra entre dez e 18 vezes superior aos fluxos atuais de financiamento internacional público para adaptação climática.

A janela de oportunidade se estreita

Segundo dados do World Resources Institute, as temperaturas extremas podem elevar significativamente os riscos para agricultura e infraestrutura.

Com 3 °C de aquecimento, a maioria das cidades pode esperar ondas de calor mais longas e frequentes do que com 1,5 °C.

O contraste climático leste-oeste de 2024 criou assimetrias na produção solar fotovoltaica, com regiões orientais registrando condições mais favoráveis enquanto áreas ocidentais enfrentaram maior nebulosidade.

Esta variabilidade regional complica o planejamento energético integrado e demanda estratégias diferenciadas de adaptação.

Os dados quantitativos sustentam que a janela para prevenção dos impactos mais severos está se estreitando rapidamente, demandando ação coordenada para evitar a escalada dos impactos já documentados.

Acompanhe tudo sobre:ClimaEuropaMudanças climáticasonda de calor

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