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Repórter de ESG
Publicado em 5 de junho de 2025 às 09h30.
O "3º Fórum Ambição 2030", promovido pelo Pacto Global – Rede Brasil, reuniu líderes empresariais e representantes da ONU para discutir o futuro do país e do mundo em relação às práticas de sustentabilidade e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Em meio à crescente pressão para a implementação de compromissos climáticos, o Brasil se prepara para sediar a COP30, com uma posição clara de liderança em sustentabilidade. O país se destaca por suas vantagens naturais e seu potencial único, sendo considerado terreno fértil para exportar soluções verdes, como foi destacado durante o evento.
A poucas meses da COP, as autoridades apontam que é preciso envolver todos os setores para que este seja, de fato, o encontro da implementação de metas.
Guilherme Xavier, diretor executivo interino do Pacto Global - Rede Brasil, frisou o caráter simbólico do evento, com múltiplos marcos a serem celebrados: "2025 é especial, porque celebramos 80 anos da criação da ONU, 25 anos do Pacto Global e 10 anos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", afirma.
Para ele, a semana do clima foi a escolha ideal para discutir essas questões. "Optamos por realizar o evento durante semana do clima, pois queremos contribuir para o meio ambiente de forma transversal. Não conseguiremos fazer isso sem o engajamento das empresas", conta.
Rachel Maia, presidente do conselho administrativo do Pacto Global – Rede Brasil, destacou o evento como um momento importante de reflexão. "O mundo vai continuar, e nós? Como continuaremos?", abordando o papel das empresas e organizações na continuidade das práticas sustentáveis, além da preparação para a COP30.
Edison Carlos, presidente do Instituto Aegea, trouxe à tona a crise hídrica como uma questão central no debate sobre as mudanças climáticas. "Resolver o problema da água é essencial para combater a crise do clima", disse ele, destacando que 67 cidades no Rio Grande do Sul enfrentaram efeitos por conta das enchentes, enquanto na Amazônia há cidades enfrentando problemas de escassez de água – o que gerou uma situação alarmante do Rio Negro.
Em sua fala, Silvia Rucks, coordenadora residente do sistema ONU no Brasil, chamou a atenção para os desafios globais e os passos necessários para avançar na sustentabilidade: "Se queremos acelerar o caminho rumo à sustentabilidade, precisamos reconhecer que a mudança começa aqui", afirmou.
Ela também levantou questões cruciais sobre práticas empresariais. "Quais são as condições na sua cadeia de produção? E a equidade salarial? Há oportunidades para grupos marginalizados? Os processos estão alinhados com uma economia de baixo carbono?", questionou.
No painel com Bruno Gagliasso, o ator e empresário compartilhou sua experiência pessoal. "Deixei de ter minha hamburgueria porque tinha impacto negativo. Hoje, sustentabilidade é investimento, é ativo financeiro. Se posso impactar positivamente, por que não fazer e ganhar dinheiro com isso?", questionou ele.
Gagliasso também comentou sobre a importância de uma abordagem holística: "Foi depois de plantar 25 mil árvores que percebi que não adianta só plantar, precisamos cuidar do que já existe. Não podemos ficar apenas plantando o novo", refletiu.
Monica Gregori, diretora de impacto do Pacto Global – Rede Brasil, destacou a importância da ação imediata. "Segundo os últimos relatórios da ONU, só avançamos 20% nos ODS. Restam 80% para os próximos 5 anos", afirmou, enfatizando a urgência em acelerar os processos para cumprir as metas estabelecidas.
Outro ponto importante abordado durante o evento foi o contexto global e a articulação para a COP30, onde o Brasil está sob os holofotes. Segundo Tatiana Rosito, Secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, o G20 realizado no Rio de Janeiro foi crucial para preparar o terreno rumo a Belém do Pará, ao trazer as instituições financeiras para o debate sobre financiamento climático. "O evento trouxe as instituições financeiras para o debate do financiamento climático", afirmou, destacando a articulação necessária para que a COP30 seja bem-sucedida.
Tatiana também ressaltou que a agenda de sustentabilidade é fundamental para o desenvolvimento econômico: "Dados mostram que os investimentos sustentáveis já são mais rentáveis do que os em combustíveis fósseis. Já temos casos robustos, que criam mais emprego e geram prosperidade", disse. Para ela, a transformação do mercado financeiro reflete uma mudança de paradigma global, onde ações sustentáveis se tornaram uma vantagem econômica competitiva.
No painel, Dan Ioschpe, campeão climático da COP30, enfatizou que projetos que não consideram sustentabilidade estão "fadados ao desastre" e representam retrocesso. Ele defendeu a integração de sustentabilidade e economia. "Não há nenhum lugar do mundo a ganhar mais com essa agenda do que o Brasil. Somos um arsenal de soluções de sustentabilidade em todas as áreas", afirmou.
O executivo destacou que o país pode desempenhar um papel significativo nas cadeias de valor globais, com apoio dos esforços governamentais.
Apesar do otimismo, Dan reconheceu desafios práticos na implementação das soluções. "Algumas empresas ainda não conseguem alocar recursos em projetos verdes, mas iniciativas como a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos ajudam a avançar."