ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd
Afya Cinza
Copasa Cinza
Danone Cinza
Ypê cinza

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Pacto Verde da UE: de projeto emblemático a problema político

Polarização político-ideológica colocou a pauta no centro de protestos acirrados e agora existe o risco real de se ver um freio à regulamentação ambiental

Futuro: Von der Leyen, que busca um novo mandato, já pediu uma "nova fase" do Pacto Verde com foco na "competitividade" (Leandro Fonseca/Exame)

Futuro: Von der Leyen, que busca um novo mandato, já pediu uma "nova fase" do Pacto Verde com foco na "competitividade" (Leandro Fonseca/Exame)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 6 de maio de 2024 às 12h29.

Última atualização em 6 de maio de 2024 às 12h55.

O ambicioso Pacto Verde da União Europeia surgiu como um grande projeto unificador do interesse político, mas tornou-se centro de protestos acirrados e agora corre o risco de representar um freio à regulamentação ambiental.

"O Pacto Verde é nossa estratégia de crescimento", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em 2019, no lançamento do projeto, destacando a ambiciosa meta de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Em seguida, a Comissão lançou dezenas de projetos de lei para permitir que a UE cumprisse as metas. No entanto, cinco anos depois, as indústrias e os agricultores estão reclamando da carga regulatória e da burocracia, a ponto de vários países terem sugerido a necessidade de uma pausa regulatória. No processo, partes importantes do Pacto foram aprovadas, como o fim dos carros com motores de combustão interna até 2035, o imposto sobre o carbono na fronteira ou o bloqueio de produtos resultantes de desmatamento.

Em abril deste ano, os eurodeputados também validaram textos sobre poluição do ar, tratamento de águas residuais ou embalagens ecológicas, com a proibição do uso de peças de plástico descartável em cafés e restaurantes até 2030. No entanto, a partir de 2023, o processo sofreu grandes retrocessos, como ataques à legislação para reduzir os pesticidas ou a restauração de ecossistemas.

Sob pressão de partidos nacionalistas e da extrema direita, o maior bloco político do Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu (PPE), transformou a questão em um tema eleitoral. Para o eurodeputado alemão Peter Liese, do PPE, é "difícil tornar a transição uma realidade no setor e também entre os cidadãos".

"É possível que o Pacto Verde não seja popular em termos eleitorais, porque os conservadores procuram opor a indústria ou a agricultura à questão climática. Isso é irresponsável", respondeu a deputada espanhola Iratxe García, líder dos social-democratas europeus.

Dificuldades

Um Parlamento Europeu com forte viés de direita provavelmente bloqueará a necessária legislação ambiental pós-2030, ou até mesmo complicará a implementação de textos já adotados. Von der Leyen já abriu a porta para a autorização de "combustíveis sintéticos" para carros após 2035.

Para Phuc-Vinh Nguyen, do Jacques Delors Institute, a ideia de uma pausa regulatória é um "erro ideológico", pois poderia legitimar ataques que buscam mover a discussão para a implementação e as consequências do Pacto Verde.

Essa posição foi claramente declarada pelo vice-primeiro-ministro conservador da Itália, Antonio Tajani. A UE, disse ele, "deve abandonar sua posição extremista e ideológica: a indústria e a agricultura não podem ser penalizadas por metas ambientais inatingíveis".

Nesse contexto, diante do descontentamento agrícola, a UE propôs uma flexibilização das regras ambientais da Política Agrícola Comum (PAC), que foi aprovada em abril. Von der Leyen, líder do PPE e que busca um novo mandato, já pediu uma "nova fase" do Pacto Verde com foco na "competitividade".

Neil Makaroff, do think tank 'Strategic Perspectives', disse que a próxima legislatura poderia ter como objetivo um "plano de reindustrialização" para complementar o Pacto Verde.

Um grupo de 600 empresas assinou uma declaração pedindo "medidas para corrigir" as regulamentações para "eliminar inconsistências e complexidades desnecessárias". O objetivo, segundo o grupo, é "permitir que os empresários prosperem para encontrar as melhores soluções".

Acompanhe tudo sobre:União Europeiainfra-cidadãAgriculturaIndústriaCombustíveisEnergia renovávelEmissões de CO2

Mais de ESG

Quem são os líderes em capacidade de energia solar no mundo?

Ibama suspende fase de exploração do pré-sal da Petrobras por falta de ações climáticas

PL do licenciamento enfraquece esforços de preservação às vésperas da COP30, dizem especialistas

Neve some com um mês de antecedência nos Alpes Franceses após onda de calor histórica