Patrocínio:
Parceiro institucional:
Até 2024, apenas 15% dos projetos de hidrogênio anunciados nos últimos 10 anos estavam no foco dos investimentos de centenas de milhões ou bilhões de dólares (Angel Garcia/Bloomberg/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 12 de agosto de 2025 às 16h11.
Última atualização em 12 de agosto de 2025 às 16h44.
A segunda nação que mais investia em energias renováveis em 2023, com mais de US$ 93 bilhões anuais, agora sofre com novas regras de financiamento e o congelamento de projetos de hidrogênio verde.
No último mês, os Estados Unidos alteraram uma regra criada pelo governo Biden que oferecia subsídios para empresas que desenvolvessem a energia do hidrogênio verde com baixa ou nenhuma emissão de carbono. Na época, diversas empresas anunciaram que começariam pesquisas sobre a geração dessa energia.
Primeiro projeto de baterias de sódio do Brasil leva energia limpa ao coração da AmazôniaAgora, a nova medida do presidente americano Donald Trump determina que os projetos precisam estar em construção até o final de 2027, o que acelera em cinco anos os prazos para que as companhias se qualifiquem para um crédito fiscal do governo. Cerca de 75% das propostas enviadas na época não devem atingir a nova data, segundo informações da consultoria energética Wood Mackenzie.
O hidrogênio é considerado uma resposta para a crise energética, já que o seu uso gera vapor de água e não gases de efeito estufa, como é o caso dos combustíveis fósseis. No entanto, hoje sua produção é majoritariamente a partir de gás natural, processo que emite CO2, ou com eletricidade.
França anuncia R$ 22 bilhões para impulsionar a indústria de hidrogênio Muitos dos projetos que avaliam formas mais sustentáveis, escaláveis e baratas de produzir o hidrogênio foram interrompidos ou cancelados no último mês.Entre as principais barreiras para desenvolver a tecnologia até 2027 está a alta na demanda energética nos Estados Unidos. Os fatores para esse cenário são muitos: desde carros elétricos, aquecedores e bombas de calor, até as companhias de tecnologia que precisam de maiores quantidades de energia para operar sistemas de inteligência artificial e alimentar data centers.
Para Bernd Heid, sócio sênior da McKinsey & Co, são tempos difíceis para a geração de hidrogênio. “Este mercado permanecerá estagnado nos EUA por um bom tempo”, afirmou ao New York Times.
Duas das empresas que cancelaram o desenvolvimento dos projetos de hidrogênio são a Woodside Energy e a Fortescue, companhias australianas. A primeira alegou que o aumento dos custos e a demanda menor que o esperado motivaram o abandono do projeto, desenvolvido perto de Oklahoma.
A segunda culpou as mudanças na política energética americana para paralisar o projeto de US$ 550 milhões perto de Phoenix, que deveria ser inaugurado no próximo ano.
Em julho, o diretor-executivo da Fortescue afirmou em uma conferência com analistas financeiros que o recuo na ambição sustentável paralisou os mecanismos da energia verde e atrasou projetos antes viáveis.
Para especialistas, a solução parta a crise do hidrogênio pode ser a produção com o uso de gás natural em vez da energia elétrica. Um dos mecanismos para evitar os impactos ambientais negativos é a captura das emissões de CO2 resultantes da sua operação. Além disso, a reformulação da política energética de Trump aponta para um favorecimento da produção e uso de gás natural, que já é abundante no país.
No entanto, essa trajetória ainda é desafiadora nos Estados Unidos. Até 2024, apenas 15% dos projetos de hidrogênio anunciados nos últimos dez anos estavam no foco dos investimentos, recebendo financiamento de centenas de milhões ou bilhões de dólares.