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Companhia estará na COP30 como embaixadora da Casa do Seguro, iniciativa da CNSeg (Porto/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 18 de junho de 2025 às 12h29.
Após as enchentes no Rio Grande do Sul, que atingiram mais de 80% do estado entre abril e maio do ano passado, ficou claro o papel das seguradoras durante os eventos extremos de mudanças climáticas, que ficarão cada vez mais frequentes nos próximos anos. A taxa de sinistralidade das seguradoras que atuaram na região durante o evento subiu de 42,2% para 55,4%, impulsionada pelos impactos nos setores rural, corporativo e automobilístico.
Pouco mais de um ano após esse evento, a Porto, empresa de seguros e serviços financeiros, lança sua nova estratégia de sustentabilidade, chamada Regenera, que pela primeira vez estabelece objetivos públicos e de longo prazo. Em entrevista exclusiva à EXAME, Patrícia Coimbra, diretora de Gente e Cultura da Porto, explicou que a revisão do plano ESG busca integrar resiliência climática ao plano de negócios e à cultura. “Completamos 80 anos de atuação e 20 anos de Instituto Porto em 2025. Não existe momento melhor para dar o devido reconhecimento a nossa agenda ESG”, explica.
O objetivo da companhia é reequilibrar, restaurar e transformar, com metas para o ciclo de 2025 a 2030. Para isso, a Porto trabalha quatro pilares: valorização do capital humano e impacto social; estratégia climática e circularidade; produtos e soluções sustentáveis e engajamento da cadeia de valor.
A abordagem estabelece que, até o final da década, a seguradora deve comercializar R$ 13 bilhões em produtos que gerem impacto positivo, alinhados à sua adaptação às mudanças climáticas. Na prática, a empresa vai incentivar a inovação em produtos e serviços, dando maior escala a projetos locais. “No último mapeamento, estávamos operando com mais de 120 projetos mapeados de ESG em todas as unidades de negócio, agora trabalhamos para unificar e acelerar esses processos”, explica Coimbra.
A Porto se compromete a reduzir em 40% suas emissões absolutas de gases de efeito estufa nos escopos 1 e 2, relativos à sua própria operação. O plano net-zero é apoiado pela consultoria climática WayCarbon, que estruturou sua descarbonização. Desde janeiro, a parceria quantifica também as emissões financiadas e seguradas pela empresa, utilizando critérios específicos do setor financeiro.
A companhia também considera sua cadeia de valor, já que, para operar em todo o país, depende de um ecossistema complexo composto por mais de 3 mil oficinas mecânicas, 45 mil corretores e 13 mil prestadores de serviços. “Todo esse plano se baseia nas pessoas, que precisam ser motivadas e engajadas para fazer essa mudança acontecer”, conta Coimbra.
Viviane Pereira, gerente de sustentabilidade da Porto, explica que o trabalho com os parceiros inclui a avaliação e desenvolvimento do seu ESG. “Se uma empresa não cumpre todos os compromissos ambientais e sociais, não significa que não vai mais comercializar conosco, mas sim que vamos trabalhar para aumentar a maturidade do parceiro nesse tema”, conta.
De office boy a CEO: a trajetória do presidente da Porto SeguroNo último mês, foi realizado um encontro com fornecedores para trabalhar com intencionalidade o desenvolvimento do ESG em suas operações. A adesão foi acima de 50%, taxa acima do esperado pela companhia por se tratar de um programa voluntário. O resultado, acredita Pereira, foi puxado pelo nome da marca Porto. “Não existe estratégia de negócios, especialmente no setor que estamos, sem iniciativas de sustentabilidade”, explica Coimbra.
“As mudanças climáticas e o aquecimento global chegaram a um ponto em que não é mais possível apenas mitigar o que geramos. Precisamos também proporcionar mais impacto positivos, contribuindo com o mundo mais do que prejudicando”, disse Pereira.
A área ambiental ainda passa por garantir que toda a operação direta da empresa seja abastecida por energia renovável e por dobrar a reciclagem dos veículos derivados de sinistros. Só no último ano, 2,6 mil carros foram reciclados.
Nas iniciativas sociais, a companhia busca aprimorar a diversidade interna, atingindo 50% de mulheres e 30% de negros na liderança. Patrícia conta que a Porto já conta com uma área de diversidade há quatro anos, trabalhando o S, de ESG, intencionalmente. A seguradora também quer investir R$ 40 milhões em projetos sociais, culturais e esportivos.
Como próximos passos, Viviane conta que trabalhar a penetração do setor de seguros no brasileiro ainda é um desafio, pensando até mesmo nos desafios aprimorados pelas mudanças climáticas. “Trabalhamos com seguro residencial, mas poucas pessoas escolhem a cobertura para alagamentos, que devem ser mais comuns nos próximos anos. Incentivar isso é uma questão cultural e da estratégia do negócio”, afirma.
Para Coimbra, colaborar com parceiros especializados em clima pode ajudar a companhia a concentrar esforços em áreas e frentes específicas. Por exemplo, se uma região passa frequentemente por incêndios florestais, incentivar essa cobertura entre os agricultores locais pode aumentar a aderência aos seguros e melhorar a proteção contra os efeitos do clima.
“Não adianta só preparar o negócio se não trabalhar com as pessoas. Empresas de seguros tratam do preventivo, e trabalhar com alertas climáticos preventivos ajuda tanto os segurados quantos as seguradoras”, conta.
Durante a 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30), realizada em novembro em Belém, a Porto estará presente como empoderadora da Casa do Seguro, iniciativa da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg). Patrícia explica que a ideia é trabalhar as mudanças climáticas de forma coletiva para o setor, não apenas a própria pauta. “Não queremos tratar o ESG como forma de promoção, mas ao compartilhar as boas práticas, todo mundo avança nessa agenda”, disse.