ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

"Proposta desnecessária": acionistas da Apple mantêm políticas de diversidade

Em reunião anual, conselho da Apple convenceu que programas para representatividade não apresentam riscos jurídicos

Supervisão ativa e compliance sólido: as armas da Apple para manter políticas de inclusão na assembleia anual. (Leandro Fonseca/Exame)

Supervisão ativa e compliance sólido: as armas da Apple para manter políticas de inclusão na assembleia anual. (Leandro Fonseca/Exame)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 13h54.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2025 às 13h55.

Tudo sobreDiversidade
Saiba mais

A Apple confirmou nesta terça-feira, 25, que manterá suas políticas de diversidade e inclusão após votação em assembleia de acionistas, rejeitando proposta do National Center for Public Policy Research que sugeria o fim desses programas.

Conforme adiantado pela companhia semanas atrás, a assembleia votaria a continuidade das iniciativas de diversidade depois que o grupo conservador incluiu a proposta de desmanche na pauta. Na ocasião, a Apple já havia sugerido que manteria os programas, respaldada não somente pela visão institucional, mas pela confiança em suas estruturas de compliance.

A orientação se confirmou. Acionistas rejeitaram a tentativa de eliminar as políticas afirmativas, contrariando a tendência crescente entre grandes corporações americanas que têm reduzido ou eliminado tais iniciativas após a reeleição do presidente Donald Trump.

Proposta conservadora alegava riscos legais

No documento apresentado para votação, o National Center for Public Policy Research argumentou que os programas DE&I da Apple representavam potencial risco jurídico, citando decisões recentes da Suprema Corte dos EUA, que segundo eles, questionaram a legalidade de tais iniciativas corporativas.

Dois casos foram destacados: em Harvard, no qual a Suprema Corte decidiu em 2023 que a discriminação racial em admissões universitárias viola a cláusula de proteção igualitária da 14ª Emenda; e no processo contra a cidade de St. Louis, que determinou que o Título VII da Lei dos Direitos Civis protege contra transferências discriminatórias de emprego e reduziu o limite para que funcionários processem empregadores por discriminação.

De acordo com o grupo conservador, essas decisões judiciais ampliariam os riscos legais para empresas com programas de diversidade. A proposta ainda mencionou as várias grandes empresas que já recuaram em seus compromissos com diversidade, como Alphabet, Meta, Microsoft e Zoom.

Destas, algumas chegaram a demitir equipes inteiras. Portanto, explicavam no texto, "os acionistas deveriam pedir à Companhia que considerasse abolir seu programa DE&I, políticas, departamento e metas".

Conselho considerou proposta desnecessária

Em relatório divulgado nesta mesma terça-feira, o conselho da Apple apresentou argumentos firmes contra a ideia, enfatizando três pontos principais. Primeiro, classificou a proposta como "desnecessária", destacando que a empresa "já possui um programa de compliance bem estabelecido" que monitora e evolui suas práticas de acordo com os riscos de conformidade.

Segundo, argumentou que o pedido "tenta inadequadamente restringir a capacidade da Apple de gerenciar suas próprias operações comerciais ordinárias, pessoas e equipes, e estratégias de negócios".

E afirmou que a abordagem reflete "determinações cuidadosas sobre conformidade legal e práticas comerciais que exigem análise complexa, conhecimento extenso e compreensão das leis trabalhistas e outras regulamentações em múltiplas jurisdições".

Por fim, o conselho destacou sua supervisão ativa dos riscos legais e regulatórios. A empresa explicou que seu Comitê de Auditoria supervisiona riscos relacionados à conduta empresarial e questões legais, enquanto o Comitê de Pessoas e Compensação auxilia na supervisão de estratégias relacionadas às equipes da Apple.

Durante a reunião, o CEO Tim Cook ponderou que a empresa poderia fazer mudanças futuras "conforme o cenário legal evolua. "Mas nossa estrela-guia de dignidade e respeito por todos, e nosso trabalho nesse sentido, nunca vai vacilar", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:AppleDiversidadeMetaConselhos de administração

Mais de ESG

Centro de Oceanos da ONU é lançado no Brasil com foco na segurança de trabalhadores da economia azul

Consórcio Amazônia Legal espera COP30 focada na geração de riqueza para povos da floresta

Pesquisadores detectam evento sem precedentes no Golfo do Panamá e alertam para impactos climáticos

Alemanha antecipa em três anos meta de redução de energia à base de carvão