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Pré-COP30: Marina cobra US$ 9 bi para florestas, Brasil promete COP sem bloqueios em negociações

Última reunião oficial antes de Belém reúne 67 países, deixa empresários de fora e traz promessa de cúpula sem os entraves de Baku

A ministra Marina Silva na Pré-COP30, em Brasília: "Não se trata de doação, mas de investimento" (Rafa Neddermeyer/ COP30)

A ministra Marina Silva na Pré-COP30, em Brasília: "Não se trata de doação, mas de investimento" (Rafa Neddermeyer/ COP30)

Lia Rizzo
Lia Rizzo

Editora ESG

Publicado em 13 de outubro de 2025 às 20h25.

Última atualização em 13 de outubro de 2025 às 20h31.

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O primeiro dia da Pré-COP30 foi encerrado com um apelo contundente da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que cobrou financiamento internacional para viabilizar o compromisso de zerar o desmatamento até 2030 e convocou um "mutirão" global pela preservação da natureza.

A última reunião preparatória antes da COP30 começou nesta segunda-feira (13), em Brasília, e se estende até terça-feira (14), reunindo 67 delegações de países para alinhar as negociações antes da conferência principal, que acontece em novembro em Belém do Pará.

Marina Silva atentou para o fato de os recursos destinados à proteção das florestas ainda estarem muito aquém do necessário.

"Estima-se a necessidade de US$ 282 bilhões por ano, mas hoje contamos com apenas um quarto desse valor", afirmou durante participação na plenária "Implementando o Balanço Global: Clima e Natureza".

Para preencher essa lacuna, ela defendeu a mobilização de um "menu de ações concretas de financiamento para a natureza".

A ministra destacou que dois mecanismos específicos podem desempenhar papel central nesse esforço: o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), liderado por 12 países - incluindo o Brasil - e que poderá beneficiar mais de 70 nações tropicais; e o REDD+ (Redução das Emissões Provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal), fortalecido por iniciativas como o Fundo Amazônia e parcerias com entes subnacionais.

"Juntos, TFFF e REDD+ poderão gerar cerca de US$ 9 bilhões anuais, cobrindo quase 60% do financiamento necessário para zerar o desmatamento até 2030. Não se trata de doação, mas de investimento", declarou a ministra.

"Queremos evitar bloqueios"

Em entrevista coletiva à imprensa, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, declarou que o Brasil quer conduzir uma COP produtiva, sem os impasses que travaram edições anteriores.

"Queremos evitar bloqueios de um lado ou do outro que sejam provocados pelo desejo de colocar na agenda coisas que não estão na agenda. Então, a primeira coisa é assegurar a boa vontade de todos", afirmou.

A preocupação do diplomata reflete o cenário recente das negociações climáticas. A COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, foi marcada por tensões e dificuldades para fechar acordos, especialmente sobre financiamento.

O encontro em Brasília serve justamente como última rodada de alinhamento antes do evento principal e traz à mesa temas fundamentais, como recursos para adaptação e a implementação do Balanço Global acordado em Dubai.

Presença de delegação norte-americana segue indefinida

Questionado sobre a participação dos Estados Unidos na COP30, Corrêa do Lago reforçou a postura de abertura do Brasil, mas admitiu que ainda não há confirmação oficial da delegação norte-americana.

"Da nossa parte, é sempre importante dizer que estamos convidando a todos. Essa é uma COP aberta e todos são bem-vindos. Mas ainda não há uma indicação de delegação [dos Estados Unidos]", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou no final de setembro uma carta ao presidente Donald Trump convidando-o para participar do evento.

Até o momento, não houve resposta pública da Casa Branca, o que mantém em aberto a presença do país na cúpula, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo e ator historicamente central nas negociações climáticas.

Mutirão pela natureza precisa ser justo e inclusivo

De volta à plenária sobre clima e natureza, Marina Silva enfatizou que a proteção ambiental não pode ser dissociada da justiça social.

"É hora de transformar compromissos em ação; planejar e financiar a transição para a restauração e para o fim do desmatamento; e fortalecer as ações de conservação do oceano. Esse processo precisa ser justo e inclusivo, para pessoas, países e regiões, sobretudo as mais vulnerabilizadas", afirmou.

A ministra lembrou que, durante décadas, a humanidade extraiu da natureza os recursos que moveram o desenvolvimento econômico.

"Agora, é hora de inverter essa lógica: redirecionar recursos humanos, financeiros e tecnológicos para preservar, restaurar e usar, de forma sustentável, os recursos naturais que ainda temos", disse.

Setor privado ficou de fora 

A Pré-COP de Brasília reúne delegações de 67 países e mais de 500 pessoas entre ministros, negociadores e representantes da sociedade civil.

Entre as presenças estão nações-chave como China, Índia, União Europeia, Reino Unido e Austrália, além de países especialmente vulneráveis às mudanças climáticas, como Ilhas Marshall, Palau, Tuvalu e Maldivas.

Em linha com queixas crescentes do setor privado sobre exclusão das discussões oficiais, foi notada a ausência de lideranças empresariais nas reuniões - representados, de certa forma, por alguns enviados especiais brasileiros e por Dan Ioschpe, climate champion da COP30.

Manhã começou com reforço ao protagonismo brasileiro

A abertura da Pré-COP30 contou com discursos de autoridades brasileiras e internacionais. 

O vice-presidente Geraldo Alckmin, que chefiou a delegação brasileira na COP29, reforçou o protagonismo brasileiro e apresentou os três objetivos centrais para a COP30: fortalecer o multilateralismo e o regime de mudanças climáticas no âmbito da ONU; conectar o regime climático à vida real das pessoas; e acelerar a implementação do Acordo de Paris.

Na sequência, o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Simon Stiell, discursou enfatizando a necessidade de transformar compromissos em resultados concretos.

"Devemos mostrar às pessoas em todos os países quais são os benefícios da ação climática: crescimento econômico, empregos, menos poluição, melhor saúde, energia e alimentos mais seguros e acessíveis", afirmou.

A programação do primeiro dia seguiu intensa, com mesa-redonda ministerial para atualização do financiamento climático, sessões temáticas fechadas sobre Balanço Global, Transição Justa e Adaptação, e consultas informais da presidência brasileira com grupos negociadores.

Nesta terça-feira (14), a Pré-COP prossegue com diálogo entre a presidência e as constituições da UNFCCC, lançamento de iniciativas sobre incêndios florestais e combustíveis sustentáveis, além do encerramento com o "Mutirão Ministerial".

Com 162 países confirmados para o evento principal em Belém, a expectativa é que a COP30 seja uma das maiores na história das conferências climáticas. 

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