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Além da economia, há uma modernização da rede elétrica urbana e melhora na iluminação e da segurança da população
Repórter de ESG
Publicado em 26 de março de 2025 às 16h38.
Última atualização em 27 de março de 2025 às 11h19.
"A transição energética é crucial e não vamos resolver a crise climática sem olhar para isso", disse Rafael Borgheresi, diretor da Future Climate, em entrevista exclusiva à EXAME.
Em um mundo em que 70% das emissões de gases de efeito estufa vêm da energia, a empresa acaba de conquistar um marco histórico dentro do mercado de carbono: a aprovação do primeiro projeto de geração de créditos partindo da redução do consumo elétrico na iluminação pública de cidades brasileiras.
A empresa obteve da Verra, maior certificadora mundial, a certificação do Public Lighting in Brazil Grouped Project, com dois projetos iniciais: em Aracaju e em Feira de Santana (BA), ambas na Região Nordeste.
Ao substituir luminárias tradicionais por equipamentos LED, as cidades não apenas melhoram sua eficiência energética como também atual em prol da sustentabilidade e na geração de receita financeira. A estimativa é que as duas juntas evitem cerca de 9.200 toneladas de CO2 emitidos na atmosfera por ano.
Segundo Rafael, a ideia é replicar o modelo e possibilitar que qualquer outro município que tenha a intenção de fazer essa transição possa entrar sob o guarda-chuva do projeto.
Inicialmente, os créditos serão negociados no mercado voluntário, até que as regulamentações avancem após a aprovação do mercado regulado nacional celebrada em novembro de 2024. "Estamos abertos a todas as modalidades", disse ele. Atualmente, o valor de um crédito de carbono varia de US$ 5 a US$ 7, mas o preço exato depende da negociação bilateral no mercado.
A escolha das cidades também não foi à toa: "Faz muito mais sentido desenvolver iniciativas de eficiência energética em locais com problemas sociais mais prementes", destacou Rafael. Além da economia, há uma modernização da rede elétrica urbana e melhora na iluminação, o que também traz impactos positivos para a população.
"Em países como o Brasil, pode aumentar a sensação de segurança, especialmente para mulheres, com áreas iluminadas por mais tempo", exemplificou o executivo.
Com uma matriz predominantemente renovável, o gargalo das emissões no Brasil é diferente de outros países e está mais relacionado ao uso da terra e ao desmatamento do que ao setor de energia. Neste cenário, projetos como este poderiam ser uma forma de compensação de carbono.
"Pensando que não vamos poder depender só de fontes limpas intermitentes, gerar créditos pela iluminação é uma forma de compensar aquele pouco de combustível fóssil utilizado", explicou Rafael.
A geração destes créditos é calculada por megawatt-hora de combustíveis fósseis: em 2024, a relação é de aproximadamente 0,347 tonelada de CO2 por megawatt-hora, e o valor flutua conforme o regime de chuvas e a composição da matriz elétrica.
No caso da Future, sua missão é ajudar outras empresas a passar pela jornada climática e identificar como elas podem reduzir suas emissões ou, se não conseguirem, comprar créditos de carbono.
Em Aracaju, o projeto aconteceu de 2021 a 2024 e foram substituídos 60.033 pontos de iluminação, resultando em uma redução do consumo energético de 67,2% (de 4.332.505 kWh para 1.420.952 kWh).
Já em Feira de Santana, foram mais de 46 mil lâmpadas trocadas, e um dos diferenciais foi a implantação de luminárias com chips para manutenção preventiva. A projeção de economia financeira no município baiano foi de 50%.
O projeto foi registrado e aprovado como um gerador de créditos, mas ainda não os gerou. O próximo passo é fazer o monitoramento dos dados, o MRV (monitoramento de reporte e verificação), que é a auditoria. Após a aprovação dos dados, acontece a geração e a comercialização.
O plano agora é replicar para Campinas (SP), com expectativa de registro e emissão de créditos ainda em dezembro deste ano, contou a Future Climate.