ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Rastreabilidade do gado no Pará pode frear desmatamento e injetar até R$ 5 bi na pecuária

Desde 2023, o estado com o segundo maior rebanho do Brasil conta com um programa que busca reduzir o mercado informal e impulsionar a produção sustentável

Metade do rebanho paraense está em áreas com problemas ambientais ligados ao desmatamento,[/grifar] o que dificulta a adesão de pequenos produtores ao programa (Marcelo Coelho/Divulgação)

Metade do rebanho paraense está em áreas com problemas ambientais ligados ao desmatamento,[/grifar] o que dificulta a adesão de pequenos produtores ao programa (Marcelo Coelho/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 11h40.

Última atualização em 31 de janeiro de 2025 às 11h41.

Com o segundo maior rebanho bovino do Brasil, o Pará enfrenta desafios ambientais como desmatamento ilegal e grilagem de terras.

Para mitigar o problema e promover a transparência na cadeia produtiva, o governo do estado lançou em 2023 o Programa de Integridade e Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Pecuária, que inclui um sistema obrigatório de rastreabilidade individual do gado.

Um novo estudo da Bain & Company e da The Nature Conservancy estima que a rastreabilidade pode aumentar o valor da produção pecuária em US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) nos próximos três a cinco anos, além de reduzir perdas sanitárias e ampliar a participação de produtores no mercado formal.

A iniciativa busca combater a produção em áreas desmatadas ilegalmente, viabilizando a entrada de pequenos e médios produtores no mercado sustentável.

Os dados revelam também que o pagamento direto a produtores por cabeça de gado rastreada pode ser uma das principais estratégias para incentivar a adesão ao programa, com um custo estimado de US$ 58 milhões por ano (R$ 290 milhões).

Carlos Líbera, sócio da Bain, destacou que mecanismos viabilizadores bem estruturados e a cooperação entre governo, setor privado e pecuaristas serão cruciais para alcançar resultados consistentes de produtividade, sustentabilidade e competitividade no setor.

“A articulação entre essas partes deve auxiliar na superação de barreiras e assegurar que os benefícios das intervenções sejam amplamente distribuídos ao longo da cadeia de valor ", disse.

Crescimento sustentável

De acordo com o estudo, a rastreabilidade pode elevar o valor da produção bovina no Pará a partir de quatro grandes fatores.

  • Exportações: Um aumento de 4% a 10% na exportação de carne rastreada pode gerar entre R$ 575 milhões e R$ 1,15 bilhão adicionais.
  • Mercado interno: A valorização de 3% a 8% no preço da arroba (unidade de medida de peso utilizada para medir a massa dos bovinos) pode acrescentar entre R$ 350 milhões e R$ 800 milhões.
  • Formalização: A redução do mercado informal em 50% a 80% pode adicionar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,65 bilhão à cadeia produtiva.
  • Produtividade: Melhorias no manejo podem aumentar a produtividade em até 10%, resultando em um crescimento de R$ 560 milhões a R$ 1,1 bilhão.

Barreiras ambientais

Metade do rebanho paraense está em áreas com problemas ambientais ligados ao desmatamento, o que dificulta a adesão de pequenos produtores ao programa.

Hoje, 88% das propriedades com irregularidades ambientais e atividade pecuária são pequenos imóveis e assentamentos rurais, que somam mais de 100 mil propriedades e cerca de 6 milhões de cabeças de gado. Já médios e grandes imóveis com gargalos representam 8 milhões de cabeças em 14 mil propriedades.

Fábio Medeiros, diretor da The Nature Conservancy, explica que o programa pode acelerar a regularização comercial de produtores ao exigir maior conformidade ambiental. “Se por um lado promove transparência, por outro, facilita a reintegração ao mercado formal e reduz práticas que dificultam o controle da cadeia produtiva”, destacou em nota.

Rumo à COP30

A rastreabilidade do gado não se limita a exigências de mercado, mas pode se tornar um diferencial competitivo para a pecuária brasileira, em ano de COP30 no Brasil, em Belém. Segundo especialistas, a ampliação do programa pode consolidar o Brasil como referência global na produção sustentável de carne bovina. [/grifar]

“É possível produzir e, ao mesmo tempo, preservar a floresta em pé”, disse Melissa Brito, da The Nature Conservancy. “Esse modelo representa uma ação pioneira e definitiva para o Brasil”, acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:ESGSustentabilidadeAgropecuáriaFlorestasDesmatamentoMeio ambiente

Mais de ESG

Exclusivo: ESG leva bancos brasileiros à máxima histórica em satisfação de clientes

Carnaval 2025: blocos de rua em São Paulo tornam folia acessível e inclusiva para PCDs

B.O.B avança para lojas físicas com produtos sem plástico, em barra e veganos

ESG cresce no Brasil e 64% das empresas já considera sustentabilidade como prioridade estratégica