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Fernando Haddad, durante a pré-COP30, em Brasília: "Há um caminho comum sendo construído, com ambição e realismo, para que as finanças sirvam à transformação ecológica." (Diogo Zacarias/MF/Flickr)
Editora ESG
Publicado em 13 de outubro de 2025 às 11h48.
Última atualização em 13 de outubro de 2025 às 12h18.
BRASÍLIA — O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou nesta segunda-feira, 13, em Brasília, cinco prioridades estratégicas para ampliar o financiamento climático aos países em desenvolvimento.
A declaração foi feita durante a abertura da Pré-COP30, última reunião ministerial antes da conferência principal que acontece a partir de 6 de novembro, em Belém.
"Às vésperas da COP30, levamos a Belém uma mensagem clara: há um caminho comum sendo construído, com ambição e realismo, para que as finanças sirvam à transformação ecológica que o mundo exige", afirmou.
A presença de Haddad era bastante esperada e só foi confirmada na noite de domingo, 12. Ele lidera o Círculo de Ministros de Finanças, uma iniciativa inédita proposta pela presidência brasileira da COP30 para discutir mecanismos financeiros voltados ao clima.
Desde abril, o Círculo funcionou como uma plataforma estruturada de consultas regulares ao longo de 2025, envolvendo ministérios da Fazenda, bancos multilaterais, sociedade civil, setor privado e organismos internacionais.
Conforme o ministro, foram realizadas mais de 25 consultas formais, apoiadas por três grupos consultivos que ofereceram orientação técnica, alinharam estratégias de investimento e asseguraram a inclusão de diferentes perspectivas na governança do financiamento climático.
O relatório com as cinco prioridades citado por Haddad consolida mais de 1.200 contribuições de países e instituições coletadas ao longo do ano. Estão previstos o aumento dos fluxos de financiamento concessional e dos fundos climáticos, com previsibilidade e condições adequadas, sobretudo para adaptação e transição justa.
Outra frente central é reformar os bancos multilaterais de desenvolvimento, tornando-os mais ágeis, integrados e aptos a catalisar capital privado.
O documento também defende fortalecer as capacidades domésticas e as plataformas de país, ampliando a coordenação institucional e a atratividade de investimentos sustentáveis.
A agenda inclui ainda promover inovação financeira e mobilizar o setor privado, com instrumentos que reduzam riscos e multipliquem o impacto dos recursos disponíveis. Por fim, propõe aprimorar os marcos regulatórios do financiamento climático para garantir integridade, interoperabilidade e transparência.
De forma resumida, as prioridades são:
1. Aumentar os fluxos de financiamento concessional e os fundos climáticos, garantindo previsibilidade e condições adequadas, sobretudo para adaptação e transição justa;
2. Reformar os bancos multilaterais de desenvolvimento, tornando-os mais ágeis, integrados e aptos a catalisar capital privado;
3. Fortalecer as capacidades domésticas e as plataformas de país, ampliando a coordenação institucional e a atratividade de investimentos sustentáveis;
4. Promover inovação financeira e mobilizar o setor privado, com instrumentos que reduzam riscos e multipliquem o impacto dos recursos disponíveis;
5. Aprimorar os marcos regulatórios do financiamento climático, garantindo integridade, interoperabilidade e transparência — e fortalecendo a confiança no sistema.
Além das prioridades, Haddad destacou ainda três iniciativas desenvolvidas para a Agenda de Ação da COP30. A primeira é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que propõe um modelo baseado em investimento, e não apenas em doações.
A segunda é a Coalizão Aberta para Integração dos Mercados de Carbono, voltada à harmonização e interoperabilidade dos mercados regulados. A terceira é a Supertaxonomia, destinada a assegurar comparabilidade e integridade entre taxonomias nacionais, orientando investimentos sustentáveis.
"Essas iniciativas traduzem, de forma prática, o que o Círculo tem defendido: cooperação, inovação e escala para transformar ambição em resultados concretos", declarou.
O relatório final será apresentado nesta semana ainda em Washington, durante os Encontros Anuais do Banco Mundial e do FMI. Depois, será debatido em São Paulo no começo de novembro.
O material chega ao seu destino final em Belém quando será entregue ao presidente da COP30 como contribuição à construção do Mapa do Caminho de Baku a Belém para US$ 1,3 trilhão, compromisso de financiamento climático para países em desenvolvimento até 2035, definido na COP29.
A Pré-COP de Brasília reúne delegações de 66 países e mais de 500 pessoas entre ministros, negociadores, representantes da sociedade civil e jornalistas. Embora a presidência brasileira tenha anunciado 72 delegações confirmadas, o número efetivo de países que enviaram representantes ao encontro ficou em 66.
Entre as presenças estão nações-chave nas negociações climáticas, como China, Índia, União Europeia, Reino Unido e Austrália. A lista inclui países especialmente vulneráveis às mudanças climáticas, como Ilhas Marshall, Palau, Tuvalu, Vanuatu e Maldivas, além de importantes economias emergentes.
Além do financiamento climático, estarão em discussão os indicadores globais para medir a adaptação climática dos países, o programa de trabalho de transição justa e como implementar o Balanço Global, a série de decisões tomadas na COP28, em Dubai, em 2023.