Em maio de 2024, quando chuvas torrenciais atingiram o Estado do Rio Grande do Sul, uma imagem ajudou a mostrar a força das chuvas: um cavalo-crioulo, raça considerada patrimônio cultural desde 2002, que ficou ilhado em um telhado, cercado pelas águas.
Quem assistia à imagem não imaginava que aquele cavalo se tornaria um símbolo da resiliência do povo gaúcho diante dos eventos climáticos extremos nunca antes vistos. Só na capital do Estado, a chuva registrada para maio foi de 513,6 mm, enquanto a média para o mês é de 112,8 mm.
Um ano após as enchentes, o animal acumula mais de 100 mil seguidores nas redes sociais, ganhou uma linha de brinquedos com sua imagem e conquistou o coração do país.
O cavalo Caramelo hoje vive na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ele se recuperou do quadro de desnutrição e desidratação vivido durante os dias de enchente.
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Em entrevista ao G1, o veterinário responsável pelo Caramelo, Henrique Mondardo Cardoso, afirmou que, desde que chegou à universidade, o cavalo passa boa parte do tempo se alimentando. "A gente tem até que tomar cuidado com a oferta de alimento, para ele não ficar muito obeso", afirmou.
Dentro da universidade, ele se tornou uma celebridade: visitantes de todo o Brasil (e até de outros países) o acolhem e tiram fotos como uma atração turística. Os mais distantes deixam comentários nas redes sociais.
Nas publicações mais recentes, internautas escreveram:
"Fico com o coração cheio de alegria de ver o Caramelo assim, todos os animais merecem viver bem. Obrigada!", afirmou uma pessoa em uma postagem do Instagram.
Outro relatou:
"Feliz em ver o Caramelo tão bem! Obrigado a todos pela dedicação!", escreveu outro seguidor.
Em dezembro, o Caramelo foi representado ainda em uma linha de brinquedos: ele virou um bichinho de pelúcia, um quebra-cabeça e até mesmo um livro ilustrado, produzido pela companhia We Toys. Todo o lucro a partir da venda dos produtos é destinado para a reconstrução de escolas nas cidades de Muçum, Porto Alegre e Eldorado do Sul.
Resgate do cavalo Caramelo
Após dias ilhado, o resgate foi realizado pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo, que prestava apoio às forças gaúchas na ocasião, além de veterinários. Como o resgate contava com botes, único meio de navegação possível devido ao alto nível das chuvas, o animal precisou ser sedado para evitar que caísse na água ou virasse a embarcação.
Após o resgate, o cavalo foi levado ao hospital veterinário, onde recebeu medicação para desidratação.
Relembre as enchentes no Rio Grande do Sul
Cerca de 96% das cidades gaúchas foram atingidas pelas enchentes, seja por alagamentos, inundações ou deslizamentos de terra. Ao todo, foram 180 mortos e 25 desaparecidos, além de 800 feridos.
As cidades mais afetadas foram Porto Alegre, Canoas, Eldorado do Sul e Roca Sales, com milhares de cidadãos deslocados e imensos danos materiais. Enquanto 615 mil pessoas foram acolhidas em casas de parentes, amigos ou abrigos das regiões, estima-se que o número de impactados seja muito maior: cerca de 2,4 milhões de pessoas tiveram que deixar seus lares, sofreram danos materiais, impactos na saúde ou enfrentaram a interrupção de serviços como luz e água.
Entre os principais impactos para o cotidiano do Estado estão: o fechamento da Rodoviária de Porto Alegre, que ficou completamente alagada em maio e precisou interromper as viagens marcadas durante um mês; o Mercado Público de Porto Alegre ficou 40 dias fechado após a inundação; o Estádio Beira-Rio, casa do Internacional, só voltou a receber uma partida após 70 dias da enchente, que atingiu tanto dentro quanto fora do local; já a Arena do Grêmio só foi reaberta após passados quatro meses das enchentes.
O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, teve 75% das suas pistas submersas, apesar de contar com 3,2 mil metros de comprimento. Os pousos e decolagens só voltaram a acontecer após cinco meses.
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Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
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Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 14 de maio de 2024. Crédito: Anselmo Cunha / AFP)
(Homens movem pacotes em um barco através de uma rua inundada no centro histórico de Porto Alegre)
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Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. A água e a lama tornaram os estádios e sedes do Grêmio e Internacional inoperáveis. Sem locais para treinar ou jogar futebol, os clubes brasileiros tornaram-se equipes itinerantes para evitar as enchentes que devastaram o sul do Brasil. (Foto de SILVIO AVILA / AFP)
(Vista das áreas inundadas ao redor do estádio Arena do Grêmio em Porto Alegre)
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Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 29 de maio de 2024. Foto de SILVIO AVILA / AFP
(Vista aérea do centro de treinamento do Internacional ao lado do estádio Beira Rio em Porto Alegre)
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Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta, entre os municípios de Lajeado e Arroio do Meio, no Rio Grande do Sul, Brasil, em 21 de maio de 2024. O Rio Grande do Sul experimentou um desastre climático severo, destruindo pelo menos seis pontes e causando interrupções generalizadas no transporte. O exército respondeu construindo pontes flutuantes para pedestres, uma solução temporária e precária para permitir que a infantaria atravesse rios durante conflitos. (Foto de Nelson ALMEIDA / AFP)
(Pessoas atravessam uma ponte flutuante para pedestres sobre o rio Forqueta)
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Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, em 26 de maio de 2024. O estado sulista do Rio Grande do Sul está se recuperando de semanas de inundações sem precedentes que deixaram mais de 160 pessoas mortas, cerca de 100 desaparecidas e 90% de suas cidades inundadas, incluindo a capital do estado, Porto Alegre. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Ana Emilia Faleiro usa um barco para transportar suprimentos em uma rua inundada em Porto Alegre)
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Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Um homem limpa sua casa atingida pela enchente no bairro Sarandi)
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Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi, um dos mais atingidos pelas fortes chuvas em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 27 de maio de 2024. Esta é a segunda enchente histórica que Marks enfrenta aos 94 anos de idade. A primeira foi em 1941, quando ele morava no centro de Porto Alegre. Cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram atingidas por semanas por um desastre climático sem precedentes de chuvas torrenciais e enchentes mortais. Mais de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas, e as autoridades não conseguiram avaliar completamente a extensão dos danos. (Foto de Anselmo Cunha / AFP)
(Alcino Marks limpa corrimãos sujos de lama após a enchente no bairro Sarandi)
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(Um trabalhador usa uma mangueira de alta pressão para remover a lama acumulada pela enchente)
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(Destruição no RS após chuvas e enchentes)
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Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, tirada em 14 de maio de 2024. Foto de Anselmo Cunha / AFP
(Vista da estátua de José e Anita Garibaldi na inundada Praça Garibaldi)
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Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria (RS).
(Resgate de pessoas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, na Base Aérea de Santa Maria)
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Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”
(Eduardo Leite: “Faremos de tudo para garantir que a reconstrução preserve nossas vocações”)
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Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS)
(Imagem aérea de sobrevoo do presidente Lula em Canoas (RS))
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(Imagem aérea da destruição no Rio Grande do Sul - Força Aérea Brasileira/Reprodução)
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Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 13 de maio de 2024. Foto de Nelson ALMEIDA / AFP
(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas)
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(Vista aérea mostrando a estrada ERS-448 inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul)