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Juntas, três iniciativas levariam a uma redução em 60% até 2050 -- entre elas está a eletrificação de veículos (Jasmin Merdan/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 12 de maio de 2025 às 16h14.
Última atualização em 12 de maio de 2025 às 19h32.
Enquanto as negociações do clima dependem de um acordo dos 198 países da Convenção da ONU, "a agenda de ação já está bem estruturada, nas mãos da presidência da COP e é de todos nós", disse o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, durante lançamento de um plano ambicioso para descarbonização do setor de transportes — hoje responsável por aproximadamente 11% das emissões nacionais.
Nesta segunda-feira, 12, a Coalizão para a Descarbonização dos Transportes, apresentou um documento ao governo federal em Brasília com os caminhos para o setor reduzir em até 70% as emissões de gases de efeito estufa até 2050 e atrair mais de R$ 600 bilhões em investimentos verdes para o país.
Entre as propostas, está a expansão de veículos elétricos ou híbridos, maior participação dos modais ferroviários e hidroviários e ampliação do uso de biocombustíveis.
"É uma oportunidade extraordinária de pegarmos o ‘trem’ de combate à mudança do clima o mais rápido possível e encontrarmos um novo modelo de desenvolvimento", disse o diplomata Corrêa do Lago, que lidera a grande conferência climática em Belém com Ana Toni como CEO executiva.
Rumo à COP30 no Brasil, a implementação é o norte que irá guiar se o grande evento global do clima será bem-sucedido — e precisa envolver todos os atores.
A primeira carta publicada pela COP em março convocou um "mutirão" e citou cinco setores-chave da economia para apresentar soluções: agropecuária, agricultura, energia, floresta e transportes. Já a segunda, foi mais incisiva ainda e trouxe uma visão ampliada de "mobilização multilateral" e envolvimento de organizações não-estatais.
Todos são fundamentais para chegarmos preparados em Belém e cumprirmos a meta climática brasileira (NDC) de redução de 67% das emissões até 2035, mas o setor de transportes, é o mais avançado, segundo Corrêa do Lago.
O documento apresenta 90 ações concretas para consolidar o Brasil como protagonista global em mobilidade sustentável. A iniciativa visa subsidiar a formulação do Plano Nacional sobre Mudança do Clima, que será colocado na mesa na COP30 em novembro.
Ana Toni, CEO executiva da COP30, disse que o estudo mostra qual país queremos construir e o espírito que estamos trazendo para esta COP. "É um olhar para a ciência e dados, pensando na viabilidade de implementação. A agenda de ação é sobre o que queremos colocar no setor para dar visibilidade e atrair mais recursos", complementou.
A Coalizão reúne mais de 50 associações setoriais, empresas e instituições acadêmicas, com liderança da Motiva (novo nome do Grupo CCR), do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), da Confederação Nacional do Transporte (CNT) e do Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável do Insper.
Marina Grossi, presidente do CEBDS, destacou o tempo recorde da articulação do plano: "Estamos na década da implementação e unir forças é essencial. A coalizão mostra que é possível alinhar diferentes atores em torno de uma agenda comum, com foco nos desafios e oportunidades do setor no Brasil", afirmou.
Atualmente, o setor de transportes é responsável por 11% das emissões nacionais, o equivalente a 260 milhões de toneladas de gás carbônico (MtCO₂e). Em um cenário sem medidas de descarbonização, o número poderia chegar a 424 milhões de toneladas de CO2 até 2050.
Com a implementação das propostas do novo plano, seria possível reduzir esse volume para 137 milhões de toneladas de CO2, evitando o lançamento de 287 milhões de toneladas na atmosfera – o equivalente ao plantio de 13,67 bilhões de árvores ou à retirada de aproximadamente 62,4 milhões de veículos de passeio das ruas.
"A emergência climática exige uma atuação articulada entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil. É um desafio que deverá mobilizar a todos", frisou Miguel Setas, CEO da Motiva.
O plano identifica três iniciativas principais que, juntas, permitiriam reduzir em 60% as emissões do setor em comparação com o cenário de inação projetado para 2050.
"A transição energética no transporte exige uma abordagem multifacetada, que respeite as realidades locais e assegure a viabilidade técnica de cada solução", destacou Vander Costa, presidente da CNT.
O plano também apresenta 21 ações específicas para a mobilidade urbana, que representa 45% das emissões nas cidades. As propostas estão organizadas em três frentes:
Para promover um sistema de mobilidade urbana mais sustentável, está previsto um investimento de R$ 53 bilhões, conforme o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC).