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No Brasil, somente as enchentes históricas no Rio Grande do Sul levaram a prejuízos superiores a R$ 70 bilhões (Ricardo Stuckert/Presidência da República/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 8 de julho de 2025 às 18h30.
Última atualização em 8 de julho de 2025 às 18h46.
Se antes os riscos climáticos eram vistos pelos negócios como algo distante, hoje os eventos extremos batem cada vez mais na porta e o setor já entende seus impactos em toda cadeia produtiva e nas comunidades onde atua.
Em meio à crise do clima, se tornar mais resiliente virou sinônimo de estratégia e evita perdas bilionárias a curto e longo prazo. Não à toa, é considerada o principal risco para a próxima década, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Estudos recentes refletem este cenário desafiador: os desastres ambientais geraram prejuízos superiores a R$ 732 bilhões entre 2013 e 2024. No Brasil, somente as enchentes históricas no Rio Grande do Sul levaram a um rombo superior a R$ 70 bilhões.
Em 2024, o mundo perdeu US$ 402 bilhões e uma pequena parcela de US$ 72 bilhões foi coberta por seguros, o que evidencia uma lacuna de proteção. Até 2100, a crise climática pode reduzir em até US$ 43 trilhões o valor de ativos globais e reduzir o PIB global em 22%.
Pensando em ajudar governos e empresas a se prepararem diante dos efeitos mais severos do clima, a seguradora Zurich lançou uma plataforma digital que avalia riscos associados aos eventos extremos considerando um cenário de até 2,5 ºC de aquecimento projetado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
A ideia surgiu logo após o pior desastre climático da história do Brasil: as enchentes no Rio Grande do Sul e veio a partir da demanda de uma empresa multinacional. Atualmente, já são 196 operações no mundo.
"Na nossa visão, resiliência não é apenas responder a desastres, mas antecipá-los", disse Tiago Santana, superintendente de Engenharia de Riscos da Zurich Seguros, em entrevista à EXAME.
Para o executivo, é essencial avançar em três frentes: uso de inteligência climática para mapeamento de vulnerabilidades, criação de planos de adaptação personalizados e integração da agenda climática à governança corporativa.
A resiliência é peça-chave na estratégia de sustentabilidade da companhia global, que desde 2019 tem se posicionado de forma pioneira em várias iniciativas de seguros relacionados à sustentabilidade.
Batizada de Climate Spotlight Core, a nova solução oferece uma análise detalhada da exposição de diferentes locais do mundo a 12 tipos de risco: precipitação, alagamento, granizo, vendaval, ondas de calor, ondas de frio, secas, queimadas, ressaca, aumento do nível do mar, terremoto e tornados.
Segundo José Bailone, diretor-executivo de Seguros Corporativos da Zurich, o objetivo é servir de apoio à tomada de decisões de organizações de todos os portes e setores, governos, prefeituras e em um contexto alarmante de mudanças climáticas, em que a prevenção é essencial para mitigar perdas.
"O lançamento reflete o nosso compromisso em apoiar os negócios a entenderem melhor seus riscos, adaptarem suas operações e agirem de forma mais segura e sustentável", destacou Bailone.
O período de análise é um diferencial: de cinco em cinco anos até 2100, levando em conta diferentes cenários de aumento da temperatura global.
Após a análise, é gerado um relatório com as principais descobertas e um time de engenharia da companhia de seguros é acionado para contemplar métricas como número de empregados afetados, lucros gerados e dependência de fornecedores estratégicos.
Com a COP30 se aproximando e o Brasil no centro dos holofotes, a resiliência climática ganha ainda mais relevância e cresce a expectativa que o mundo avance em agendas concretas de adaptação e prevenção.
Para a Zurich, o momento é uma oportunidade estratégica para reforçar o papel do setor de seguros como aliado na gestão de riscos climáticos.
"Buscamos contribuir com soluções que ajudam empresas e instituições públicas a entender melhor sua exposição e a adotar medidas práticas de adaptação, sempre com base em dados, ciência e colaboração multissetorial", complementou Santana.
Segundo o executivo, o principal desafio é transformar a maior consciência ambiental e preocupação em ação estruturada.
"Isso passa por incorporar dados sobre clima nos processos de gestão de risco, planejamento de investimentos, desenho de apólices e até decisões de localização e logística", explica.
A Zurich já utilizou a ferramenta no Brasil em empresas de setores como alimentos e infraestrutura. O agronegócio é hoje um dos mais impactados pelas mudanças climáticas.
Em um dos casos, a análise indicou intervenções em drenagem e rotas logísticas, evitando prejuízos significativos por alagamentos. Em outro, ajudou a redesenhar operações em regiões com alta incidência de queimadas e escassez hídrica.
"Alguns negócios já estão utilizando para a tomada de decisão estratégica, identificando e analisando locais para implantar novas unidades, de forma a agregar a análise do risco climático antes mesmo de iniciar suas operações", concluiu Santana.