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Além do ingresso: como clubes brasileiros estão cativando novos sócios-torcedores

Em 2024, arrecadação dos 20 times da Série A com os programas chegou a quase R$ 800 milhões

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 17 de agosto de 2025 às 09h44.

Os programas de sócio-torcedor dos clubes de todo o mundo têm se transformado em fundamentais fontes de receitas, capazes de se equivalerem aos valores de um patrocínio máster.

Até 20 anos atrás, quase não se falava em sócio-torcedor. Isso teve um boom a partir dos anos 2000, e o principal benefício até então era a promoção na compra de ingressos, com descontos e bilheterias exclusivas. Com o passar dos anos eles foram se aperfeiçoando e ganhando novos atrativos.

A explosão desses programas se deu principalmente após a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, com a modernização e construção das novas arenas. Os privilégios para compra de ingressos sempre foram o maior atrativo, mas as ações foram além disso. Clubes passaram a oferecer desde acompanhar uma partida de dentro de campo até encontrar com os ídolos do time.

Em 2024, dados do Relatório Convocados, elaborado em parceria com a Galapagos Capital e a Outfield, apontam que o Corinthians faturou R$ 107 milhões com o programa; o Flamengo, R$ 90 milhões, e o Internacional, R$ 76 milhões, se transformando nos maiores do país. O novo contrato máster de patrocínio do Colorado neste ano, por exemplo, foi fechado por R$ 70 milhões/ano, enquanto do Timão, por R$ 115 mi.

Efeito Neymar no Santos

Em fevereiro de 2025, após o anúncio oficial da volta de Neymar Jr, o Santou saltou de 45 mil associados para aproximadamente 70 mil. O aumento foi impulsionado pelo retorno do craque, mas o clube já vinha, desde 2024, trabalhando para aperfeiçoar o Sócio Rei.

Mesmo na Série B, o Peixe registrou o seu melhor desempenho histórico com o Sócio Rei, de acordo com o relatório anual do programa. A atual gestão implantou melhorias no sistema e, já no primeiro ano, viu resultados. Houve um aumento de 54% nas ativações comparado ao ano anterior, com 72.820. Além disso, mais de 89% das associações foram realizadas sem ajuda humana, sendo 48.1% feita por automação, 41.6% via website e apenas 10.3% na sala de atendimento. A nova tecnologia facilitou o acesso na plataforma para o torcedor santista.

“A ampliação do quadro de sócios é uma meta estratégica da nossa gestão. Trabalhamos desde o início de 2024 para tornar o programa mais atrativo e eficiente. Nosso objetivo é aproximar ainda mais o torcedor do clube”, afirma o presidente Marcelo Teixeira.

No Sul do país, um dos cases de maior sucesso vem do Internacional, primeiro clube do país a chegar aos 100 mil sócios, em 2009, e também pioneiro ao dar aos associados o direito a voto nas eleições presidenciais. Atualmente, o Colorado é o segundo do país com mais fãs, 152 mil, atrás apenas do Palmeiras, que tem 184 mil.

“Cada vez mais temos tentado identificar as expectativas individuais de nosso quadro de sócios, buscando atender aos mais diversos públicos. Cada sócio tem a sua expectativa. E, para isso, já estamos programando novas ações de engajamento e interações para o segundo semestre", afirma Pedro Azambuja, diretor executivo de B2C do Internacional.

Clubes passaram a terceirizar operação com sócios-torcedores

Nos últimos anos, empresas segmentadas para gestão esportiva se especializaram em modelos europeus e passaram a funcionar como elo entre as agremiações esportivas e os fãs, criando mecanismos e ações junto aos sócios. São os casos da End to End, presente em clubes como Palmeiras, Atlético-MG, Grêmio, Botafogo e Red Bull Bragantino, e a Somos Young, parceira das gestões de Cruzeiro, Vitória, Vasco e Sport.

No RB Bragantino, por exemplo, o acesso é às experiências do mundo Red Bull e a oportunidade de uma viagem internacional para conhecer outros clubes do ecossistema.

“Os clubes tentam agregar valor e trazer os sócios cada vez mais para perto, com conteúdo exclusivo, oferecimento de experiências e parceiros de benefícios com ofertas melhores para uso, dado que o uso destes descontos ainda é incipiente. O maior valor dos planos de sócio nunca deixará de ser o ingresso, mas os programas têm ganhado robustez de ativos nos últimos anos", analisa Henrique Guidi, Diretor de Negócios do Grupo End to End, hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo.

Para Henrique Borges, VP executivo de vendas, marketing e novos negócios na Somos Young, empresa que atua no atendimento a sócios-torcedores de clubes como Cruzeiro, Vitória, Vasco e Sport Recife, a evolução dos programas de sócio-torcedor mudou a forma como os clubes enxergam o mercado.

"Hoje, eles já perceberam que oferecer apenas o acesso garantido aos jogos não é suficiente para atrair novos membros, até porque essa vantagem é limitada pela capacidade do estádio. Os times entenderam que o torcedor precisa ser o foco das estratégias e, para isso, é fundamental conhecê-lo bem, analisando seu perfil e oferecendo um bom atendimento. Nesse contexto, o uso da inteligência artificial e a análise de dados assumem o protagonismo, porque são ferramentas que tornam as ações mais precisas e ágeis”, acrescenta.

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